Como você se sentiria sendo a última pessoa na Terra que fala a sua língua? Para aqueles de nós cujas línguas nativas têm milhões de falantes é quase impossível imaginar um cenário como esse. No entanto, muitas línguas já surgiram e desapareceram ao longo da história humana, sendo que esse ritmo continua até os dias atuais. Alguns linguistas estimam que dos cerca de 6.900 idiomas registrados em todo o mundo, mais da metade correm o risco de desaparecer até o final do século XXI. Mas por que essas línguas simplesmente morrem?
Às vezes os idiomas morrem em um curto período de tempo. Isso pode acontecer quando pequenas comunidades de falantes são exterminadas por desastres naturais ou até mesmo por guerras. Em El Salvador, por exemplo, as comunidades indígenas Lenca e Cacaopera abandonaram suas línguas para evitar que fossem identificados como índios depois de um massacre que aconteceu por volta de 1932, no qual tropas salvadorenhas mataram dezenas de milhares de camponeses majoritariamente indígenas para acabar com uma revolta em ascensão.
A maioria das línguas, porém, desaparece gradualmente à medida que sucessivas gerações de falantes se tornam bilíngues e começam a perder a proficiência e o interesse em suas línguas tradicionais. Isso geralmente acontece quando os falantes buscam aprender uma língua mais prestigiada, com o objetivo de obter vantagens sociais e econômicas ou para simplesmente evitar a discriminação.
O desaparecimento gradual do Copta como língua nativa do Egito, após a ascensão dos árabes no século VII, é um exemplo desse tipo de transição linguística. Até mesmo a modernidade e a globalização forçam de alguma maneira essa troca, basta ver como várias pessoas ao redor do mundo enfrentam uma certa pressão para adotar as linguagens comumente usadas em áreas do comércio, tecnologia, entretenimento e diplomacia.
Mas ainda pode existir vida após a morte de um idioma? Em alguns casos sim! Pessoas dedicadas exclusivamente à isso conseguem muitas vezes reviver as línguas como uma questão de identidade regional ou étnica. O exemplo mais notável disso é o hebraico, que desapareceu como uma linguagem coloquial no século II dC, embora ainda continuasse a ser usada como língua religiosa. A língua falada foi revivida de uma forma modernizada nos séculos XIX e XX e é hoje a língua materna de milhões de pessoas que vivem em Israel.
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