Muitos incêndios tem ocorrido na parte brasileira da Floresta Amazônica neste ano, cerca de 76% a mais do que no mesmo período do ano passado. Para se ter uma ideia, apenas 48 horas depois que o governo do Brasil proibiu as queimadas na área, para tentar impedir que os incêndios se espalhassem ainda mais, dados de satélite descobriram o início de mais de 2.000 focos de incêndio apenas na Amazônia. Consequentemente, isso nos faz pensar que tais eventos terão um impacto grande e duradouro na própria floresta e no mundo em geral.
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e pode abrigar um quarto das espécies terrestres da Terra. Se continuar ardendo em chamas, é provável que se ela se transforme em um ecossistema completamente diferente, com menos árvores e diferentes espécies de plantas e animais.
Mas, afinal de contas, o que aconteceriam com o nosso planeta se a Floresta Amazônica fosse totalmente dizimada pelo fogo? Quais seriam os principais impactos no mundo? Ao longo desse post, nós vamos explorar alguns tópicos que ajudam a explicar esse assunto tão complexo, ao mesmo tempo em que percebemos a extrema importância da Amazônia para o ecossistema.
A Floresta Amazônica é realmente o “pulmão do mundo”?
Metaforicamente falando, essa vasta floresta tropical na bacia do rio Amazonas na América do Sul é frequentemente chamada de “pulmão do planeta”. Algumas pessoas até afirmam que a Floresta Amazônica sozinha é responsável por 20% do oxigênio da Terra Mas será que isso é realmente verdade? A Terra realmente perderia 20% de seu oxigênio caso a Amazônia fosse totalmente destruída, causando o extermínio em massa da população?
Bem, a resposta curta é não, a Terra não perderia 20% de seu oxigênio se a Floresta Amazônica fosse perdida. No entanto, como a região experimenta neste ano o maior número de incêndios em praticamente uma década, faz sentido algumas pessoas se perguntarem sobre o que aconteceria com o suprimento de oxigênio da Terra se toda a Amazônia fosse queimada. Além disso, muitos de nós aprendemos na escola que as plantas produzem oxigênio como subproduto da fotossíntese, e portanto, parece razoável pensar que uma das maiores regiões visíveis da fotossíntese no planeta possa ser a principal fábrica de oxigênio da Terra.
O problema com esse raciocínio é que as relações entre florestas tropicais e o oxigênio são um pouco mais complexas do que parecem. Certamente, as plantas em crescimento produzem muito oxigênio, de modo que as florestas tropicais são grandes contribuintes para a produção desse gás, mas é importante lembrar que as plantas mortas e podres (assim como as plantas em chamas) consomem muito oxigênio para liberar dióxido de carbono como subproduto durante os processos de decomposição e combustão.
Então, de onde vem a maior parte do oxigênio que respiramos?
Frequentemente, a proporção de uma planta que produz oxigênio na vida e consome oxigênio na morte é de 1:1, ou seja, em outras palavras, o oxigênio produzido por essas plantas sempre acaba sendo consumido por elas mesmas. É exatamente por isso que muitos cientistas atmosféricos não vêem a Amazônia e as outras florestas tropicais do planeta Terra como excelentes e prolíficas produtoras de oxigênio, pelo menos não em qualquer sentido apreciável para os seres humanos, até porque todas as plantas morrem mais cedo ou mais tarde, dando início ao consumo de oxigênio citado anteriormente.
O excesso de oxigênio da Terra (isto é, o material que compõe cerca de 21% da atmosfera da Terra) geralmente vem de algas marinhas. As algas marinhas florescem nos oceanos, sentando-se na superfície e aproveitando os nutrientes que são agitados na água do mar enquanto puxam dióxido de carbono da atmosfera. Enquanto as algas vivem, elas usam o dióxido de carbono para crescer e liberam oxigênio na atmosfera. Só que, o que é mais interessante é que, quando morrem, as algas não se decompõem na superfície do oceano, portanto não extraem da atmosfera a mesma quantidade de oxigênio que produziram na vida. Em vez disso, as algas simplesmente afundam.
Algumas algas mortas consomem oxigênio dissolvido na água do mar e se decompõem em grande parte ou completamente à medida que afundam, liberando o carbono armazenado em seus corpos na água. No entanto, outras afundam rápido o suficiente para cair abaixo das camadas oxigenadas do oceano antes de se decomporem. Assim, elas pousam no fundo do oceano praticamente intactas, de modo que o carbono em seus corpos permanece inalterado. Ao longo de milhões de anos, esse processo resulta em um ganho líquido de oxigênio na atmosfera da Terra.
Tá, mas o que aconteceria com a Terra caso a Floresta Amazônica fosse totalmente incendiada?
Embora a queima da Amazônia não tenha um efeito apreciável quando o assunto gira em torno dos níveis de oxigênio, uma combustão desse tipo acabaria adicionando enormes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera, o que fortaleceria ainda mais o aquecimento global e produziria mudanças climáticas mais severas. Além disso, existiriam também outras consequências muito sérias a longo prazo, até porque estamos falando da destruição da região com maior biodiversidade da Terra.
Na prática, incendiar a Amazônia condenaria milhões de espécies vivas à extinção e destruiria seus habitats. De fato, muitas dessas plantas, animais e outras formas de vida ainda nem sequer foram totalmente identificadas pela ciência. Acredita-se que o consumo de toda a Amazônia pelo fogo mudaria a região de uma densa floresta de várias camadas para uma savana composta por árvores espalhadas e gramíneas altas.
Embora essa mudança até pudesse beneficiar os grandes criadores de gado (pelo menos por alguns anos, até que os nutrientes do solo fino da floresta tropical ficassem esgotados), ela causaria um duro golpe na biodiversidade do planeta.
Embora algumas plantas e animais resistentes até pudessem sobreviver e fazer parte desse novo ecossistema, milhões (ou possivelmente dezenas de milhões) de espécies de insetos e outros invertebrados e milhares de espécies de plantas e vertebrados (mamíferos, répteis e aves nativas e migrantes) não teriam a mesma sorte. Daí a necessidade da preservação dessa região importantíssima para o nosso planeta.
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