Reza a lenda que um velho que enfrentava uma tristeza insuportável, com uma expressão extremamente pesada em seu rosto, vagava sem rumo pelas ruas em uma pequena cidade do norte-americana, nos Estados Unidos. Este velho tinha esquecido por muito tempo do motivo pelo qual andava e sempre alimentava uma incerteza familiar a todo ser humano, a incerteza de não saber o que esperar o fazer da própria vida.
Então uma noite, o homem velho e decrépito vagava por um beco escuro que dava para uma encruzilhada. Sem um rumo certo, perdido e esquecido, jogado à noite obscura que devorava sua alma, de repente, escutava uma voz, à primeira vez, distante, indistinguível, porém aumentou consideravelmente em pouco tempo, de modo que se tinha a ilusão de que se aproximava dele. Enquanto isso, em meio à penumbra, o homem deprimido avistou a silhueta de uma mulher que cantava suas palavras e saltitava, dançava. Veio em sua direção e o disse estas palavras: “– Me diga, qual o seu terceiro pedido?”
O velho, não acreditando no que via, forçava seus olhos cansados para enxergar a figura feminina que se dirigia a ele. Continuou andando, passando direto por esta, achando que se tratava de uma miragem ou alucinação, afinal de contas, sua mente já era povoada de muitas conversas, devaneios, loucuras, pessoas, imagens e distorções, porém nada, exatamente nada fazia sentido em sua cabeça, somente fragmentos. Mesmo assim, a mulher foi atrás dele, e dançava cantarolando alegremente as mesmas palavras em torno do velho homem: “– Agora, me diga seu terceiro pedido. O que será?”
O homem, já muito irritado, parou. Ao tentar manter a visão fixada na mulher descontrolada, proferiu a pergunta:
“- O que você quer afinal de contas, mulher? Mas que diabos!?”
E ela novamente disse, seguindo o ritmo de uma canção:
“- Seu terceiro pedido…”
“– Terceiro pedido?” A confusão tomava os sentidos do velho. “Como?? Um terceiro pedido, se nem ao menos tive um primeiro ou segundo?”
“- Seus dois primeiros pedidos já se foram” cantarolou a figura feminina “seu segundo pedido foi para que eu fizesse com que tudo voltasse a ser como antes que fizesse seu primeiro pedido. Por isso que o senhor não consegue se lembrar do porquê vaga tão solitário; porque seu pedido se concretizou.”
Continuou, incentivando o pobre e confuso velho. “- Então, ainda sobra um pedido. O que será?”
“– Sem problemas…” disse o homem, “Não tenho superstições, porém não tenho nada a perder, também… Meu pedido para você é que desejo saber quem sou eu.”
“– Interessante,” a mulher disse, ao concretizar o desejo, desaparecendo gradativamente. “Este foi seu primeiro pedido… adeus!“
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