Se analisarmos o fato de que herbicidas tecnologicamente avançados são bastante comuns hoje em dia, parece muito improvável que qualquer planta possa causar grandes problemas socioeconômicos, pelo menos nos países desenvolvidos. No entanto, é exatamente isso o que torna a reynoutria japonica tão fascinante. Apesar dos melhores esforços da humanidade em erradicar ou pelo menos controlar esta planta invasora, ela continua a se espalhar pela Europa e América do Norte, causando sérios danos.
Quando o renomado importador de plantas da Baviera, Phillip von Siebold, levou para a Europa algumas amostras da reynoutria japonica para a feira de plantas de Utrecht, na Holanda, em meados da década de 1840, ninguém imaginava que ela acabaria se tornando uma ameaça global. Apesar dos registros de jardineiros experientes expressando suas preocupações sobre o potencial invasor da planta, ela foi vendida em toda a Europa por quase um século, até que todos finalmente perceberam o “monstro que havia sido criado”, o que de certo modo já era tarde demais para se fazer algo a respeito.
A maneira pela qual a reynoutria japonica praticamente ocupou a maior parte do Reino Unido é uma prova de seu potencial invasivo. Von Siebold enviou uma única planta para Kew Gardens, em Londres, em 1850, e foram as descendentes daquela mesma planta que conseguiram colonizar a maioria das Ilhas Britânicas. De fato, em 2000, os biólogos analisaram 150 amostras de todo o Reino Unido e concluíram que elas eram todas provenientes da mesma planta que Von Siebold havia obtido há mais de um século. O DNA era idêntico, o que tecnicamente significava que o Reino Unido foi conquistado não por uma espécie, mas por uma única planta!
A reynoutria japonica tem causado problemas ambientais e socioeconômicos por toda a Europa e América do Norte, mas tem se mostrado mais problemática no Reino Unido. Ela cresce em todos os lugares, especialmente nas florestas, nas margens dos rios, nos lados das estradas e nos quintais das residências, sendo que todos os esforços possíveis para erradicar ou controlar a sua disseminação provaram ser inúteis. Apesar de até já existir toda uma indústria construída em torno do combate à essa planta, os especialistas concordam com o fato de que ainda é preciso encontrar uma maneira viável economicamente de combater a tal planta.
Então, por que a reynoutria japonica é tão difícil de ser exterminada ou pelo menos controlada? Bem, os especialistas dizem que isso tem muito a ver com a sua capacidade de reprodução assexuada. Uma nova planta desse tipo pode crescer a partir de um pedaço de raiz do tamanho de uma impressão digital e seus brotos formam redes subterrâneas que são quase impossíveis de serem removidas completamente. Paredes, estradas ou outros tipos de obstáculos não são capazes de impedir seu avanço, já que as raízes das plantas podem atingir profundidades incríveis. Por exemplo, para ter certeza de que todo pedaço de raiz será eliminado de uma propriedade, é preciso cavar um metro e meio de profundidade e descartar completamente essa camada superior de solo em um aterro especialmente designado para obter o resultado desejado, o que pode ser caro e demorado.
Uma possível solução para esse problema seria encontrar algum inseto que pudesse devorar qualquer resquício dessa planta, mas essa ideia esbarra em dois obstáculos. Primeiro, não há inseto, praga ou doença que possa mantê-la sob controle. Além disso, o problema com a introdução de uma nova espécie em um ambiente completamente novo pode desencadear uma série de problemas no ecossistema, o que pode levar até à extinção de outras espécies. Ainda assim, os especialistas estão esperançosos de que descobrirão algum inseto ou praga capaz de pelo menos controlar a propagação da planta e permitir que outras espécies de plantas possam competir pela vida no local.
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