Curiosidades

Alguém realmente já amarrou uma donzela nos trilhos de uma linha de trem?

Um bravo herói tentando salvar uma bela donzela em apuros sempre foi um enredo bastante comum no mundo do entretenimento, desde os primeiros dias da popularização do teatro entre o grande público. No entanto, com o passar dos séculos, as criaturas míticas acabaram sendo substituídas por ameaças mais “mundanas”, como por exemplo, os icônicos vilões que por inúmeros motivos resolviam amarrar donzelas em linhas de trem, enquanto um herói arrojado e destemido corria para salvar o dia. Mas, de onde exatamente veio essa ideia de prender uma donzela em uma linha férrea? Já existiu algum caso conhecido de alguém realmente fazendo isso na vida real?

Muito além dos primeiros filmes mudos

Para início de conversa, é importante deixar claro que a origem desse tipo de trama ainda é bastante incerta. Apesar de muita gente pensar que esse tipo de enredo se originou durante a era dos filmes mudos, isso não é totalmente verídico, embora até seja verdade o fato de que você pode encontrar exemplos isolados disso em alguns filmes do tipo. Por exemplo, o filme “Race for a Life”, dirigido por Barney Oldfield e lançado em 1913, é comumente apresentado como o primeiro filme a apresentar a cena de uma bela e sedutora donzela amarrada nos trilho de uma ferrovia por um vilão bigodudo, de modo que a linda mulher é resgatada no último segundo por um herói incrivelmente viril. O problema com essa constatação é que esse filme de comédia foi especificamente criado para satirizar esse tipo de enredo. Em outro exemplo semelhante, temos um filme de 1917, “Teddy at the Throttle”, no qual uma bela donzela, interpretada pela atriz estadunidense Gloria Swanson, resgata a si mesma do perigo, já que o herói que deveria salvá-la acaba chegando tarde demais. Ou seja, como você pode ver, essa história envolvendo donzelas e trilhos de ferrovias já existia bem antes do cinema mudo surgir.

A popularização através das peças teatrais

Desse modo, para encontrarmos mais informações sobre a origem obscura desse tipo de trama, pelo menos em termos do que realmente a popularizou, temos que nos atentar às antigas peças teatrais, com a afirmação comum de que uma peça de Augustin Daly em 1867, de nome “Under the Gaslight by American”, foi a primeira a mostrar esse tipo de situação. No entanto, embora Daly seja creditado como a grande mente por trás dessa ideia, a verdade é que essa afirmação ainda não é correta. Na verdade, ele simplesmente ajudou a popularizar essa trama em suas peças teatrais. Por exemplo, se continuarmos com o teatro e nos aprofundarmos nesse assunto um pouco mais, é possível descobrirmos que uma cena semelhante também apareceu em uma peça anterior chamada “The Engineer”, lançada em 1863 na Grã-Bretanha. A questão aqui é que o efeito da cena na peça de Daly sobre o público foi tão bom que os dramaturgos rivais começaram rapidamente a incluir cenas de “donzelas amarradas nos trilhos de ferrovia” em seus próprios melodramas, para grande desgosto de Daly.

Tá, mas alguém já foi amarrado em uma ferrovia dessa forma na vida real?

Bem, na verdade esse tipo de situação realmente já aconteceu, embora seja algo extremamente raro e nem sempre tenha envolvido “donzelas” propriamente ditas. De fato, existem alguns exemplos disso que podem ser rastreados em antigas edições de jornais norte-americanos e europeus. Por exemplo, de acordo com a edição do dia 31 de agosto de 1874 do New York Times, um homem francês identificado pelo jornal simplesmente como “Gardner” foi morto dessa maneira depois de ter sido roubado e posteriormente amarrado a uma ferrovia pelos mesmos criminosos. No entanto, neste caso específico, o que mais chama a atenção e desperta a curiosidade é que o tal homem francês foi surpreendentemente capaz de se libertar parcialmente, de modo que com a passagem do trem, ele perdeu “apenas” a metade inferior de sua perna esquerda, que por sua vez se rompeu quase que instantaneamente com a alta velocidade da locomotiva. A parte triste é que, apesar de ter sobrevivido, o francês não viveu por muito tempo depois do ocorrido. Na verdade, o tal “Gardner” sobreviveu apenas o tempo suficiente para oferecer uma breve descrição de seus agressores às autoridades policiais antes de vir a falecer por conta dos ferimentos (provavelmente por causa de uma infecção generalizada). É digno de nota que este e alguns outros casos conhecidos nas décadas seguintes vieram depois da popularização desse tipo de situação nas peças de teatro, apesar do fato de que os trens e as ferrovias já existiam há muito tempo. Por causa disso, alguns historiadores levantam a possibilidade de que alguns criminosos podem ter “pegado essa ideia” popularizada nos teatros para colocar em prática na vida real com suas vítimas.

Um exemplo mais recente e realmente envolvendo uma mulher

Se você ainda busca um exemplo mais moderno desse tipo de situação e que realmente inclua uma mulher, saiba que existe um caso que atende à esses requisitos e que curiosamente também envolve um francês, sendo este chamado Guillaume Grémy. Nesse caso, ocorrido em 2017, Guillaume Grémy estava sofrendo de uma depressão severa na época. Quando os seus esforços para tentar uma reaproximação com sua esposa (Émilie Hallouin) acabaram se tornando inúteis, ele decidiu amarrá-la aos trilhos de uma ferrovia de alta velocidade usando uma suposta “fita adesiva forte”, como divulgado pelo próprio relatório da polícia local. Infelizmente, nesse caso da vida real, não houve qualquer herói arrojado capaz de salvar a vida da pobre mulher, que morreu instantaneamente quando o trem passou por cima do seu corpo a uma velocidade de aproximadamente 320 km/h. Guillaume Grémy também morreu na mesma hora e no mesmo local, já que acabou se jogando na frente do trem para tirar a própria vida.

Ou seja, como você pode notar, realmente já existiram alguns casos conhecidos de pessoas sendo assassinadas ao serem amarradas em trilhos de linhas trem. A grande diferença é que o resgate infalível após o momento em que o vilão coloca a vítima nos trilhos parece ser algo encontrado apenas na ficção, além do fato de que não são apenas as donzelas que acabam sendo amarradas nesses locais.

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