Nosso planeta exibe uma biodiversidade surpreendente. De fato, não é preciso observar muito cautelosamente para perceber que ele está repleto de ecossistemas complexos que abrigam uma infinidade de diversos organismos vivos que compartilham uma relação única com o ambiente. Esse relacionamento é essencial para um ecossistema próspero, de modo que um simples desequilíbrio pode resultar em enormes danos à flora e fauna.
Um ecossistema bem equilibrado fornece as condições necessárias para a evolução natural criar interdependências complexas entre diferentes espécies, ao mesmo tempo em que possibilita a existência das diferentes formas de vida que vemos por aí. Um ecossistema particularmente diverso pode ser encontrado debaixo d’água, através de megacidades subaquáticas que são chamadas de “recifes de corais”, cuja importância pode ser compreendida pelo fato de que eles abrigam 25% de toda a vida marinha, embora ocupem menos de 2% do fundo do oceano.
O alcance do ecossistema dos recifes de corais não se restringe às espécies que permanecem debaixo d’água, mas também afeta animais terrestres, incluindo os seres humanos. Isso porque os recifes ajudam no fornecimento de alimentos, protegem as margens e até geram empregos para as pessoas, seja por meio de medicamentos naturais ou por funcionar como atração turística. Estima-se que o impacto na economia que os recifes de coral desempenham gire na casa dos US $ 172 bilhões a cada ano somente nos EUA.
Por outro lado, nós, os animais terrestres, representamos uma grande ameaça ao equilíbrio desse ecossistema por conta da pesca excessiva e destrutiva, sem falar na poluição, emissões de gases do efeito estufa e inúmeras outras práticas prejudiciais. Para proteger e manter um próspero ecossistema de corais, é importante entender o que são os recifes e como eles são formados. Por isso, vamos “mergulhar” nesses assuntos ao longo desse post.
O que exatamente são os corais?
Os corais são animais marinhos invertebrados da classe Anthozoa e do filo Cnidaria. Basicamente, os corais são pólipos em termos de estrutura, bem como anêmonas marinhas, com os quais os corais estão relacionados. Os pólipos são cilindros alongados com corpos em forma de vaso. Os corais vivem em colônias densas de cilindros alongados, que se assemelham com latas abertas apenas de um lado.
A extremidade aberta do pólipo tem uma boca cercada por tentáculos alocados circularmente. Esses tentáculos fornecem uma fonte de alimento devido às células especializadas, como os nematocistos, que fornecem aos pólipos a capacidade de capturar pequenos organismos que passam pelo local. A reprodução dos corais também é peculiar, pois eles podem ser masculinos ou femininos, ou até os dois ao mesmo tempo! Os corais também podem se reproduzir sexualmente e assexuadamente, sendo que sua reprodução assexuada é resultante de uma clonagem, realizada por fragmentação ou brotamento.
A fragmentação ocorre quando uma colônia inteira se divide e cria uma nova colônia separada. Já a brotação ocorre quando um pólipo amadurece e se divide, criando assim um pólipo idêntico. A reprodução sexual envolve óvulos fertilizados pelo esperma, o que pode ocorrer entre diferentes colônias, resultando em uma maior diversidade genética. Essa fertilização resulta em larvas que nadam livremente e que posteriormente se depositam em um substrato, tornando-se novos pólipos. Isso pode levar dias ou semanas, mas em alguns casos, apenas algumas horas.
Com o passar do tempo, os corais constroem recifes com uma estrutura em forma de um esqueleto rígido composto de carbonato de cálcio. Este pequeno edifício surge de uma relação simbiótica muito importante entre corais e algas unicelulares que vivem nos pólipos, chamadas de zooxantelas. Essas algas fotossintetizam e compartilham parte de seus alimentos com seus hospedeiros. Por sua vez, os corais fornecem às algas alguns nutrientes necessários à sobrevivência. Esse arranjo permite que o coral cresça rapidamente, o que ajuda na construção de enormes recifes, desde que permaneçam intactos ou inalterados pelas populações humanas.
Como surgem os grandes recifes?
Os organismos do tipo zooxantela usam a luz solar para a fotossíntese como uma forma de criar seus alimentos e usar o que foi produzido como uma ferramenta de troca com os corais por nutrientes. Eles também secretam carbonato de cálcio, que forma o esqueleto robusto dos recifes. Os recifes geralmente crescem lentamente, aproximadamente 3 cm por ano, mas alguns recifes de crescimento mais rápido podem chegar a apresentar uma taxa de 15 cm por ano.
A maioria dos recifes de corais costuma ser denominada “recifes em franja”, pois são encontrados nas margens de uma costa de massa de terra relativamente maior. Isso ocorre porque eles crescem principalmente em águas rasas nas proximidades das margens de pequenas ilhas ou grandes continentes. Alguns recifes de corais também são conhecidos por se formarem perto de ilhas vulcânicas.
Curiosamente, à medida em que os corais morrem, o recife em questão pode se quebrar em pedaços e se descompactar. A vida de uma colônia pode variar de décadas a séculos, com alguns sobrevivendo por mais de 4 mil anos! O maior recife do mundo, a Grande Barreira de Corais na Austrália, começou a crescer há cerca de 20 mil anos! Vale destacar que a idade é determinada pelo anel que o recife apresenta a cada ano, assim como os anéis encontrados nas árvores.
Por que é tão importante a conservação dos corais de recifes?
Os níveis crescentes de dióxido de carbono da Terra têm sido motivo de preocupação, pois isso aumenta o nível do mar e acidifica o oceano. Um aumento no nível da água faz com que os corais percam as zooxantelas, que os ajudam a acessar os seus alimentos. Essa condição é chamada de “branqueamento de corais”, cujo efeito contínuo mata completamente as colônias.
Um oceano ácido também pode fazer com que os corais enfrentem dificuldades ao criar seus recifes em esqueletos de carbonato de cálcio. Se a acidificação aumentar, isso também pode até separar os corais existentes. Por conta disso, alguns cientistas chegaram a uma previsão catastrófica de que, até 2080, a acidificação de nossos oceanos será suficiente para dissolver todos os recifes de corais do mundo!
Além de tomar as ações corretas para combater as mudanças climáticas, é importante estabelecer práticas saudáveis de pesca para conservar ainda mais os recifes de corais. Assim, podemos concluir que uma mistura de conservação com práticas de intervenção ambiental são coisas essenciais para os recifes de corais sobreviverem. Essas estruturas marinhas são lindas, coloridas e repletas de diversidade e devem ser protegidas para que possam ser vislumbradas pelas próximas gerações!
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