De certo modo, a maioria das pessoas já está muito bem familiarizada com a aparência do corpo humano, mas essa constatação só pode ser aplicada integralmente se estivermos falando do lado externo. Em outras palavras, embora as pessoas até saibam quais órgãos possuem, elas nem sempre têm um entendimento profundo de onde eles estão localizados exatamente.
De fato, muita gente passa a maior parte da vida cometendo equívocos sobre a localização dos seus órgãos. Por exemplo, muita gente acredita que os rins ficam localizados perto dos quadris ou na frente do meu corpo, quando, na verdade, cada rim fica situado em um lado próximo à coluna, mais especificamente na região posterior do abdômen.
Só que, embora alguns de nossos órgãos (internos e externos) sejam constituídos por pares e geralmente sejam simétricos no corpo, como pulmões, rins, olhos e ouvidos, outros não têm um par correspondente. Desse modo, eles tendem a ficarem encaixados em um lado específico, seja no lado esquerdo, direito ou até mesmo no centro do corpo humano.
Sendo assim, o que determina esse posicionamento tão exato? Há uma razão pela qual alguns órgãos tendem à ficar localizados à direita ou à esquerda? Antes de abordarmos a explicação para essas perguntas, precisamos fazer uma rápida revisão da anatomia do corpo humano, bem como dos órgãos e sistemas orgânicos mais importantes.
A curiosa (e incrível) anatomia do corpo humano
Quando você olha para o corpo de um ser humano, uma das primeiras coisas que você deve notar é a simetria bilateral, o que significa que nosso corpo é externamente simétrico (pelo menos na maioria dos casos). Desse modo, se você desenhar uma linha no corpo, da cabeça até os pés, verá que cada lado terá uma orelha, um olho, um braço, uma perna etc. Algumas de nossas características são duplicadas, como essas que foram citadas, mas o que chama a atenção é que outras são constituídas por partes únicas, como a boca, o umbigo e o nariz.
Quando se trata da diferenciação entre órgãos duplicados e órgãos únicos, normalmente existe uma boa explicação para isso. Por exemplo, orelhas e olhos funcionam melhor em pares para detectar com mais precisão as informações sensoriais, formando uma compreensão mais completa do mundo. Por outro lado, somente uma boca é necessária, pois ela está diretamente conectada a um sistema de órgãos “separado”, onde nada precisa ser duplicado, o que inclui um esôfago, um estômago, um intestino grosso, etc.
Isso também é decorrente do fato de que o corpo humano não possui a mesma simetria bilateral no seu interior da mesma forma que a nossa aparência externa pode sugerir. Dentro de nossos corpos, a chave é o uso eficiente do espaço disponível, o que nem sempre significa uma “imagem bonita” e “uniformemente dividida”. Alguns de nossos órgãos internos exibem uma bela simetria, ou pelo menos um bom emparelhamento, como os rins e os pulmões, mas outros não, como o fígado, o cérebro, o coração e a vesícula biliar.
Uma questão de sobrevivência
Semelhante às estruturas externas, algumas das estruturas internas precisam ser duplicadas para garantir a sobrevivência. Por exemplo, os ovários e testículos são constituídos por pares como uma forma de prevenção no caso de um deles parar de funcionar, já que perpetuar o crescimento da população é algo de grande importância para a sobrevivência e evolução da espécie.
Um único pulmão seria capaz de fornecer oxigênio suficiente e desempenhar a função de troca gasosa para a sobrevivência de um ser humano, mas ter dois pulmões nos fornece uma capacidade de reserva, permitindo-nos fazer um grande esforço e ainda ter oxigênio suficiente para mover nossos músculos. Os rins funcionam de forma semelhante. O corpo humano até pode funcionar com apenas um, mas fica bem mais fácil remover a grande quantidade de resíduos que devem ser filtrados do corpo todos os dias com dois rins, não é mesmo?
Por outro lado, o cérebro e o coração consomem tanta energia e desempenham papéis tão críticos no corpo que ter dois deles seria ineficiente e inútil em termos energéticos. Dito isto, também vale destacar que até os órgãos individuais têm algum vestígio de dualidade. Por exemplo, o coração tem um ventrículo esquerdo e direito, e o cérebro tem hemisférios esquerdo e direito. Embora isso não seja o mesmo que ter um “órgão de backup”, essas características se encaixam no padrão de desenvolvimento dos órgãos humanos.
Agora que entendemos o que determina a simetria do nosso corpo e por que alguns órgãos apresentam pares, podemos finalmente abordar as principais características que controlam e determinam a localização de nossos órgãos.
O posicionamento dos órgãos no corpo humano
Você já deve saber que, depois que um óvulo é fertilizado por um espermatozoide, um embrião começa a se desenvolver. Curiosamente, esse embrião permanece quase que inteiramente simétrico nas primeiras oito semanas de desenvolvimento. É só depois desse período que o coração começa a se mover para a esquerda, assim como o estômago, enquanto o fígado inicial migra para a direita. Essa mudança distinta é conhecida como quebra de simetria e tem sido uma fonte de mistérios por décadas.
Apenas recentemente, alguns pesquisadores identificaram alguns dos genes que supostamente controlam como o embrião se desenvolve, particularmente em relação ao posicionamento dos órgãos. Em uma região específica do embrião chamada “nó”, existem cílios especializados que se comportam de maneira bastante curiosa. Esses cílios, na verdade, giram em uma direção controlada no sentido horário, que pode guiar o fluido ao redor do embrião de uma certa maneira controlada.
Nesse ponto, o embrião começa a deslocar alguns genes no lado esquerdo e outros no direito, uma mudança acentuada em relação ao crescimento simétrico ocorrido até aquele momento. Se esses cílios não funcionarem, ou se eles girarem na direção oposta, os órgãos crescerão aleatoriamente ou crescerão do lado errado, levando a possíveis problemas de saúde.
De fato, existem muitos defeitos de órgãos e síndromes de desenvolvimento que podem ser resultantes da formação incorreta da simetria interna, incluindo a completa ausência de um determinado órgão ou a duplicação de alguns órgãos que naturalmente deveriam ser únicos. Alguns desses distúrbios são completamente inofensivos e podem nem ser descobertos até a fase adulta, mas alguns exigem assistência médica imediata, pois podem ser potencialmente fatais.
O corpo humano é realmente muito interessante, não é mesmo? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!