Discos voadores, seres de cor esverdeada e supostas abduções são coisas que têm feito parte da percepção popular sobre os alienígenas há muito tempo. Para muitas pessoas, não há como pensar em uma imagem dos alienígenas que não seja os famosos “homenzinhos verdes”.
De fato, essa descrição dos seres alienígenas (que além de tudo costumam ser retratados como seres travessos ou até mesmo malévolos) persiste como um grampo do vocabulário da ficção científica por muitas décadas, aparecendo em inúmeras histórias de ficção científica, filmes e programas de televisão. Mas de onde surgiu essa ideia de invasores verdejantes e cabeçudos? E como isso acabou sendo amplamente aceito como uma maneira de se referir aos supostos visitantes de outros mundos?
Ao longo desse artigo, nós vamos explorar alguns tópicos que ajudam a explicar por que os extraterrestres são geralmente descritos como seres verdes com cabeças enormes.
A origem do termo “homenzinhos verdes”
Quanto aos “homenzinhos verdes”, o conceito de seres estranhos com essa coloração existe há séculos, sendo que a lenda mais famosa é a das “Crianças verdes de Woolpit”. Para quem não conhece, a história gira em torno de duas crianças que parecem ter vivido durante o século XII na Inglaterra. Quando as duas crianças foram descobertas nos campos, tanto o menino quanto a menina tinham pele esverdeada, usavam roupas estranhas, falavam uma língua desconhecida e ambas se recusavam a comer, pois aparentemente não estavam familiarizadas com a comida.
Avançando rapidamente para o final do século 19, é possível rastrear o primeiro exemplo conhecido do termo “homenzinho verde” sendo usado para descrever alienígenas. Isso pode ser encontrado no conto “Green Boy From Hurray” (“Menino Verde de Hurray” em tradução livre), publicado no jornal Atlanta Constitution em 1899. Nele, a história descreve um pequeno alien de pele verde que veio do planeta Hurray.
Muito mais conhecida, a série literária “Barsoom”, de Edgar Rice Burroughs e publicada no início do século XX, apresentava alienígenas verdes de Marte, embora neste caso eles não fossem pequenos, tendo inclusive o dobro da altura dos seres humanos. Outra menção do início do século XX vem de uma edição de 1908 do Daily Kennebec Journal, onde o termo “homenzinho verde” foi usado em referência à suposta existência de um marciano.
Há quem diga que eles são acinzentados e não necessariamente verdes
Apesar da ampla referência aos “homenzinhos verdes” em muitas reportagens descrevendo possíveis abduções, se levarmos em conta as abduções alienígenas postadas pelos ufólogos que possuem algum tipo de credibilidade, é possível notar facilmente que praticamente ninguém costuma afirmar que já foi abduzido por “homenzinhos verdes”.
Em contraste com a falta de abduções orquestradas por seres verdes, a descrição de “pequenos humanoides cinzentos” costuma ser a mais popular entre aqueles que afirmam ter sido abduzidos, representando 43% de todos os relatórios de abdução de alienígenas nos Estados Unidos e 50% na Austrália. Então, de onde veio a ideia comum de alienígenas sem pelos, de cabeça grande, olhos pretos e pele cinza?
Os primeiros exemplos documentados de uma descrição de tais seres, embora neste caso eles sejam nossos próprios seres evoluídos, vem de H.G. Wells através de seu livro “The Man of the Year Million”. Nele, Wells descreve a humanidade como tendo evoluído para seres de cabeça grande, com olhos ovalados em cor totalmente preta e pele cinza, semelhante ao que é comumente descrito pela maioria das pessoas que dizem ter sido abduzidas.
O início da consolidação do esteriótipo
Ainda assim, talvez nenhum outro evento tenha solidificado a ideia de alienígenas cinzentos na cultura pop mais do que um dos primeiros relatos de uma suposta abdução alienígena na vida real, envolvendo Barney Hill e sua esposa Betty em 1961. Em poucas palavras, o casal estava voltando para casa depois de uma viagem na noite de 19 de setembro de 1961, em New Hampshire, quando aproximadamente às 22h30, Betty afirmou ter visto uma luz misteriosa nos arredores.
Eventualmente, o casal parou o carro para sair e investigar, além de permitir que o cachorro do casal fizesse xixi em algumas árvores. Enquanto isso, Barney usou um par de binóculos para olhar mais de perto a luz misteriosa e observou um disco voador a uma certa distância. A partir desse relato, há uma lacuna em suas memórias, pois Barney e Betty disseram não ter lembranças sobre o que aconteceu nessa parte de sua viagem, embora alguns pequenos arranhões pudessem ser vistos em seus corpos.
Pouco tempo depois, Betty leu um livro sobre OVNIs e depois começou a ter alguns sonhos estranhos, o que a fez especular que talvez eles tivessem sido sequestrados por alienígenas assim como ela vividamente vivenciou em seus sonhos. Seu marido, no entanto, não pensou da mesma forma a princípio. Foi só dois anos depois, quando ele e Betty foram submetidos à hipnose para tentar extrair memórias reprimidas, que ele começou a se lembrar do evento.
Embora essa história tenha muitos furos e poucas conclusões, ela se tornou muito popular na época. Como muitos dos elementos que o casal descreveu sobre os alienígenas se assemelhavam aos já descritos em várias obras de ficção, isso ajudou a consolidar o esteriótipo de alienígenas cabeçudos e com olhos grandes. Por outro lado, a cor verde só se viria a se consagrar no cenário alien graças à cultura pop, que reuniu as antigas lendas de “homenzinhos verdes” citadas anteriormente com as características alienígenas amplamente compartilhadas.
Ou seja…
A ideia de alienígenas verdes com cabeças enormes e olhos estranhos pode ser encarada como uma mistura de lendas, livros de ficção científica e relatos de supostos avistamentos. No entanto, embora essa visão estereotipada dos alienígenas sempre tenha existido, ela foi reforçada por meio do cinema e da TV em meados dos anos 70.
Lembre-se que os mundos de ficção científica podem se aproximar do mundo real ou diferir dramaticamente, mas não importa quão estranhos possam parecer os personagens alienígenas (monstros gigantes com tentáculos, viajantes do tempo humanoides ou os populares homenzinhos verdes), toda ficção científica é um espelho para o nosso mundo de alguma forma. No fim das contas, toda história sobre alienígenas apresenta um certo enredo que conta algo sobre nós mesmos.
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