Nos últimos anos, vários estudos têm revelado que os navios de cruzeiro contribuem para uma parcela significativa dos atuais níveis de poluição atmosférica e emissões de gases do efeito estufa. Na verdade, um navio de cruzeiro pode chegar a emitir a mesma quantidade de partículas poluentes produzidas por milhares de carros! Mas uma linha de cruzeiros norueguesa, a Hurtigruten, busca combater esse problema usando um combustível produzido a partir de peixes mortos.
Por mais estranho que isso possa parecer à primeira vista, esse método tem demonstrado ser incrivelmente eficaz, especialmente em países como a Noruega, onde o desperdício de peixes é algo bastante rotineiro. A extensa indústria pesqueira da Noruega produz resíduos de peixe suficientes para se transformar em uma pioneira na produção desse tipo de combustível, conhecido como biogás líquido.
O biogás líquido pode ser criado através da mistura de partes indesejáveis dos peixes com outros resíduos orgânicos, como aparas de madeira. Quando a mistura de matéria orgânica é decomposta sem oxigênio, uma mistura de diferentes gases é produzida, a qual é composta principalmente de metano e dióxido de carbono, podendo então ser purificada e liquefeita em um combustível utilizável. A Hurtigruten afirma que que essa técnica poderá mudar o rumo da emissão de gases poluentes produzidos por navios, por isso ela pretende implementar esse combustível inovador em suas operações de uma forma gradual. De fato, a Hurtigruten poderá ser a primeira empresa de cruzeiros a abastecer seus navios com um combustível livre de fósseis.
Mas apesar de todas as vantagens apontadas, ainda existem algumas desvantagens na prática. Por exemplo, o processo de criação do combustível é incrivelmente fedorento. Mesmo quando o resíduo de peixe não é usado na mistura da matéria orgânica, o biogás criado no processo ainda contém pequenas quantidades de sulfeto de hidrogênio, que apresenta um odor semelhante ao de ovos podres. Além disso, o processo de produção de biocombustíveis líquidos não é completamente “verde”, pois certas quantidades de dióxido de carbono ainda são produzidas, ainda que sejam significativamente menores em comparação com outros métodos de produção de combustível.
No entanto, a empresa com 125 anos de existência espera que a expansão contínua do uso de biogás líquido ajude a Hurtigruten a atingir a sua meta de neutralidade de emissão de carbono até 2050.
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