Mesmo com todos os avanços feitos na segurança da aviação ao longo dos anos, muitas pessoas ainda tem medo de viajar pelos céus mundo afora. Consequentemente, voar em meio a um temporal pode ser algo ainda mais aterrorizante para estas pessoas já que seu avião pode ser atingido por um raio, pode ocorrer turbulência, falha humana e tempestades…
E por falar em tempestades, uma das características mais comuns desses fenômenos atmosféricos é a ocorrência de raios. Mas você já se perguntou o que acontece quando um avião é atingido por um raio? Será que é realmente seguro voar em meio a condições tão adversas?
Bem, para início de conversa, voar em meio a uma tempestade de raios não é algo necessariamente perigoso, mas para entender isso da melhor forma, vamos abordar alguns tópicos que ajudam a explicar de onde vem a eficácia das aeronaves contra as descargas elétricas atmosféricas.
Aviões atingidos por raios é algo mais comum do que parece
Antes de entrarmos nas questões mais técnicas, permita-me lhe informar antecipadamente que as ocorrências de aviões atingidos por raios não são tão raras como alguns até podem imaginar. Para se ter uma ideia, quase todos os jatos comerciais são atingidos por raios pelo menos uma vez por ano!
De fato, se você viaja frequentemente, há uma boa chance de sua aeronave já ter sido atingida por um raio. Você pode simplesmente não ter percebido que foi realmente uma descarga elétrica que atingiu seu avião. Os raios geralmente atingem uma das extremidades de um avião (como a ponta das asas ou o nariz) e viajam pelo corpo da aeronave até sair por outra extremidade.
Como o raio carrega muita carga e é incrivelmente quente, muitas pessoas assumem que um avião seria instantaneamente envolvido em chamas e poderia até cair por conta disso. No entanto, na maioria dos casos, os raios não têm um impacto tão sério como alguns poderiam esperar. Basicamente, o avião pode continuar funcionando normalmente, mesmo depois de ter sido atingido por uma descarga do tipo.
Como os aviões suportam a descarga proveniente do raio?
Os raios ocorrem nas nuvens de tempestade o tempo todo. Tendo isso em mente, os aviões foram projetados de forma a suportar poderosas descargas elétricas atmosféricas a qualquer momento e em praticamente qualquer lugar, sem correr o risco de comprometer a segurança das pessoas viajando dentro de sua estrutura. Ou seja, um avião ser atingido por um raio não é uma tragédia.
Ele pode exercer uma quantidade enorme de energia, mas em essência, como qualquer outro circuito, trata-se apenas de um fluxo de elétrons em uma direção específica. A melhor coisa, obviamente, é evitar essas descargas em primeiro lugar, no entanto, se você estiver no caminho iminente desse fenômeno, sua melhor aposta é permitir que as descargas passem sem nenhuma resistência.
É exatamente isso que os aviões fazem. A fuselagem (isto é, o corpo de um avião) é amplamente composta de alumínio e alguns outros metais, sendo que todos eles são bons condutores de eletricidade. Alguns aviões, incluindo o Boeing 787 Dreamliner e o Airbus A350, são fabricados com um composto de carbono leve que é coberto com uma fina camada de cobre, que também é um excelente condutor de eletricidade. Portanto, o avião se transforma em uma gaiola de Faraday, garantindo a segurança absoluta das pessoas dentro dele.
O que é Gaiola de Faraday?
A tal “gaiola de Faraday” foi um experimento conduzido pelo físico Michael Faraday para demonstrar que uma superfície condutora eletrizada possui campo elétrico nulo em seu interior, pois as cargas se distribuem de forma homogênea na parte mais externa da superfície condutora. Em outras palavras, a partir desse experimento foi possível concluir que a eletricidade percorre apenas as extremidades, deixando o interior livre de descargas elétricas.
Vale destacar que o mesmo acontece com os veículos. Desse modo, também podemos concluir que é seguro ficar dentro de um carro durante uma tempestade, desde que o veículo esteja devidamente fechado.
A complexa relação entre raio, tempo severo e aviões
Embora os raios sejam os fenômenos climáticos que mais causam medo na população, existem outros fatores envolvendo o clima que podem causar dores de cabeça para as companhias aéreas. Por exemplo, dezenas de voos de Phoenix, no estado americano do Arizona, foram cancelados em 2017 devido à temperatura local que estava chegando na casa dos 50 °C.
Por quê? Bem, porque o ar quente é menos denso que o ar frio, o que significa que as aeronaves precisam de mais potência do motor para gerar o mesmo empuxo e elevação que usariam em climas mais frios.
Em termos de voo, o frio extremo não apresenta as mesmas dificuldades que o calor, até porque as aeronaves são projetadas para voar a 35.000 pés, onde a temperatura do ar cai para incríveis -51 °C. Porém, no solo, o clima frio pode prejudicar a preparação do voo, pois com o frio intenso, o equipamento necessário para o reabastecimento pode congelar.
Além disso, em dias chuvosos, os pilotos precisam ajustar a distância prevista de pouso de acordo com a quantidade de água na pista. No entanto, a maioria das pistas é construída de maneira que, embora possa ficar molhada, a chance da água ficar parada e causar aquaplanagem costuma ser muito pequena. Viu só como aviões atingidos por raio não deve ser sua maior preocupação?
Precaução é sempre essencial
Embora seja verdade que as aeronaves modernas são muito bem projetadas para resistir a um raio sem afetar as pessoas a bordo, nada disso significa que os aviões estejam absolutamente a salvo deles. Às vezes, os pilotos relatam problemas não fatais, geralmente relacionados a avarias no equipamento da aeronave, como uma breve perda da comunicação após a ocorrência de um raio.
Portanto, antes de cada avião decolar, planejamento e esforço são necessários para decidir o caminho mais seguro que a aeronave seguirá antes do voo para evitar percorrer áreas suscetíveis a raios. Sabemos que avião é atingido por raio regularmente e que isso em geral não mata ninguém, porém é necessária preparação.
Dado o fato de que você realmente “voa” a milhares de quilômetros acima do solo, é sempre melhor não testar o recurso de “proteção contra raios” voando por áreas propensas a descargas elétricas de propósito. No fim das contas, é sempre melhor prevenir do que remediar!
Interessante, não é mesmo? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!