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Há algumas décadas Wade Davis foi até o Haiti investigar mais sobre o processo vodu praticado pelos bokor, feiticeiros locais. Apaixonado por botânica, seu objetivo era descobrir como funcionavam as plantas que estes bokor utilizavam em seus rituais de magia negra para promover a zumbificação. Isso mesmo que você ouviu, zumbificação, tornar alguém zumbi. Apesar de muitas das histórias contadas não passarem de fruto do folclore haitiano, algumas faziam verdadeiro sentido. Após pesquisar, Davis escreveu um livro chamado The Serpent and The Rainbow que, mais tarde, baseou o filme A Maldição dos Mortos Vivos. Antes de dar mais detalhes do assunto, preciso informar que este estudo foi reconhecido pela Universidade de Harvard e que tem total respaldo cientifico, nada neste vídeo é ficção.

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No livro de Davis ele narra diversos casos de pessoas que faleceram, foram devidamente sepultadas e, anos depois, reapareceram vivas, porém lesadas, desmemoriadas, como mortos-vivos. Um destes casos foi o de Felicia Felix-Mentor que, em 1936, foi encontrada vagando pelas ruas 30 anos após sua morte. Ela havia sido enterrada, sepultada, várias testemunhas puderam atestar que ela havia morrido, porém todos foram enganados. Infelizmente, Felicia faleceu pouco tempo depois de ser encontrada, intrigando a todos com o que lhe aconteceu nesses 30 anos, ela estava desmemoriada, lesada e mal sabia quem era. Outro caso conhecido foi o de Clairvius Narcisse que hipoteticamente faleceu em 1962 e também foi sepultado, sua morte foi encomendada a um Bokor por um de seus irmãos, porém como este feiticeiro não era bobo, tornou Narcisse um zumbi e o colocou para trabalhar junto com diversos outros em suas plantações, porém este bruxo faleceu dois anos depois, condenando Narcisse a viver vagando por ai por quase 20 anos até que foi reconhecido por um parente. E por último, um caso relativamente recente ocorreu com Wilfrid Doricent que foi dado como morto aos 17 anos em 1998, porém 18 meses depois ele reapareceu, vivo, depressivo e com a mente lesionada. Após exames, foram encontradas lesões gravíssimas em seu cérebro causadas pelo tempo que ficou sem ar no caixão, após investigações descobriu-se que inimigos de seu pai encomendaram a zumbificação do jovem como forma de retaliação. Após o ocorrido, Doricent teve de ser mantido amarrado e preso para que não tentasse suicídio, assim nunca mais voltando ao seu estado normal.

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Mas o que os Bokor faziam para terminar com a vida de suas pobres vítimas? Aqui não há nada de misticismo, macumba ou feitiçaria, na verdade estes feiticeiros eram especialistas em toxinas e conheciam muito bem os efeitos de uma neurotoxina marinha chamada tetrodoxina, este veneno, por assim dizer, é comumente encontrado em peixes como baiacus, por exemplo. Esta substancia, quando administrada na exata dose, é capaz de manter alguém em estado de letargia por horas, simulando a morte. Depois que a vítima é dada como morta e devidamente sepultada, estes feiticeiros desenterram o corpo e lhes dão um tipo de antídoto feito a partir de uma planta chamada Datura stramonium que contém atropina e anula a letargia, assim retornando a vida. Porém sua mente mantém-se entorpecida, tornando a vítima manipulável e vulnerável, um verdadeiro zumbi vagante nas mãos destes feiticeiros das trevas.

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Por mais desconhecida, esta prática sempre foi extremamente comum no Haiti, existem histórias terríveis oriundas desta pratica passional e meticulosamente planejada, diversas mulheres inclusive foram mantidas como escravas sexuais graças a esta toxina e os Bokor. Isto também esteve muito presente durante a Independência do país quando o veneno era utilizado em fazendas inteiras dominadas pelos franceses, mais de seis mil mortes foram registradas desta maneira. Um fato bizarro é que antigamente, dentro de seu código penal, o país reconhecia esse tipo de prática e a condenava, alegando ser homicídio desde que o mesmo fosse enterrado, independente se voltasse a vida após isso. Esta era o exato trecho: “É também considerado tentativa de homicídio o uso que pode ser feito a qualquer pessoa de substancias que, sem causar morte, produz mais ou menos prolongado coma letárgico. Se após a administração de tais substâncias a pessoa for enterrada, o ato será considerado assassinato, não importa o que aconteça depois.”.