Uma das primeiras coisas que você aprende quando começa a jardinar é que nunca deve regar demais as plantas, a menos se quiser vê-las morrer. No entanto, o maior problema em reconhecer como as plantas sofrem com o excesso de água é a confusão provocada pelos sintomas que elas exibem.
Na prática, quando as plantas sofrem com o excesso de água, elas normalmente apresentam sintomas idênticos ao da falta de água, ou seja, enrolamento das folhas, apodrecimento do caule, queda de folhas, entre outros.
Mas, afinal de contas, o que há de tão perigoso no excesso de água que pode causar um golpe mortal em plantas e mudas jovens? Bem, as razões por trás disso são bem simples, e tudo tem a ver com a disponibilidade de oxigênio!
Basicamente, o excesso de água limita severamente (ou até corta) o suprimento de oxigênio do qual as raízes dependem para funcionar adequadamente, o que em outras palavras significa que as plantas podem não receber o oxigênio adequado para sobreviver. Além disso, muita água também pode levar ao apodrecimento e à deterioração irreversível das raízes.
Esta é a principal razão pela qual muita água pode matar uma planta. Assim como os seres humanos, as raízes das plantas também precisam que o ar permaneça “vivo”. As folhas das plantas extraem dióxido de carbono do ar para produzir seus ‘alimentos’ (amidos e açúcares, mais especificamente), mas também precisam de oxigênio para se manterem saudáveis. A obtenção de oxigênio é um dever das raízes, pois elas ajudam a obter nutrientes para a planta e a manter-se saudável.
Se você observar as raízes de uma planta, poderá identificar facilmente o corpo principal da raiz, que é usado para transportar água e nutrientes para o restante da planta. Então, se você olhar um pouco mais de perto, também poderá ver cabelos extremamente finos, como raízes, sendo que essas são as partes mais importantes aqui. Cada um desses minúsculos pelos radiculares é, de fato, uma única célula vegetal modificada e, como ocorre em todas as células vegetais (e animais), elas precisam de oxigênio para metabolizar.
Isso também é altamente importante para as células encontradas no corpo humano, razão pela qual precisamos respirar regularmente oxigênio em nossos pulmões. Dessa forma, ele pode ser absorvido pelo sangue, onde um sistema vascular dinâmico transporta o sangue altamente oxigenado por todo o corpo. Consequentemente, o sangue mal oxigenado volta aos pulmões, onde o subproduto gasoso do dióxido de carbono é expelido inofensivamente de nossos corpos.
No caso das plantas, os pelos das raízes recebem o oxigênio disponível de pequenas bolsas de ar que existem no solo circundante e, embora em seu ambiente normal possam ficar cheias de água com chuvas periódicas, esse excesso de água normalmente é drenado, permitindo a formação de novas bolsas de ar. No entanto, o problema surge quando a água não escorre por conta de inundações ou chuvas fortes e constantes.
Ao negar um suprimento adequado de oxigênio aos pelos radiculares, essas células especializadas são incapazes de metabolizar e, embora possam tolerar essas condições por um curto período de tempo, a exposição contínua à água em excesso fará com que elas acabem morrendo. O problema é que todas as plantas precisam de um suprimento razoável de água para a transpiração (respiração), para manter a temperatura para que não superaqueçam, permanecendo túrgidas e eretas. Daí a necessidade de um suprimento de água adequado.
Como já foi mencionado anteriormente, as plantas precisam desses pelos radiculares especializados para absorver nutrientes e água. Se uma determinada quantidade desses pelos de raiz especializados morrer, a planta não poderá absorver água suficiente para garantir sua sobrevivência e, consequentemente, começará a secar internamente, mostrando os sintomas característicos de dessecação, muitas vezes confundidos com a seca.
Esse é um grande problema porque, mesmo que haja água mais do que suficiente no ambiente radicular, se os pelos radiculares morreram por ‘asfixia’, a planta não poderá mais acessar a água para substituir a água utilizada por suas funções reguladoras normais.
A ironia aqui é que, a partir desse momento de crise, a planta entra em uma fase de estresse devido à seca interna e, ao tentar reduzir a perda de água por meio de mecanismos como a queda de folhas, ela irá exibir os mesmos sintomas como se estivesse sofrendo de falta de água no ambiente radicular. Infelizmente, quando as pessoas não sabem disso, elas tendem a colocar ainda mais água ao ver a planta murchar, agravando o problema e causando mais mortes nas raízes.
Além disso, é importante destacar que as plantas que sofrem com todo esse alagamento também podem se tornar anormalmente suscetíveis a certos patógenos fúngicos. Por exemplo, a requeima, uma doença causada pelo oomiceto Phytophthora infestans, causa podridão radicular com mais frequência em solos que ficam periodicamente encharcados.
A primeira coisa que você deve fazer para evitar colocar água em excesso nas suas plantas é verificar o solo circundante e determinar se ele precisa de mais água. No entanto, evite julgar a umidade do solo apenas olhando para a superfície. Você pode usar uma pá ou espátula manual para ter uma ideia melhor da umidade do solo.
Além disso, existem certos dispositivos (como sensores de umidade internos/externos, monitores de água do solo, entre outros) que podem ajudá-lo a determinar a quantidade de umidade que o solo precisa ou não em um determinado momento.
De resto, basta lembrar-se que a quantidade exata de água usada nas plantas é um aspecto muito importante da jardinagem que deve ser entendido com cuidado, pois tem o potencial de arruinar as plantas ou ajudá-las a permanecer saudáveis por anos.
Quem diria que até a quantidade inadequada de água pode matar as plantas, não é mesmo? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!
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