Se você nasceu durante os anos 80 ou início dos anos 90, eu posso apostar que você já jogou ou pelo menos já viu ou ouviu falar no NES, um console de videogame que ficou mais conhecido aqui no Brasil como “Nintendinho”. Pois bem, entre todos os jogos memoráveis que essa máquina conseguiu proporcionar, um que conseguiu se destacar entre o público gamer foi o icônico “Duck Hunt”, mais conhecido como “o jogo de caçar de patos” ou “o jogo da arminha”. O Duck Hunt é um game de tiro relativamente básico, mas que foi extremamente popular no passado, quando os gráficos dos videogames não eram tão avançados. De fato, o que mais chamava a atenção nesse jogo não eram os gráficos apresentados, mas sim o tipo de jogabilidade que ele proporcionava, já que qualquer criança que jogava aquilo ficava perplexa com a engenhosidade do jogo que permitia simplesmente apontar uma arma de plástico para a tela da TV, apertar o gatilho e poder matar os pobres patinhos que pairavam sobre um cachorro que auxiliava na hora de capturar a caça. Enfim, aquilo era incrível para a época! No entanto, pouca gente que curtia aquele jogo parou para pensar alguma vez na vida em como aquela “pistola mágica” funcionava e é exatamente isso o que vamos explorar ao longo desse post, já que apesar de antigo, esse game certamente marcou uma geração com a sua “tecnologia arrasadora”.
Antes de abordar exatamente as questões envolvendo a pistola utilizada no jogo e o seu funcionamento, aqui vai um pequeno resumo do Duck Hunt para as pessoas que não chegaram a jogar ou sequer ouviram falar sobre este jogo incrível. Pois bem, como citado anteriormente, o Duck Hunt é um videojogo de tiro que foi desenvolvido pela Nintendo para o seu primeiro console de videojogos, o NES. A característica mais notável sobre o jogo é que ele só podia ser jogado com a arma NES Zapper, que podia apresentar nomes diferentes a depender do console comprado, já que o NES se caracterizou por originar várias versões alternativas, como o “Polystation”, que se tornou uma “lenda” das feiras livres. Também conhecido como “arma de luz”, essa pistola era usada para atirar nos patos do jogo.
Na prática, o jogo é muito simples. Quando começa, um pato aparece entre os arbustos e logo começa a voar dentro do limite do quadro da TV por 3 ou 4 segundos antes de sair do quadro. O que você precisa fazer é apontar a sua pistola na direção do pato e atirar antes que o mesmo desapareça. Quanto mais patos você atirar, maior será sua pontuação. Fácil, não é mesmo? Só que o que torna o Duck Hunt realmente interessante é que, ao contrário de outros jogos semelhantes lançados na mesma época, principalmente no mercado japonês, o jogador tinha que realmente apontar a arma para o local correto na tela da TV para acertar o pato, não bastando apenas sair atirando de qualquer forma como um pistoleiro embriagado. Com isso em mente, já dá para termos uma ideia de que deveria haver uma engenhosa peça naquela pistola que ajudava o jogo a determinar se ela estava (ou não) apontada para o ponto certo quando o gatilho era puxado. E era isso o que fazia os olhos das crianças brilharem na hora a jogatina.
Primeiramente, é importante destacar que a versão original do Duck Hunt, lançada em meados de 1984 (sim, o negócio é antigo mesmo), foi projetada de tal forma que permitia o seu funcionamento somente em telas CRT (tubo de raios catódicos), mas não em LCD (visor de cristal líquido) e TVs de plasma. A razão por trás disso está relacionada com a forma como as televisões CRT e o jogo funcionam em conjunto. Por exemplo, uma tela CRT conta com pixels que brilham quando os elétrons o atingem. Por sua vez, o tubo de raios catódicos trabalha “pulverizando” um fluxo de elétrons através desses pixels, que no fim das contas é o que faz a tela da TV brilhar. Essa ação é feita progressivamente de cima para baixo, da esquerda para a direita. Na prática, isso acontece tão rápido (cerca de 100 vezes por segundo) que os nossos olhos simplesmente só conseguem enxergar uma imagem de aparência normal na tela, graças à persistência da visão com a qual os seres humanos são abençoados.
Um fato curioso, é que, se você tem uma câmera de alta definição, você até pode experimentar apontá-la para uma tela CRT e observar os pixels sendo iluminados da esquerda para a direita, linha por linha. Na verdade, é por isso que as telas dos computadores da CRT parecem tão diferentes nas fotos, se compararmos como elas são na vida real.
Bem, a pistola usada no Duck Hunt consiste basicamente em um gatilho e um sensor de luz (um fotodiodo). Quando você puxa o gatilho, a tela inteira fica preta por 1 quadro, algo praticamente imperceptível para o olho humano. No entanto, durante esse curto período de tempo, o sensor de luz da pistola detecta essa negritude e acaba registrando-a como um ponto de referência, isto é, ela entende que aquele é o “momento de captura”. No próximo quadro, apenas a área ao redor do pato é iluminada como um quadrado branco, enquanto o restante da tela permanece preto. Naquela fração de segundo, quando há uma pequena caixa branca ao redor do pato, se a pistola detectar uma mudança de preto para branco, ou seja, se ela ver uma cor branca em vez de preta, ela entenderá que você apontou para o lugar certo na tela. Desse modo, essa informação será transmitida para o jogo em si, que por sua vez vai confirmar que você fez um tiro muito certeiro. Por outro lado, se o fotossensor da arma não detectasse uma mudança de preto para branco, o jogo saberia que você não mirou corretamente no alvo, o que seria traduzido pelo jogo como um tiro perdido.
Resumindo, o pequeno sensor de luz presente na pistola faz todo o truque e é um componente crucial da engenhoca que fez de Duck Hunt um jogo verdadeiramente inesquecível para aqueles que tiveram a oportunidade de jogá-lo. Essa tenologia pode até parecer muito básica se comparada às dos jogos de hoje, mas muitos jogadores dos anos 80 e 90 vão sempre argumentar que ela é uma obra-prima por si só. E nisso eu tenho que concordar!
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