Desde quando eu era criança, sempre me disseram para não jogar plástico na natureza, pois levaria muito tempo para ele se decompor. De fato, eu tenho certeza de que você muito provavelmente já ouviu algo parecido de seus pais ou professores. Mas afinal, por que o plástico demora todo esse tempo para se desfazer?
Basicamente, o plástico não se decompõe rapidamente porque não existem microorganismos capazes de quebrar as suas ligações químicas, que podem demorar mais de 200 anos para serem completamente destruídas. Vale lembrar que o plástico é um material sintético e relativamente novo, o que faz com que as bactérias não tenham a capacidade de biodegradar os polímeros plásticos em moléculas menores. No entanto, isso não quer dizer que absolutamente nada pode biodegradar esse material.
Felizmente, existem outros mecanismos para quebrar o plástico em moléculas menores, sendo o principal a chamada “fotodegradação”, onde os raios UV da luz do sol (ou de outra luz específica) quebram as ligações que prendem a cadeia dos polímeros moleculares. Em outras palavras, a luz consegue degradar a matéria em vários pedaços menores, que em determinado momento poderão ser utilizados por plantas ou microorganismos. De fato, isso é bom, mas esse processo é muito mais lento do que se tivéssemos bactérias para nos ajudar.
O grande problema com a fotodegradação é que ela requer a luz solar, por isso, se o plástico estiver enterrado, ele ficará intacto por muito tempo! Dessa forma, o plástico só irá se decompor mais rápido caso esteja flutuando na água, por exemplo. Estudos apontam que alguns materiais desse tipo podem ser decompostos pela fotodegradação depois de flutuar no mar por aproximadamente cinco anos, mas isso não quer dizer que devemos jogar plástico no oceano para que ele se decomponha. O plástico oceânico é um grande problema para os animais marinhos que podem ficar presos nele ou até mesmo ficar doentes ao comê-lo. Além disso, mais da metade de todo o plástico que vai para o mar acaba indo para o fundo do oceano, onde praticamente não há luz solar para quebrar as suas moléculas, então ele pode ficar lá por muito mais tempo que o esperado.
Como já deu para perceber, jogar plástico diretamente na natureza é algo extremamente prejudicial ao meio ambiente. Alguns locais contam com usinas específicas para sua reciclagem, mas esse material ainda costuma ser queimado, o que também prejudica a natureza através da poluição do ar. Desse modo, só nos resta esperar que a reciclagem bacteriana seja possível no futuro, mas é preciso ter em mente que muitos desafios ainda precisam ser superados antes que essa técnica seja viável.
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