Kim Jong-un é provavelmente a primeira pessoa que vem à nossa mente quando pensamos na Coreia do Norte, enquanto o grupo musical BTS (The Bangtan Boys) é provavelmente o primeiro nome icônico que surge quando se pensa na Coreia do Sul. Só de pensar nisso, já dá para perceber que ambos os países possuem culturas bem diferentes, mas o fato que é as suas respectivas populações são, no mínimo, “irmãs”. Isso porque, durante séculos antes da divisão, a península coreana era uma nação unificada, governada por gerações de reinos dinásticos.
Mas o que causou tal ruptura? Por que existe uma divisão tão grande entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul? Ao longo desse post, você vai conhecer alguns fatores históricos que contribuíram para essa separação que, apesar dos avanços, parece estar longe de ter um fim.
Bem, toda essa história de divisão começa com a Primeira Guerra Sino-Japonesa, que foi travada entre as forças japonesas e as chinesas me busca da influência sobre a Coreia, iniciando em agosto de 1894 e terminando em abril de 1895. Curiosamente, esta guerra tinha três outros nomes: no Japão, era conhecida como a “Guerra de Jiawu”. na China, era conhecida como a “Guerra do Japão-Qing”. Já na Coreia, foi chamada de “Guerra Qing-Japão”.
O fruto de tanto interesse se dava pelo fato de que, em meados de 1870, a Coreia era um dos estados clientes da China mais abundante em carvão e ferro, além de ficar localizada bem em frente às ilhas japonesas, de modo que a sua proximidade e sua riqueza de recursos logo atraíram o interesse do Japão. No entanto, em 1875, a Coreia adotou tecnologias ocidentais revolucionárias, o que a fez abandonar suas relações externas com a China.
Desse modo, o Japão resolveu ajudar a modernizar a Coreia, que por sua vez atraiu alguns reformadores pró-japoneses que tentaram derrubar o governo coreano. No entanto, o rei foi resgatado por Yuan Shikai, um general chinês, que matou muitos japoneses em 1884. Isso enfureceu tanto o Japão quanto a China, mas a guerra entre os dois países foi evitada com a assinatura da Convenção de Tientsin. Só que a paz não duraria por muito tempo.
Uma década depois, enquanto o Japão estava “ocupado demais” ao tentar expandir seu reino e modernizar seus programas militares, a China estava planejando secretamente uma vingança. Depois de um certo período de calmaria, a guerra foi declarada em 1 de agosto de 1894, só que em março de 1895 as tropas japonesas já haviam derrubado as forças chinesas. Com isso, a China finalmente aprendeu a lição e passou a reconhecer a Coreia como um estado independente de sua assistência ao assinar o “Tratado de Shimonoseki”.
Com o fim da Guerra Sino-Japonesa, o Japão havia efetivamente provado sua importância para o mundo inteiro e continuava se expandindo ainda mais. Só que, por outro lado, o Império Russo (então governado pelo Czar Nicolau II) ostentava uma das maiores potências territoriais do mundo. Mas apesar dessa vantagem territorial, a Rússia era forçada a fechar suas operações de navegação a partir de Vladivostok todos os invernos, um incômodo tão grande que fez os seus governantes buscarem um outro porto de água quente para garantir a continuidade do comércio durante a estação mais fria do ano.
Os russos até conseguiu arrendar um porto na Península de Liaodong, da China, mas nem é preciso dizer que eles também ficaram sabendo do potencial econômico da península coreana. Os japoneses logo ficaram preocupados com as intenções da Rússia e propuseram um acordo para o Império Russo, cedendo o controle sobre a Manchúria, em vez da Coreia. No entanto, os russos recusaram esta oferta, o que fez com que uma guerra fosse praticamente inevitável.
Em 8 de fevereiro de 1904, o exército japonês atacou a marinha russa. Navios afundaram, minas explodiram e o caos reinou. Aquele que ficou conhecido como o Cerco de Port Arthur foi a mais longa e violenta batalha da Guerra Russo-Japonesa. Este conflito foi seguido pela “Batalha de Liaoyang”, cuja disputa se estendeu pela Manchúria e pela própria Coreia, tendo um fim somente após um acordo que ficou conhecido como “Tratado de Portsmouth”. Vale destacar que, apesar do Japão ter vencido esta guerra, a sua vitória provocou tumultos em muitos outros países, provocando rupturas que arruinariam impérios tanto na Primeira quanto na Segunda Guerra Mundial.
Anos mais tarde, depois de tudo isso e com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão foi forçado a abandonar todas as suas colônias (incluindo a Coreia) aos vitoriosos países aliados. Desse modo, depois de 35 anos, a Coreia não estava mais sob o controle dos japoneses. Só que a liberdade não durou muito, já que a União Soviética decidiu invadir a Coreia no mesmo dia em que os japoneses foram embora.
Os soviéticos ocuparam o norte e os Estados Unidos ocuparam o sul, sendo que ambas as regiões foram geograficamente separadas pelo paralelo 38, o que fez com que a nação se dividisse em duas metades praticamente iguais. No começo da Guerra Fria, era claramente impossível unir o país novamente, o que fez com que em 1948 dois países radicalmente diferentes fossem criados: a República Popular Democrática da Coreia no Norte e a República da Coreia no Sul.
O problema é que nem a separação foi suficiente para acabar com os problemas. Em 25 de junho de 1950, a Coreia do Norte invadiu o sul em uma tentativa de agregar mais território. As forças da ONU e dos EUA vieram em auxílio da Coreia do Sul, empurrando as forças invasoras para o outro lado da fronteira. Em outubro de 1950, essas forças conseguiram avançar ainda mais, mas foram detidas por tropas que tinham vindo em socorro do vizinho.
A luta finalmente chegou ao fim em 27 de julho de 1953, quando um acordo para acabar com as hostilidades foi assinado. No entanto, o dano já havia sido feito, sendo que mais de 2 milhões de pessoas haviam sido mortas em confrontos e ambos os países começaram a adotar direções muito diferentes.
Hoje, essas duas regiões que já foram uma mesma nação são dois países diferentes, apesar de ainda compartilharem certas semelhanças, principalmente na culinária. A língua oficial de ambos continua a ser o coreano, embora o norte utilize uma versão mais ortodoxa.
A Coreia do Norte é atualmente governada por um regime ditatorial, sendo liderada pela dinastia Kim desde 1948. O país também está muito atrás dos padrões globais de desenvolvimento de infraestrutura e tem mais de um milhão de homens nas forças armadas, principalmente graças ao recrutamento forçado.
Por outro lado, a Coreia do Sul é uma democracia plena, além de ter transformado totalmente a sua economia, sendo muitas vezes considerada “a capital tecnológica do mundo”.
E você, já conhecia a história da separação da Península da Coreia? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!
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