À medida que as temperaturas globais sobem, o solo congelado que cobre uma boa parte das latitudes do norte do mundo está descongelando. Isso pode não parecer tão importante à primeira vista, mas como o nosso gelo subterrâneo se transforma em lama através desse processo, isso acaba expondo várias ameaças ocultas ao nosso clima e ecossistemas. Para entender melhor o que está acontecendo, grupos de conservação ambiental passaram a estudar de uma forma mais profunda o chamado “permafrost”, cujas características vamos explorar ao longo desse post.
Em termos básicos, o permafrost é um tipo de solo que tem estado congelado por um período contínuo que pode variar entre dois a centenas de milhares de anos. Esse solo permanentemente congelado é mais comum em regiões com altas montanhas e em latitudes mais altas da Terra, perto dos pólos norte e sul. De fato, quase um quarto da área terrestre do hemisfério norte é constituída por alguma parte de permafrost.
Mas embora o solo esteja congelado, as regiões de permafrost nem sempre estão cobertas de neve. Isso acontece porque ele é feito de uma combinação de solo, rochas e areia que são mantidos juntos pelo gelo, o que na prática serve como uma espécie de “concreto natural”. Perto da superfície, os solos de permafrost também contêm grandes quantidades de carbono orgânico, que é proveniente do material orgânico que restou de plantas mortas que não podiam se decompor ou apodrecer devido ao frio extremo. Já as camadas inferiores do permafrost contêm partes feitas principalmente de minerais.
Nos últimos anos, vários cientistas resolveram estudar esse tipo de solo mais detalhadamente para tentar entender melhor as mudanças climáticas do planeta, já que à medida que o clima da Terra aquece, o permafrost descongela cada vez mais. Na prática, isso significa que, quando o gelo dentro do permafrost derrete, ele acaba deixando para trás água líquida e um solo totalmente “solto”, o que pode causar impactos muito negativos em nosso planeta. Para se ter uma ideia, muitas vilas do norte são construídas sobre esse tipo de solo, o que pode ser um grande problema. Quando o permafrost está congelado, ele é mais duro que o próprio concreto, mas o seu derretimento pode ser tão grave ao ponto de destruir casas, estradas e qualquer outro tipo de edificação nas proximidades.
Além disso, quando o permafrost descongela, o material vegetal no solo (carbono orgânico) não pode se decompor ou apodrecer. Mas quando ele descongela, micróbios começam a decompor este material em um processo que libera gases de efeito estufa para a atmosfera, como dióxido de carbono e metano. O mesmo acontece com bactérias e vírus antigos no gelo e no solo, que quando descongelados podem deixar humanos e animais muito doentes. Por causa desses perigos, os cientistas estão monitorando de perto o permafrost da Terra. Os pesquisadores podem até fazer o uso de dados de satélite para observar grandes regiões de permafrost que seriam difíceis de estudar a partir do solo.
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