No dia 2 de janeiro de 1935 um homem chamado Roland T. Owen se hospedou no quarto 1046 do President Hotel, em Kansas City, no estado americano do Missouri. Ele pediu um quarto que tivesse a vista virada para o pátio interno do hotel e não para a rua. Sua única bagagem era uma escova de dentes e um pente, sendo que esses objetos estavam nos bolsos de seu casaco preto. Ele também foi visto conversando com o mensageiro do hotel, falando sobre os preços exorbitantes de um hotel vizinho.
Segundo os funcionários do hotel, Owen era um convidado estranho. Mary Soptic, empregada responsável pela limpeza de seu quarto, disse mais tarde à polícia que ele mantinha o quarto totalmente escuro, com as cortinas fechadas e apenas uma lâmpada de mesa acesa. Em seu primeiro dia no quarto, após Mary terminar de fazer uma pequena limpeza no local, Owen disse à empregada para deixar a porta aberta porque ele estava esperando um amigo. Segundo ela, Roland parecia assustado.
No dia seguinte, 3 de janeiro, quando Marry estava no quarto 1046 para fazer uma outra limpeza, ela disse que Roland recebeu um telefonema. “Não, Don, não quero comer. Não estou com fome. Acabei de tomar café da manhã”, disse ele ao telefone. Mais tarde, Mary voltou com toalhas limpas, depois de ter levado as do quarto para a lavanderia naquela manhã. No entanto, quando ela bateu na porta desta vez, ela ouviu duas vozes no quarto. Quando ela anunciou que tinha toalhas limpas, uma voz alta mandou ela sair, alegando que eles tinham toalhas suficientes. Embora soubesse que havia retirado todas as toalhas do quarto naquela manhã, Mary deixou os dois homens sozinhos, sem querer se intrometer no que era claramente uma conversa confidencial.
Naquela mesma tarde, o President Hotel recebeu mais dois convidados. O primeiro foi uma mulher chamada Jean Owen, que não tinha parentesco com Roland, apesar do mesmo sobrenome. Ela tinha vindo a Kansas City para encontrar seu namorado naquele dia e decidiu ficar por lá ao invés de dirigir para sua cidade natal, que ficava nos arredores. Ao se registrar no Hotel President, Jean Owen recebeu a chave do quarto 1048, bem ao lado do quarto 1046 de Roland. Ela disse ter escutado muito barulho proveniente de discussões entre homens e mulheres que falavam em voz alta.
A outra hóspede era uma mulher que costumava frequentar os quartos dos clientes do hotel durante a noite. Na noite de 4 de janeiro, ela entrou no hotel em busca de um homem no quarto 1026. No entanto, a mulher não conseguiu encontrar a pessoa que estava procurando. Depois de procurar por mais de uma hora, em vários andares, ela desistiu e foi para casa. Ambas as declarações das mulheres levantariam mais dúvidas sobre o os reais objetivos do homem no quarto 1046.
Na manhã seguinte, a telefonista do hotel percebeu que o telefone do quarto 1046 estava fora do gancho por cerca de dez minutos, sem que ninguém o usasse. O mensageiro subiu para verificar e notou que a porta estava trancada, com uma placa de “não perturbe” pendurada na maçaneta da porta. Após bater na porta e não obter resposta, o mensageiro usou uma chave mestra para entrar e viu Roland deitado na cama totalmente nu e aparentemente bêbado. Sem querer se intrometer, o mensageiro simplesmente colocou o telefone de volta no gancho e trancou a porta.
Para sua surpresa, uma hora depois, a telefonista ligou novamente. O telefone estava novamente fora do gancho. Desta vez, quando o mensageiro abriu a porta, ele teve uma infeliz surpresa ao se deparar com um verdadeiro banho de sangue. Roland tinha sido amarrado no canto da sala com a cabeça entre as mãos e havia recebido várias facadas. As toalhas e as paredes estavam sujas de sangue. O mensageiro imediatamente chamou a polícia, que levou Roland diretamente ao hospital, onde os médicos descobriram que ele havia sido torturado violentamente. Além das facadas, ele também tinha um pulmão perfurado e o crânio fraturado. Apesar de ter sido levado ainda com vida ao hospital, Roland T. Owen foi declarado morto pouco depois de chegar na emergência.
Quando os investigadores vasculharam o quarto na busca de evidências, a situação ficou ainda mais sinistra. Não haviam roupas deixadas no cômodo e os produtos de limpeza fornecidos pelo hotel, como sabão e pasta de dente, também haviam sumido, assim como qualquer coisa que pudesse ter sido a arma do crime. A única coisa que os detetives descobriram foram quatro pequenas impressões digitais no telefone, mas elas nunca foram identificadas. O caso ficou ainda mais bizarro quando os detetives descobriram que Roland T. Owen, na verdade, nunca existiu. Não havia nenhum registro que pudesse sugerir que tal homem vivia em qualquer lugar dos EUA, fazendo com que os policiais viessem pedir ao público para dizer que qualquer informação que pudesse ajudar a descobrir quem era a misteriosa vítima do assassinato seria muito bem vinda.
Pouco tempo depois, o hotel vizinho pelo qual Roland havia se queixado dos preços emitiu um comunicado dizendo que um homem que correspondia à descrição fornecida pela polícia tinha se hospedado no hotel no dia 1º de janeiro. Ele havia se registrado sob o nome de Eugene K. Scott. No entanto, após uma investigação mais aprofundada, a polícia também chegou à conclusão de que nenhum homem chamado Eugene K. Scott tinha qualquer registro que provasse a sua existência.
Um ano depois, uma mulher chamada Ogletree alegou que Owen / Scott era seu filho, que estava desaparecido há anos. Ela disse que seu nome era Artemis Ogletree e que ele estava hospedado em outro hotel na área de Kansas City no momento em que desapareceu. Embora não houvesse nenhuma evidência que comprovasse isso, a polícia acabou acreditando nela, mas isso não trouxe nenhum avanço no decorrer das investigações. Por isso, o caso permanece até hoje sem solução, fazendo com que o departamento de polícia de Kansas City tenha cada vez menos esperanças de descobrir o que realmente aconteceu no quarto 1046.
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