Migingo é uma pequena ilha rochosa com menos de meio hectare (aproximadamente a metade do tamanho de um campo de futebol) que fica localizada no Lago Vitória, o maior lago da África e o maior lago tropical do mundo. Embora pequena em tamanho, a ilha abriga 131 pessoas (segundo o censo de 2009) que vivem em barracas feitas de papelão ondulado e madeira. Mas apesar das péssimas condições de vida, a Ilha Migingo possui cinco bares, um salão de beleza, uma farmácia, vários hotéis e até tem sido motivo de disputa entre Quênia e Uganda.
A maioria dos habitantes da ilha são pescadores e comerciantes de peixes. Os primeiros a chegar por lá foram dois pescadores quenianos, Dalmas Tembo e George Kibebe, que afirmaram ter se estabelecido lá em 1991. Naquela época, a ilha estava coberta de ervas daninhas e infestada de pássaros e cobras. Mais tarde, eles foram acompanhados por 60 membros de seu grupo de pescadores que decidiram se instalar na ilha depois de receber informações de que a área possuía uma grande população do peixe perca-do-nilo. Posteriormente, outros pescadores do Quênia, Uganda e Tanzânia chegaram à ilha, transformando-a em um centro comercial pra lá de curioso.
Todas as manhãs, mais de 100 embarcações trazem seus pescados para pesagem e venda aos compradores. Depois de serem comprados por empresas de processamento de pescados, eles são transportados para o território queniano, de onde são exportados para a União Europeia e outros países. O cobiçado peixe perca-do-nilo é fundamental para a indústria pesqueira multimilionária e vital para a economia de Uganda, Quênia e Tanzânia. De fato, o rico estoque de perca-do-nilo nas águas ao redor da Ilha Migingo levou à uma disputa territorial entre Uganda e Quênia, ambos reivindicando a autoridade sobre a ilha. Tecnicamente, a Ilha Migingo pertence ao Quênia, estando dentro da fronteira internacional do país e também sendo marcada em mapas e documentos oficiais. Só que em 2009, o governo ugandense alegou que a Ilha Migingo estaria localizada em águas ugandenses e que, portanto, a pesca por parte dos quenianos por lá deveria ser considerada ilegal.
Todo esse problema começou quando piratas locais ouviram pela primeira vez que alguns pescadores ganhavam cerca de US $ 300 por dia, uma quantia que era aproximadamente quatro vezes maior do que muitas pessoas na África Oriental ganham em um mês inteiro. Por causa disso, os piratas passaram a roubar peixe, dinheiro e motores dos habitantes locais. Os pescadores, então, pediram ajuda a seus governos em 2009, com os ugandenses sendo os primeiros a responder enviando a polícia marítima. À chegada, os ugandenses levantaram a sua bandeira e começaram lentamente a explorar os pescadores que tinham construído suas casas na pequena ilha.
Por causa de tudo isso, autorizações de entrada e implementações de impostos foram introduzidos aos pescadores que esperavam ganhar dinheiro nas áreas de pesca recém-descobertas. Barcos e redes de pesca pertencentes a pescadores quenianos são regularmente confiscados pelas forças ugandenses por supostamente pescar nas águas territoriais de seu país e vice-versa. Tanto é que a disputa de propriedade ainda está para ser resolvida.
Uma ilha rodeada de confusão, não é mesmo? Compartilhe o post e deixe o seu comentário com a gente!