Todos sabemos que viver com deficiência visual é um desafio gigantesco, por isso recursos como bengalas, sinaleiras informativas e cães-guia são de suma importância para facilitar a vida de quem não pode ver. Mas afinal, você sabe como os cães-guia para deficientes visuais são treinados? Nós contamos pra você!
Existem centros de treinamento especializados em todo o mundo para que os cães possam ser corretamente ensinados a auxiliar no dia-a-dia de seus donos. Infelizmente, hoje no Brasil a demanda é muito maior que a oferta, enquanto um centro consegue treinar cinco cães por ano, existem mais de 8 mil pessoas na fila de espera. Uma curiosidade interessante é que escavações em Pompeia, na Itália, mostraram que os cães eram utilizados como guias desde 79 d.C. Mas e o treinamento, como funciona?
Assim que o cãozinho completa 3 meses de vida se inicia a primeira fase do treinamento que dura até o mesmo chegar ao primeiro ano de vida. Durante este período, o cachorro precisa ser adotado por uma família provisória que apresente o pequenino às situações do dia a dia, é nesse período que eles aprendem a se socializar. É preciso que ele acompanhe seu humano até o trabalho, caminhe por vias públicas e conviva com outras pessoas. Então, ao comemorar seu primeiro aniversário, o cãozinho é devolvido ao centro de treinamento onde aprende os primeiros comandos.
Nessa fase, ele começa a utilizar a guia, um acessório semelhante a um colete que possui uma alça rígida que serve para se comunicar com o humano. Assim, ele aprende que enquanto estiver de guia, está trabalhando e que quando retira-lo, pode brincar e se divertir como todo bom cãozinho merece. Este treinamento dura de cinco a oito meses e é composto por verbalização e repetição. Um dos pontos mais importantes é aprender a andar em linha reta e para isso, quando ele desvia o caminho o treinador simplesmente para de andar e o exercício é repetido até que ele compreenda o que deve fazer.
Também é importante ensina-lo a parar no meio-fio e para isso é preciso um incentivo físico, o treinador deve colocar a mão e fazê-lo abaixar quando chegar neste ponto. Esta ação também serve para que o cachorro entenda quando seguir em frente, ou seja, que só pode andar quando os carros pararem. Por último, ele precisa ser levado a diversos lugares para que possa aprender o caminho. É importante que, sempre ao chegar ao local de destino, se pronuncie seu nome para que o cão consiga fazer a associação de palavra e local. Ou seja, ele aprenderá que sempre que ouvir a palavra farmácia, deverá levar seu dono até a farmácia que lhe foi apresentada.
Outra parte de extrema importância do treinamento é ensinar o pequenino a desobedecer de forma inteligente, ou seja, a perceber o perigo e ignorar os comandos para, assim, evitar acidentes. Ele precisa saber reconhecer buracos e irregularidades para parar e desviar mesmo quando receber o comando de andar. É muito importante que o deficiente visual também aprenda a confiar em seu guia e não forçar a barra, assim agindo como um time. Assim que o cão é devidamente habilitado e começa a trabalhar com seu dono, por um mês ele precisa ter acompanhamento do centro de treinamento para que os dois se adaptem. Caso isso não ocorra, o processo é imediatamente pausado.
Vale lembrar que os cães-guia continuam tendo seus instintos, por isso todos precisam ser castrados e aprender a se alimentar e fazer as necessidades nos momentos corretos. Uma vez por ano o centro de treinamento volta a acompanhar cada caso para verificar se já está na hora do cãozinho se aposenta, inclusive após seu aniversário de 9 anos as visitas do centro se tornam mais regulares, de seis em seis ou de quatro em quatro meses. Existem cães-guia que trabalharam até seus 12 anos, após isso é comum que seus donos mantenham o cão, porém ele não pode mais trabalhar. Caso a família não tenha como ficar com ele e mais um cão-guia, ele volta para o centro e entra na fila de adoção.
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