As pessoas que gostam de fofocar não vivem apenas nas cidades pequenas e não são apenas as donas de casa estereotipadas que compartilham as informações da vida alheia nos momentos de lazer. A fofoca em si é bem diferente no mundo real. Hoje em dia, ela está enraizada na vida cotidiana de praticamente todas as pessoas que vivem em sociedade.
Mas apesar de ser muito comum, esse comportamento costuma ser referido como algo desagradável e até imoral. Bem, de fato, todos nós sabemos que é “errado” fofocar e ninguém quer parecer malicioso. Então, por que os seres humanos simplesmente adoram fofocar? O que torna esse comportamento tão popular entre a nossa espécie?
Afinal, o que é fofoca?
Primeiramente, precisamos definir o que é fofoca. Pois bem, podemos considerar a fofoca como o compartilhamento de informações pessoais ou privadas sobre alguém que não está presente. Muitas vezes, essas informações são negativas e embaraçosas para a pessoa que está sendo falada, pois são geralmente tratadas de uma forma sensacionalista.
O mais curioso é que as fofocas tem algumas características que as destacam imediatamente. Primeiro, a fofoca é uma atividade que é feita com outras pessoas, ou seja, nós não podemos fazer isso sozinhos. Segundo, a informação compartilhada é sempre sobre alguém que não está presente na conversa ou sobre alguém que acreditamos estar ausente. Terceiro, quando fofocamos, não apenas compartilhamos fatos ou rumores, mas também tendemos a fazer alguns julgamentos implícitos sobre a pessoa em questão.
Tá mas, por que nós adoramos fofocar?
Não é surpresa para ninguém o fato de que a nossa fome de fofoca parece insaciável. Seja com nossos familiares, com nossos amigos, ou até com os nossos companheiros no local de trabalho, a maioria das nossas conversas inclui algum tipo de fofoca, nem que seja de alguma forma “sutil”. De fato, estudos sugerem que nós gostamos de ouvir fofocas tanto quanto nós gostamos de espalhá-las, muito por conta do fato de que somos altamente influenciados por informações pessoais, mesmo quando elas são claramente identificadas como algo falso.
Até mesmo os cuidados na hora de passar informações não confiáveis, como o uso de palavras como “aparentemente” ou “ouvi falar”, são praticamente inúteis em evitar prejulgamentos e difamação. Isso porque tendemos a julgar as pessoas através de uma base fortemente emocional, mesmo se reconhecermos que esse julgamento é baseado em evidências não confiáveis. Em outras palavras, podemos dizer que nós fofocamos porque isso é algo “divertido” e promove uma falsa sensação de “unidade” entre os fofoqueiros de plantão.
O simples fato de espalhar fofocas sobre alguém cria uma espécie de vínculo e um senso de união entre as pessoas, até mesmo entre estranhos. Por exemplo, duas pessoas que não se conhecem acabam se sentindo mais próximas quando compartilham algo malvado ou engraçado sobre uma terceira pessoa. De fato, essa ação pode ser vista como uma confirmação de uma visão avaliativa compartilhada em todo o mundo. Desse modo, o nosso julgamento de pessoas parece ser validado com mais força quando a nossa fofoca encontra ouvidos curiosos ou dispostos a escutar tal informação, sem falar que isso também nos dá um senso de conhecimento sobre a vida dos outros.
Se aventurando em mundos diferentes
Além disso, as informações que compartilhamos através de fofocas geralmente são algo que deveríamos guardar para nós mesmos, uma espécie de “fruto proibido” que surpreendentemente também nos dá uma sensação de superioridade sobre as pessoas que estamos fofocando. A fofoca permite que as pessoas participem indiretamente em mundos que, de outra forma, poderiam ser reservados apenas para outros, muitas vezes promovendo uma ilusão de algum controle e influência sobre esses mundos. Isso explica por que as pessoas fofocam sobre os ricos e famosos e se interessam tanto por seus estilos de vida e vida pessoal, além de também justificar por que os funcionários fofocam sobre seus chefes ou superiores no local de trabalho. Basicamente, isso lhes dá uma sensação de participação em seu mundo e uma ilusão de controle sobre a vida alheia.
Muitos psicólogos também sugerem que nós também fofocamos para avisar as outras pessoas sobre coisas desagradáveis ou sobre alguém que consideramos perigoso. Um estudo descobriu que durante um certo jogo, os batimentos cardíacos dos voluntários aumentavam quando eles viam alguém se comportando mal ou injustamente, o que também aumentava consideravelmente o desejo de passar essas informações para outras pessoas.
De fato, quando vemos alguém se comportar de maneira imoral, geralmente ficamos frustrados, o que faz com que o ato de transmitir a fofoca nos dê a satisfação de ter avisado nossos amigos sobre tais “riscos”, diminuindo a nossa frustração.
Fofocar é bom ou ruim?
A fofoca é tipicamente vista como algo negativo, malicioso e destrutivo. No entanto, é inegável que a fofoca tenha servido ao longo da história humana como uma ferramenta para unir grandes grupos sociais, permitindo que as pessoas trocassem informações sobre as mudanças que ocorrem em suas próprias sociedades. De fato, a fofoca até permitiu que as pessoas se informassem melhor sobre as vidas de seus parentes e amigos, além de ajudar na compreensão de coisas pessoais como casamentos, separações, sucessos e fracassos. Por exemplo, podemos muito bem conversar com a tia Maria e descobrir que a prima Carol terminou o relacionamento com o João, evitando assim qualquer tipo de situação embaraçosa quando nos encontrarmos novamente com a Carol.
Com isso em mente, podemos concluir que uma das principais razões pelas quais a fofoca adquiriu uma reputação tão negativa é porque ela costuma ser usada para caluniar pessoas das quais se desaprova, algumas vezes até sem motivos minimamente racionais. Por conta disso, acabamos ficando sem condições de diferenciar as informações genuínas das depreciativas. Além disso, a fofoca pode levar à desconfiança e tornar-se amarga quando percebemos que aquele que fofoca conosco também é capaz de fofocar sobre nós. Desse modo, o ar de suspeita em torno dos fofoqueiros impede a possibilidade de uma conexão duradoura com eles, já que não nos sentimos seguros confiando-lhes nossos segredos.
Ou seja, a única certeza que temos é que a fofoca é algo muito comum. Se ela é boa ou ruim, depende da intenção da pessoa que se inclina para sussurrar em seu ouvido!
E você, o que acha das fofocas? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!