Era véspera de Natal em Grass e mais uma vez cinco crianças estavam desaparecias e cinco famílias passavam sua ceia em prantos, isso porque sabiam que seus pequenos não poderiam fazer o mesmo. Há 4 anos a história se repete na pacata cidade onde poucas pessoas vivem. Por lá existe uma pequena mineradora de carvão e todos os que vivem lá trabalham na mina ou possuem algum familiar que desempenhe o papel. A cidade pode ser pequena, porém todos são pessoas muito boas. Durante todo o ano a energia é leve, a cidade está sempre enfeitada para as datas comemorativas, sejam elas Halloween, ação de graças, páscoa e o Natal não seria diferente. Todas as casas possuem em suas fachadas luzes que piscam, bonecos de neve e claro, belíssimos Papais Noeis e suas renas e trenós repletos de embrulhos e presentes cenográficos.
Porém, este ano algo estava diferente. Havia uma nova chefe de polícia, vinda da cidade grande com esperanças de viver na calmaria e tranquilidade. Infelizmente, suas esperanças se foram ao descobrir desses terríveis desaparecimentos e seus trágicos desfechos, sempre nas vésperas de Natal. Alguns dias da data a Prefeitura da cidade já havia emitido avisos e definido um toque de recolher. Além disso, os poucos patrulheiros que Grass possuía foram ordenados a rondar a cidade 24h em busca de qualquer movimento, qualquer barulho, qualquer ser que estivesse fora de sua casa após as 20h sem justificativa. Desta vez nada deveria dar errado. Mas deu, miseravelmente. Julie, Max, Anna, Joane e Laurel foram levados, todos com 7 anos, como sempre.
Jack, a delegada, estava furiosa, pronta para arrancar a cabeça do culpado pelos crimes. Ela não dormia há noites e caminhava pelas ruas em busca do criminoso, procurando pistas de mais um crime indecifrável. Ela sempre foi implacável, ninguém passava impune por ela. Todos os crimes que ela pegou em toda a sua carreira foram resolvidos mais cedo ou mais tarde, porém este a intrigava. Não havia uma pista sequer, todas as crianças sumiram ao mesmo tempo em suas casas, em suas camas. Não haviam marcas, não haviam fios de cabelo, digitais. As famílias não ouviam barulhos. Nada. Como sempre. Todos os últimos anos, sempre igual, não havia um erro. Um deslize. Sua esperança era saber que ele precisava estar em algum lugar com essas crianças, porém Jack sabia que não tinha tanto tempo assim.
Eram 20h da noite e sempre, categoricamente, os corpos eram deixados, sem olhos, as 00h01 de Natal aos pés de alguma árvore mãe da cidade. Ao todo haviam 13 árvores mãe, que eram as maiores e foram as plantadas pelos pioneiros no dia que chegaram a cidade séculos antes. Para que o criminoso não fosse visto trazendo os corpos, ele só poderia ficar na floresta, por isso Jack agora se encontrava vistoriando cada centímetro daquele local na escuridão sombria da noite. A crueldade do vilão era tamanha que os olhos dos pequenos eram enviados as famílias em belos pacotes de presentes na manhã de Natal, só para você ter ideia de quão sádico era o terrível serial killer. Isso deixava Jack doente, talvez por seu passado, não se sabe dizer ao certo. Agora a delegada estava próxima a uma entrada escura e um ponto verde chamou-lhe atenção. Cautelosamente, ela se aproximou para ver e percebeu que era uma espécie de pelo. Foi quando tudo ficou escuro.
Quando Jack acordou, estava presa no interior escuro de uma caverna úmida, algo escorria por seu corpo que ela constatou ser água… Ela congelava. Foi quando ouviu uma voz familiar e não apenas seu corpo congelou como seu sangue também. ‘Olha só quem volto ao ninho’ disse uma voz grave, rouca, gélida. Neste momento a delegada relembra de memórias reprimidas no fundo de sua mente, memórias que jamais gostaria de lembrar se tivesse qualquer opção. Essas lembranças ocorreram ali naquela mesma cidade, naquelas mesmas ruas e por fim, naquela mesma caverna. Com mais 4 crianças, quando tinha apenas 7 anos de idade. Jack sempre foi forte, astuta e inteligente. Enquanto sua melhor amiga tinha seus olhos arrancados por um gancho e grunhia de dor, ela se desvencilhou de suas amarras e correu como nunca havia feito antes. Informou a vila o que ali ocorria, porém quando todos chegaram já era tarde, nada mais havia na caverna.
A pequena Jack inconsolável não conseguia mais viver, afinal não pode salvar seus amigos, por isso seus pais a passaram por um processo de hipnose de esquecimento e a levaram para viver na cidade grande enquanto o monstro repousou por 30 anos. Monstro. Que monstro terrível é esse? Lembra de mim, Jack? Disse ele novamente. Sou eu, querida. Seu amigo, o Grinch.