Se você é uma pessoa que vive antenada nas notícias referentes à Itália, muito provavelmente já deve ter ouvido falar que a cidade de Veneza sofre constantemente com inundações. Caso você resolva visitá-la, sua viagem pode até não coincidir com esse fenômeno, mas se ocorrer, você encontrará a Praça de São Marcos temporariamente transformada em lago, ao mesmo tempo em que tábuas elevadas serão as únicas coisas capazes de fazer as pessoas caminharem de um lado para outro.
No entanto, a elevação do nível do mar não é a única coisa que faz com que os famosos canais de Veneza subam levemente a cada ano. Na verdade, a cidade também está afundando! De fato, essa é a principal razão pela qual algumas pessoas dizem coisas como “visite Veneza antes que seja tarde demais”. Mas, afinal de contas, por que exatamente Veneza está afundando lentamente?
Ao longo desse artigo, nós vamos explorar alguns fatores que ajudam a explicar o curioso processo de submersão dessa bela cidade italiana.
As forças que dão origem a esse processo de submersão de Veneza afetam a área há muito tempo e possuem uma estreita relação com placas tectônicas. A placa do Adriático, onde fica Veneza, está se subdividindo sob as montanhas dos Apeninos e fazendo com que a cidade e seus arredores caiam ligeiramente em elevação. Além disso, a própria compactação dos sedimentos sob Veneza também parece ser um fator determinante nesse processo.
O problema é que as inundações estão acontecendo com mais frequência nos canais de Veneza do que antes, fazendo com que os habitantes locais tenham que andar em pranchas de madeira para ficar acima das águas das enchentes em grandes partes da cidade. Para se ter uma ideia, eventos do tipo ocorrem cerca de quatro ou cinco vezes por ano.
Por causa disso, o governo italiano passou a investir em projetos na casa dos bilhões de dólares para instalar muros de proteção contra inundações que podem ser levantados para bloquear as marés próximas. No entanto, embora essas barreiras tenham sido projetadas para proteger a cidade das marés, que por sua vez estão subindo ainda mais à medida que o nível do mar cresce em resposta às mudanças climáticas, isso não é suficiente para por um fim na submersão de Veneza.
Por ser uma cidade construída sobre uma lagoa lamacenta e com fundações inadequadas, o solo abaixo dela se compactou lentamente ao longo do tempo. Isso, combinado com as águas subterrâneas sendo bombeadas para fora da cidade e com o aumento gradual do nível do mar, resultou em uma cidade que afunda lentamente ano após ano. Durante algum tempo, pesquisadores até chegaram a pensar que a subsidência de Veneza havia parado, mas um novo estudo mostrou que isso ainda continua afetando a cidade.
Curiosamente, grandes áreas de terra com edifícios também podem desempenhar um papel crucial na subsidência de Veneza. Lugares como o Aeroporto Internacional Marco Polo, áreas industriais de Marghera e as docas e estacionamentos de Tronchetto são alguns desses “vilões”. Na prática, as construções desses locais desempenharam um papel crucial na dissipação da energia da água da região.
Além disso, existe a questão do impacto dos transportes nesses locais. Quando as refinarias e fábricas de Marghera foram desenvolvidas nos anos de guerra, canais profundos foram escavados no leito da lagoa de Veneza para permitir que os navios-tanque entrassem no porto. O problema é que isso resultou em muita água do mar entrando na lagoa.
Também vale destacar que, nas últimas duas décadas, o volume do tráfego motorizado nos canais de Veneza praticamente dobrou. Consequentemente, as fundações de mais de 60% dos edifícios no Grande Canal foram danificadas com o grande fluxo de embarcações, sendo que a situação piorou desde que Veneza se tornou um dos maiores portos de navios de cruzeiro do Mediterrâneo.
De fato, esses navios monstruosos abrangem uma das questões mais controversas da cidade nos últimos anos. Até agora, não houve uma avaliação séria dos danos que eles estão causando, embora se saiba que a turbulência que esses navios criam continua por horas depois de terem passado.
Um dos estudos mais recentes voltado a esse assunto sugere que a cidade está afundando a uma taxa de 1 a 2 mm por ano. Embora pareça pouco, a verdade é que esse ritmo pode aumentar nos próximos 20 anos, de modo que a cidade poderá afundar cerca de 80 mm em relação ao nível do mar. Como já foi citado nesse post, barreiras especiais estão sendo construídas para reduzir a quantidade de água que entra na lagoa durante as marés altas, mas o problema é que o projeto já sofreu vários atrasos, de modo que estima-se que a conclusão não deverá acontecer até 2022.
Outro problema que merece destaque é que o efeito da água salgada nos prédios de Veneza é algo cada vez mais aparente. De fato, não é nenhuma coincidência a existência de um certo ar romântico por conta dos prédios em ruínas de Veneza. Só que, como os níveis de água agora estão permanentemente acima da impermeabilização original, a água é mais facilmente capaz de penetrar na alvenaria das residências locais, chegando até a fazer com que os pisos térreos de muitos apartamentos da cidade não sejam mais habitáveis.
Com tudo isso em mente, podemos concluir que as mudanças observadas em Veneza são bastante graduais, mas isso não quer dizer que essa cidade italiana vai desaparecer sob as ondas como geralmente acontece nos filmes de Hollywood. Portanto, não se preocupe, você ainda pode prosseguir e planejar passar um feriado em Veneza, pelo menos no futuro próximo.
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