Durante grande parte da história da humanidade, os reis (monarcas do sexo masculino) exerceram a maior parte do poder de várias civilizações. Homens como Guilherme, o Conquistador, Genghis Khan e Tutancâmon se tornaram ícones incrivelmente importantes.
De impostos a assuntos religiosos e até mesmo guerras, os reis tiveram a palavra final em assuntos vitais de todo tipo. Por isso, dada a importância desses homens, é um tanto razoável se perguntar: afinal de contas, quem foi o primeiro rei na história da humanidade?
A resposta, ao que parece, pode ter se perdido ao longo da história, simplesmente porque os registros escritos do primeiro rei podem não ter sobrevivido ao tempo. “Essa é, possivelmente, uma pergunta sem resposta concreta”, diz Mark Munn, professor de história da Universidade Estadual da Pensilvânia. No entanto, é possível estabelecermos alguns possíveis candidatos ao título de primeiro rei do mundo, como você verá ao longo desse post!
A lista de reis sumérios
O principal desafio para responder à pergunta desse post, é que não há registros históricos completos que documentem reis que viveram a mais de 5.000 anos atrás. Há também a questão de quais palavras antigas se referiam ao que pensamos como reis nos dias de hoje. Na área ao redor do Egito, por exemplo, a palavra “faraó” só foi ser usada em meados de 1570 aC. Ainda assim, alguns historiadores costumam dizer que o Antigo Egito pode ter sido o lugar que contou com o primeiro rei do mundo, talvez Iri-Hor ou Narmer.
Por outro lado, o Oriente Médio também parece ter abrigado o primeiro rei. Para fazer tal afirmação, podemos olhar para a Lista Real Sumeriana, um manuscrito antigo escrito na língua suméria que lista uma vasta quantidade de reis (alguns dos quais acredita-se que são fictícios) que supostamente teriam governaram a área correspondente ao Iraque moderno. Este texto, descoberto no início do século XX, é tão antigo que suas primeiras “páginas” foram inscritas em tabletes cuneiformes, feitos com o auxílio de objetos em formato de cunha.
“De acordo com uma tradição mesopotâmica posterior consagrada na lista de reis sumérios, o primeiro rei foi Alulim, governante da cidade de Eridu. Ele viveu em uma época antes de um suposto dilúvio e é creditado (em alguns manuscritos) com tendo um reinado de 28.000 anos”, diz Eckart Frahm, professor de línguas e civilizações do Oriente da Universidade de Yale. “Segundo a mesma fonte, o primeiro rei após o dilúvio foi um certo Gushur, que teria governado a cidade de Kish por 1.200 anos”.
No entanto, como você deve ter percebido, o grande problema da Lista Real Sumeriana é que ela pode ser tudo menos literal. Na prática, a Lista Real Sumeriana mistura realidade com mitologia, fazendo com que o reinado de um único rei pudesse durar dezenas de milhares de anos. Desse modo, muitos dos indivíduos mencionados nas primeiras seções da lista de reis sumérios podem ser figuras claramente fictícias, sendo que isso pode se aplicar aos casos mencionados de Gushur e Alulim.
Em busca de evidências concretas
Entre os primeiros reis cujos nomes estão documentados em fontes escritas contemporâneas estão Enmebaragesi de Kish, Akka-Inannaka de Umma e um certo HAR.TU (pronúncia exata desconhecida) da cidade de PA.GAR (moderna Tell Agrab). Eles provavelmente governaram em torno de 2700-2600 aC, sendo que Enmebaragesi é muitas vezes considerado o primeiro governante da Mesopotâmia (tendo reinado por volta de 2700 aC) e as evidências de seu governo são provenientes de inscrições encontradas em fragmentos de vasos.
Como líder de Kish, uma cidade do norte da Babilônia, ele derrotou Elam, uma civilização que habitava uma região no que é hoje o Irã, tendo posteriormente liderado seu povo por 900 anos. Ou seja, em tese, Enmebaragesi pode ter sido o primeiro rei da história. No entanto, muitos historiadores deixam claro que ele não é o único requerente deste título.
O primeiro governante cujo reinado podemos ter um pouco mais de clareza é o da pessoa enterrada no túmulo U-j em Abidos. Esta tumba data de cerca de 3320 aC. Cronologicamente, a pessoa que está enterrada nesse local parece ter sido o primeiro governante do que chamamos de Dinastia 0 (ou período proto-dinástico do Egito), o reino unificado do Alto Egito, cujo último governante, Narmer, consolidou o controle do norte pelo Egito e estabeleceu a Primeira Dinastia Egípcia.
O túmulo também continha vários exemplos de sistemas de marcação, destacando-se entre eles uma série de rótulos ósseos inscritos. Todas essas evidências foram encontradas durante a reescavação da tumba pelo Instituto Arqueológico Alemão no Egito (DAIK).
O fascínio por trás do suposto Rei Escorpião
Muitos pesquisadores ainda estão tentando decifrar várias partes de suas descobertas nas regiões do Egito e Iraque, o que pode representar algumas das primeiras formas de escrita da humanidade. Com isso, eles podem identificar quando uma importante batalha que ocorreu e até mesmo o que deu origem a uma civilização unificada, supostamente liderada por um homem que poderia ser chamado de Escorpião.
De fato, um quadro descoberto no deserto ocidental de Tebas, no Egito, mostra uma escultura de um escorpião acima de um falcão, um símbolo que significa “rei” ou o deus Hórus na história egípcia. Por causa disso, alguns historiadores apontam que o tal “Escorpião” possa ser o governante mais antigo para quem possamos sugerir uma designação do tipo, até porque acredita-se que ele seja a pessoa enterrada no túmulo U-j”.
Uma outra inscrição descoberta no local aponta para a realeza antiga. Essa inscrição também faz uma declaração que iguala o poder real à ordem solar e, portanto, é a primeira expressão de um suposto reinado divino. De fato, muitos reis primitivos reivindicavam autoridade dos deuses como justificativa para governar, tanto é que muitos reis da Mesopotâmia até diziam que eram deuses. No entanto, essa noção poderia ser descartada em alguns casos, pois os governantes poderiam parecer “humanos demais” aos olhos de seus súditos”.
Quanto à origem da ideia de realeza, muitos historiadores acreditam que isso estava diretamente ligado à necessidade de organizar o trabalho. Na Mesopotâmia antiga, havia um grande número de trabalhadores da construção civil, agricultores, artesãos, pastores e vendedores de mercadorias, o que pode ter exigido uma classe gerencial. Desse modo, a pessoa à frente da pirâmide administrativa seria considerada o rei e teria o principal dever de comandar tropas militares e criar leis necessárias para proteger as atividades econômicas.
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