Você provavelmente chamaria de maluco alguém que decidisse comprar uma caneta comum por R$ 50, afinal de contas, uma pessoa minimamente racional nunca compraria algo tão simples por um preço tão absurdo. Mas você já parou para pensar no que levaria uma pessoa a comprar uma simples caneta por uma quantia tão fora do comum? A razão é óbvia: alguém pode comprar uma caneta por R$ 50 porque espera vendê-la a alguém por R$ 51, obtendo assim um lucro de 1 real do total da transação. Ficou confuso? Calma que eu vou explicar!
Embora esse seja um exemplo bastante simplificado, o fato é que realmente existem pessoas que costumam comprar coisas a preços totalmente irracionais simplesmente porque esperam vendê-las a um preço ainda mais alto para um outro alguém. Para a maioria das pessoas, a conversa termina aqui, mas alguns economistas vão ainda mais além e fazem uma outra pergunta: “por que alguém compraria essa mesma caneta R$ 51?” Bem, talvez porque essa pessoa também pode encontrar um comprador disposto a pagar mais por isso, não é mesmo?
Consequentemente, isso levanta uma questão interessante… Afinal, é realmente possível ganhar dinheiro comprando ativos supervalorizados para vendê-los mais tarde a um preço mais alto? Ao longo desse post, você vai ver que isso tem muito a ver com a chamada “teoria do mais tolo”, que apesar de ser desconhecida por muitos, é mais praticada do que você imagina.
O que é essa tal de “teoria do mais tolo”?
A “teoria do mais tolo” é uma teoria conhecida no mundo das finanças que afirma que é realmente possível ganhar dinheiro comprando ativos (mesmo quando eles estão muito caros) na expectativa de vendê-los posteriormente com a obtenção de lucro, pois você sempre poderá encontrar alguém disposto a pagar um preço mais alto. Ou seja, sempre haverá alguém “mais tolo” para pagar um valor absurdamente alto por algo.
Essa teoria é muito comum entre investidores que investem ou negociam ações de empresas de capital aberto. Um investidor que, consciente ou inconscientemente, subscreve a teoria do mais tolo, compraria ativos potencialmente supervalorizados sem levar em consideração o valor fundamental dos ativos. Desse modo, ele poderia pensar: “sou um tolo em comprar isso por um preço tão exorbitante, mas vou encontrar uma pessoa ainda mais tola que estará disposta a pagar mais do que eu”.
Em uma análise básica, o preço de uma determinada ação costuma ser o resultado de várias forças de mercado, que na prática sem acabam se resumindo em “oferta” e “demanda”. No entanto, em alguns casos, uma ação no mercado se torna atraente demais e seu preço dispara, sendo muitas vezes impulsionada apenas pela expectativa de que sempre será possível encontrar novos compradores, em vez do seu valor ser motivado simplesmente pelos fluxos de caixa e ganhos da empresa.
Em outras palavras, não importa quanto valem as ações, mas apenas quanto alguém pagará a mais por isso no futuro. Em tal situação, a existência presumida de novos compradores justifica qualquer preço, por mais irracional que seja. Curiosamente, a teoria do mais tolo é tão comum no nosso cotidiano que está altamente relacionada a uma das maiores manias do momento: o Bitcoin.
A curiosa relação entre o Bitcoin e a teoria do mais tolo
Os Bitcoins vêm aparecendo nas manchetes dos jornais há alguns anos, provocando muitas discussões e debates sobre sua rentabilidade e valor. Mas a pergunta que fica é: por que eles são tão valorizados pelo mercado?
Normalmente, o valor de um ativo seria calculado considerando os retornos que ele fornece, mas como o Bitcoin nunca paga dividendos ou retornos, seu valor como ativo é zero. Nós até poderíamos valorizá-lo como moeda, mas o valor de uma moeda depende principalmente de sua capacidade de ser trocada por bens e serviços. Como o Bitcoin também não pode ser efetivamente usado para esse fim, tecnicamente ele não tem valor como moeda. Mas o que mais chama a atenção é que, mesmo assim, um único Bitcoin pode ser negociado a mais de US $ 10.000. Então, o que está impulsionando todo esse valor?
Bem, na prática, o valor do Bitcoin é impulsionado principalmente pela sua valorização esperada no futuro. Assim, os investidores (detentores de Bitcoins) acreditam que o seu valor aumentará consideravelmente no futuro, de modo que eles esperam poder vendê-lo por um preço ainda mais alto. Portanto, podemos considerar que o Bitcoin é um caso clássico da teoria do mais tolo.
O problema da bolha do mercado de ações
Provavelmente, você deve estar pensando que essa teoria parece boa demais para ser verdadeira, afinal de contas, se é tão fácil ganhar dinheiro assim, por que não vemos pessoas enriquecendo constantemente com o auxílio dessa teoria? Bem, o problema é que, para que a teoria do mais tolo seja bem-sucedida, o preço de um ativo precisa continuar subindo indefinidamente, sendo que a verdade é que nada dura para sempre, nem mesmo o aumento dos preços.
As bolhas do mercado, por exemplo, são ondas de otimismo nas quais os preços de ativos aumentam muito além de seus valores fundamentais em um curto período de tempo. Assim, durante uma bolha do mercado, a popularidade de um determinado ativo aumenta além dos limites normais, de modo que todo mundo acaba desejando uma parte da ação e fica disposto a pagar grandes somas de dinheiro para adquiri-la.
No entanto, como qualquer outra bolha, uma bolha de mercado acaba estourando em um determinado momento. Quando isso acontece, todos os detentores de ações tentam vender os seus ativos ao mesmo tempo, mas não encontram compradores para isso. Em outras palavras, não há mais “tolos” no mercado para comprar as ações, então as pessoas que detêm os ativos no momento do “crash” acabam sendo os “maiores tolos”.
Uma palavra final
Apesar do risco, existem evidências concretas de que a teoria do mais tolo realmente pode funcionar. No entanto, a implementação bem-sucedida dessa estratégia requer muita habilidade e demanda muito tempo. Os preços das ações geralmente se comportam de maneira muito volátil, o que acaba inviabilizando a aplicação prática desta técnica.
Sendo assim, os investidores devem constantemente prestar muita atenção no comportamento do mercado, até porque as tendências de preços podem reverter em questão de segundos.
E você, já conhecia a teoria do mais tolo? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!