No dia 11 de maio de 2000, o astrofísico australiano Rodney Marks ficou doente. Na ocasião, ele estava com febre alta, queixava-se de dores de estômago e tinha ido e voltado ao ambulatório várias vezes. Dentro de um período de tempo de apenas 36 horas, ele viria a morrer.
Se Marks estivesse em sua terra natal, ele poderia ter recebido a assistência médica necessária que poderia tê-lo salvado. No entanto, Marks estava na Estação Amundsen-Scott do Polo Sul, na Antártida, um dos lugares mais remotos da Terra.
Devido à localização remota da estação e à intensidade do inverno na Antártica, o corpo de Marks não pôde ser imediatamente levado de volta ao acampamento base do continente. Então, em vez disso, seu corpo foi mantido em um freezer no observatório por seis meses até que pudesse ser levado de volta para Christchurch, na Nova Zelândia, para a realização de uma autópsia.
No entanto, ninguém na estação de Amundsen-Scott acreditava que os resultados da autópsia seriam tão chocantes. Inicialmente, a National Science Foundation, que governa todas as pesquisas dos EUA na estação, emitiu um comunicado anunciando que Marks havia morrido de causas naturais, mas quando os resultados constataram que Marks havia sido envenenado com metanol, o pânico surgiu.
As análises e investigações iniciais
A descoberta do envenenamento desencadeou uma investigação que está em andamento até os dias de hoje rodeada de muita polêmica, pois a investigação revelou uma série de dúvidas sem respostas. Marks tinha marcas de agulha nos braços, mas seu corpo estava livre de drogas ilegais. Inicialmente, a causa da morte tinha sido dada como natural, potencialmente por causa do abuso prolongado de álcool por parte de Marks, embora a autópsia tenha revelado que este não era o caso.
Alguns pesquisadores sugeriram que Marks, impulsionado pelo consumo de álcool e pela solidão e desolação características de toda a Antártica, poderia ter ingerido o metanol de propósito, na tentativa de cometer um suicídio. No entanto, ao entrevistar alguns dos colegas cientistas de Marks, bem como o médico da base, chegou-se à conclusão de que um suicídio seria uma hipótese extremamente improvável.
A hipótese do envenenamento
Um investigador também levantou a teoria de que Rodney Marks poderia ter ingerido acidentalmente o metanol durante o processo de destilação de seu próprio licor. No entanto, a teoria acabou sendo derrubada, pois a base tinha um bar bem abastecido. Além disso, Marks era um cientista experiente, de modo que a probabilidade de que ele ou qualquer um dos outros cientistas experientes ao seu redor corresse o risco de beber algo do tipo era extremamente baixa.
A experiência do cientista também levou ao descarte da tese de ingestão acidental de metanol. Curiosamente, a única presença de metanol no campo de pesquisa era como uma forma diluída em produtos de limpeza, sendo que embora ninguém pudesse descartar a possibilidade de alguém ter deixado cair gotas da substância na bebida de Marks, praticamente todas as pessoas residentes da estação eram inteligentes o suficiente para saber as consequências.
Portanto, a única explicação que poderia ser levada em conta era um possível caso de assassinato. Na prática, alguém poderia ter colocado conscientemente uma dose letal de metanol na bebida de Rodney Marks. Como apenas 49 outras pessoas estavam morando na base na época, parecia fácil apontar suspeitos. Então, os investigadores da Nova Zelândia logo foram buscar informações com o governo dos EUA, que é o país que comanda a estação de pesquisa.
A questão envolvendo as relações entre Estados Unidos e Nova Zelândia
O problema principal é que o território no qual a Estação Amundsen-Scott está localizada é fonte de controvérsia entre os Estados Unidos e a Nova Zelândia há muito tempo. Embora seja uma base sob o domínio dos Estados Unidos e a maioria das pessoas que trabalha lá seja americana, a terra em que se situa é reivindicada pelo governo da Nova Zelândia. O acordo já havia causado conflitos antes, mas durante a investigação as discussões ficaram ainda mais frequentes.
A investigação oficial foi liderada por um homem chamado Grant Wormald, juntamente com uma equipe formada por membros de vários departamentos de polícia da Nova Zelândia. Quando ele procurou os americanos na base para entrevistas, apenas 13 dos 49 concordaram em dar suas versões sobre o que aconteceu na base nos dias anteriores ao assassinato. Além disso, quando ele pediu aos Estados Unidos algumas informações sobre os cientistas que haviam passado pela base, os EUA se recusaram a comentar ou contribuir com a investigação de Wormald.
Em vez disso, os investigadores dos Estados Unidos conduziram uma investigação própria que não compartilharam com o Wormald e nem mesmo a tornaram pública. De fato, até hoje, ninguém sabe até onde a investigação foi, nem a quantidade de informações que os Estados Unidos conseguiram obter, o que acabou levantando ainda mais suspeitas sobre a possível motivação que teria levado ao assassinato de Rodney Marks.
Um caso sem solução
Além de ser o primeiro caso de assassinato no Polo Sul, a morte de Rodney Marks chamou bastante atenção por conta do fato de que ele era um jovem considerado incrivelmente inteligente, cuja inteligência o impulsionou a ganhar uma bolsa de estudos em uma prestigiada escola particular ainda quando era adolescente, quando começou a expressar uma afinidade pela ciência.
Depois de obter seu doutorado, Marks decidiu que seu fascínio pelo Polo Sul merecia um tipo de envolvimento mais prático. Por isso, ele decidiu trabalhar lá, uma decisão que o faria viver milhares de quilômetros longe de sua casa na Austrália e que o levaria a ter um fim tão trágico e cheio de mistérios.
O mistério da morte de Rodney Marks é um caso que ainda está em andamento, pois a investigação de Grant Wormald nunca foi dada como encerrada. No entanto, a probabilidade de encontrar novas informações em um dos lugares mais remotos e climaticamente adversos do planeta Terra é extremamente baixa. Desse modo, Rodney Marks continua possuindo o trágico título de ser a vítima do único assassinato do Polo Sul.
Um caso repleto de perguntas que ainda precisam ser respondidas, não é mesmo? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!