Parece haver uma nova moda alimentar varrendo o planeta todos os dias, não é mesmo? Alguns juram que colhem benefícios através da dieta Paleo, enquanto outros estão convencidos de que o banimento de todas as formas de grãos colocará sua vida em forma. No entanto, nos últimos anos, várias pessoas chegaram a considerar que a dieta cetogênica é uma que realmente pode mudar a vida de uma pessoa para melhor.
As alegações feitas em relação à dieta cetogênica vão desde perder peso rapidamente e ganhar massa muscular até “se sentir melhor” e “ficar mais disposto”. Com todas essas afirmações ousadas, surgem algumas perguntas interessantes: afinal, de onde veio essa dieta e o que exatamente ela faz no corpo humano?
Onde e como surgiu a dieta cetogênica?
A dieta cetogênica já existe há muito tempo, desde o início do século XX. Mais especificamente, ela foi desenvolvida em 1921 pelo Dr. Russell Wilder, que cunhou o seu nome como um tratamento para a epilepsia. Os médicos haviam notado que a frequência de crises diminuía quando crianças epilépticas estavam em jejum. Com isso em mente, a dieta cetogênica surgiu como uma maneira de os médicos estimularem o jejum em seus pacientes sem deixá-los necessariamente passando fome.
Por cerca de uma década, a dieta cetogênica foi a base do tratamento da epilepsia, pelo menos até 1938. Nesse ano, dois médicos, Tracy Putnam e H. Houston Merritt, descobriram que um produto químico chamado difenil-hidantoína era eficaz no tratamento de convulsões de pacientes epiléticos. O sucesso da fenitoína, como o produto químico se tornou popularmente conhecido posteriormente, causou um efeito dominó e uma série de novos medicamentos antiepiléticos foram descobertos.
A comunidade médica passou a notar que esses medicamentos eram o caminho a ser seguido no tratamento da doença, o que lentamente excluiu a dieta cetogênica da mente das pessoas. De fato, ela ficou amplamente esquecida até o início do século XXI, quando as taxas de obesidade mais altas do que nunca nos Estados Unidos deixaram claro que a dieta com pouca gordura que todos elogiavam não estava funcionando tão bem.
Consequentemente, surgiram algumas vozes afirmando que eram os açúcares os responsáveis pela obesidade e não necessariamente a gordura saturada. Uma parte da mídia logo percebeu isso e publicou artigos que questionavam o que pensávamos que sabíamos sobre o que as gorduras e os açúcares realmente fazem no nosso corpo. Foi a partir daí que a dieta cetogênica voltou aos holofotes.
O que exatamente é a dieta cetogênica?
Por volta dessa época, as pessoas começaram a olhar para algumas dietas alternativas. Os opositores aos carboidratos, como o Dr. Robert Atkins e sua famosa “dieta cetogênica de Atkin”, começaram a ganhar atenção. A alegação feita por esse “lado alternativo da nutrição” era que comer muitos carboidratos seria o que realmente estava deixando todo mundo gordo. Então, o que eles sugeriam era comer uma dieta baixa em carboidratos. Em outras palavras, “coma menos carboidratos e mais gordura para perder peso”.
A dieta cetogênica (uma dieta pobre em carboidratos e rica em gorduras) recomenda comer mais gorduras e proteínas do que carboidratos (açúcares). Isso é especificamente calculado através da proporção de gorduras para carboidratos e proteínas. Na prática, essa proporção é chamada de “proporção de macronutrientes”. A dieta cetogênica clássica desenvolvida em 1921 sugeria uma proporção de macronutrientes de 4:1, mas desde então os médicos modificaram a dieta para torná-la menos restritiva.
Só que, se levarmos em conta o valor nutricional dos alimentos envolvidos, a dieta cetogênica parece contra-intuitiva, afinal de contas, como comer mais gordura pode torná-lo menos gordo? Bem, a resposta para essa pergunta está nas diferentes maneiras pelas quais o corpo processa carboidratos e gorduras.
Como funciona a dieta cetogênica?
Para entender o conceito do funcionamento da dieta cetogênica, precisamos compreender que, sob condições completamente normais, o corpo prefere carboidratos ou açúcares, especificamente glicose, como sua principal fonte de energia. De fato, órgãos como o cérebro e os olhos quase exclusivamente usam glicose para suprir as suas necessidades de energia. Lembre-se também que todos os alimentos ricos em amido e doces, como macarrão e pães, fornecem ao corpo toneladas de glicose.
Desse modo, imediatamente após uma refeição, o sangue passa a ter grandes quantidades de glicose, sendo que o nível de açúcar no sangue torna-se bastante alto. Este alto nível de açúcar no sangue sinaliza o pâncreas para secretar insulina, que é necessária para a maioria dos órgãos (exceto alguns, como o cérebro), para começar a usar a glicose abundante. Depois que toda a glicose é consumida, tanto a glicose livre quanto a adquirida do glicogênio (a forma armazenada da glicose), o corpo passa a usar devidamente a gordura.
Em uma dieta cetogênica, todo o seu corpo muda seu suprimento de combustível para funcionar principalmente com gordura, queimando-a a todo momento. Quando os níveis de insulina ficam muito baixos, a queima de gordura pode aumentar drasticamente, sendo que através da dieta cetogênica torna-se mais fácil acessar os estoques de gordura para queimá-los. Ou seja, a dieta cetogênica é assim chamada pois o corpo entra em estado de cetose, ou seja, a gordura passa a prover energia ao organismo.
Na prática, isso pode ser ótimo se você está tentando perder peso, mas também pode haver outros benefícios menos óbvios, como a sensação de ter menos fome e contar com um suprimento constante de energia (sem as variações de açúcar que podemos obter das refeições com alto teor de carboidratos).
O que deve ser consumido e evitado em uma dieta cetogênica?
Os alimentos mais indicados para consumo em uma dieta cetogênica incluem carnes vermelhas, ovos, grãos, leites e derivados, vegetais de baixa caloria, óleos naturais e frutos do mar. Ou seja, é preciso comer mais alimentos ricos em proteínas e gorduras, pois eles são essenciais para o processo de cetose.
Por outro lado, devem ser evitados alimentos que contêm muitos carboidratos, tanto os açucarados quanto os ricos em amido. Isso inclui alimentos como pão, macarrão, arroz, batatas e refrigerantes. Também devem ser evitados produtos dietéticos com pouca gordura. Uma dieta cetônica deve ser moderadamente rica em proteínas e ainda mais rica em gordura, pois a gordura fornece a energia necessária por conta da ausência dos carboidratos.
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