A Embraer é uma fabricante de aviões brasileira que nos últimos anos tem figurado na parte de cima das listas das maiores produtoras de jatos comerciais do mundo. Ao longo de sua história, a Embraer se tornou motivo de orgulho para muitos brasileiros, que conseguiram testemunhar a acensão de uma empresa nacional em um nicho tão competitivo e complexo quanto o mercado da aviação. Mas você sabe como tudo isso começou? Conheça a seguir um pouco da história da Embraer e como ela moldou o mercado de aeronaves no Brasil.
Desde a década de 1950, o governo brasileiro já havia demonstrado ter o interesse de fazer vários investimentos na área da engenharia aeronáutica com o objetivo de criar uma fabricante de aeronaves 100% nacional. No entanto, foi somente em 1969 que a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) foi criada como uma corporação de propriedade do governo vinculada ao Ministério da Aeronáutica, tendo como seu primeiro presidente o engenheiro Ozires Silva. O primeiro projeto da Embraer, o EMB-110 Bandeirante, foi o primeiro avião produzido no Brasil. Contando com dois motores turboélice, o avião podia transportar até 21 passageiros e logo de início já havia despertado o interesse de algumas companhias aéreas dos EUA que operavam rotas curtas. Naquela mesma época, a Embraer também desenvolveu versões militares desse avião incrivelmente versátil.
O governo brasileiro contribuiu para o crescimento inicial da Embraer ao fornecer vários contratos e licenças de produção. A empresa aumentou a sua linha de produtos e em 1985 fez sucesso ao lançar um avião comercial para linhas regionais, que por sua vez era muito promissor para a época: o Embraer EMB 120 Brasilia. Voltado para o mercado de exportação, este avião se tornou o primeiro dos pequenos aviões de passageiros da Embraer a ter um grande sucesso, tanto no Brasil quanto no exterior.
A Embraer havia lucrado desde o seu segundo ano de operação, mas acabou registrando uma grande perda anual em 1981. Em 1982, a Embraer tinha 6 mil trabalhadores e já produzia cerca de 2.500 aeronaves. Na época, a empresa também estava desenvolvendo uma versão para vigilância marítima do Bandeirante. No entanto, a indecisão dos clientes na hora de adquirir as aeronaves e os vários cancelamentos de pedidos acabavam atrapalhando a negociação e consequentemente a produção de aeronaves. A vantagem da empresa era que, mesmo com as graves crises econômicas que atingiam o Brasil na década de 80, as barreiras comerciais do governo acabavam protegendo o mercado doméstico da empresa.
No entanto, a recessão que se originou com a Guerra do Golfo anos depois acabou afetando a indústria da aviação no mundo todo, de modo que a Embraer logo sentiu o duro golpe financeiro. Em 1994, a empresa estava praticamente falida, perdendo cerca de US $ 337 milhões por ano. Para tentar resolver o problema, o governo brasileiro resolveu privatizá-la, o que rendeu aproximadamente R$ 154 milhões para a União.
Com a privatização, a empresa passou por um minucioso processo de reestruturação e novos projetos vieram a ser apresentados para chamar a atenção de possíveis clientes. Entre os novos projetos estava o ERJ-145, um avião projetado para a aviação regional com propulsão a jato e um tamanho maior que o convencional. O sucesso do projeto foi tão grande que ele se tornou um dos principais fatores que ajudaram a tirar a empresa da situação econômica complicada em que operava.
O sucesso do ERJ-145 continuou com os modelos sucessores ERJ-170 e ERJ-190, que se tornaram os “queridinhos” de empresas aéreas de todo o mundo cujo foco era destinado ao mercado regional de baixo custo operacional. Tal sucesso levou ao surgimento de uma “rixa” entre a Embraer e a canadense Bombardier, sua rival de longa data. Ao longo da história, uma sempre acusava a outra de prosperar economicamente às custas dos subsídios do governo, o que de certo modo sempre ficou evidente em ambos os casos.
Recentemente, a empresa virou manchete nos jornais por conta do anúncio de um acordo com a Boeing para a criação de uma joint-venture na qual empresa brasileira poderá responder por 20% da participação nos negócios. Tal acordo tem gerado controvérsias até hoje devido as diferentes opiniões de especialistas e até mesmo do grande público sobre o tema. Enquanto alguns acreditam que o acordo pode resultar na extinção de milhares de postos de trabalho no Brasil e na perda de uma das poucas grandes empresas bem sucedidas do país, outros sugerem que a aliança poderia aumentar o capital da empresa e diminuir o risco de uma eventual falência no futuro. Curiosamente, a sua eterna rival Bombardier passou por um processo semelhante alguns anos atrás ao se unir com a Airbus.
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