Nem todos os costumes culturais conseguem sobreviver ao desgaste do tempo e aos avanços tecnológicos, só que, ainda hoje, não é incomum ver pessoas andando pelas ruas do Japão com quimonos elegantes e calçados um tanto inusitados. Nesses casos, se você olhar para baixo, provavelmente verá um par de “geta”, que é o nome original dos curiosos “chinelos de madeira” do Japão.
De fato, esses calçados apresentam características tão bizarras para os padrões ocidentais que já deram origem a várias piadas, incluindo o famoso vídeo de humor “Avaianas de pau”, uma paródia criada pelo já extinto website Mundo Canibal. Mas, afinal de contas, por que esses calçados ganharam popularidade entre o público japonês?
Para aprender um pouco mais sobre esses chinelos de madeira japoneses bastante icônicos e ainda muito relevantes, decidimos abordar alguns dos tópicos mais interessantes sobre o desenvolvimento do geta desde o século XVII até os dias modernos.
O termo “geta” abrange um grande grupo de sandálias japonesas tradicionais que, em termos de design, qualquer pessoa pode dizer que parecem ser o resultado da fusão de um chinelo de praia com um tamanco holandês. Estes chinelos de características curiosas são tipicamente feitos de madeira maciça, dando origem a um visual muito distinto quando usados.
O estilo mais clássico de geta é composto por uma tábua de madeira maciça na parte superior com dois pinos menores na parte inferior, situados mais perto da parte frontal do calçado. Os pinos são conhecidos como “ha”, que significa “dente”. O geta também tem um primo, conhecido como zori, que embora seja semelhante em estrutura, é totalmente “desdentado”. Na parte superior do sapato geta, você pode notar a existência de uma tira de tecido em forma de V, conhecida como hanao.
Vale destacar que a forma do geta do século XIX é semelhante à que você pode ver nas ruas japonesas ainda hoje, mas alguns detalhes ornamentais tornavam alguns getas antigos itens bastante especiais, pois apresentam uma estrutura incrivelmente ornamentada em forma de dragão. Feitos de madeira de ótima qualidade e finalizados com toques artesanais minuciosos, esses sapatos provavelmente eram destinados para pessoas de uma classificação social mais alta.
Historicamente, os chinelos de madeira eram usados como parte de uma roupa japonesa de estilo tradicional, acompanhados de um quimono no clima mais frio e um yukata durante o verão. Eles eram, e ainda são, geralmente combinados com meias brancas puras chamadas tabi. Se você é um usuário de tênis, já deve estar ciente da rapidez que um calçado branco absorve a sujeira da rua, e é exatamente por isso que os calçados geta são tão elevados do chão com os seus dentes de madeira.
Às vezes, os geta também são usados na chuva para manter os pés secos, devido à sua altura e impermeabilidade extras em comparação com outros calçados, como o zōri. Eles fazem um barulho bem distinto com relação aos chinelos comuns ao bater no calcanhar do usuário enquanto caminha. Além disso, quando usados em água ou sujeira, os chinelos comuns podem molhar a parte de trás das pernas, mas isso não costuma acontecer com os chinelos de madeira, que são mais pesados.
Curiosamente, esse calçado também ajuda a manter a postura do usuário ereta ao caminhar, promovendo efeitos benéficos a saúde. De fato, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Shizuoka descobriu que esse chinelo também pode ajudar a comprimir pontos de acupuntura, sem falar que é bastante sustentável, visto que pode ser reparado e durar anos se feito com materiais de boa qualidade.
Vale destacar que os calçados geta nem sempre costumam ser usados na neve, pois a neve tende a ficar presa nos dentes do chinelo, dificultando a caminhada. No entanto, nos tempos históricos, há relatos de que eles eram usados na neve em ocasiões esporádicas.
Acima, temos uma imagem de um fabricante de calçados de madeira em ação, feita a partir de uma impressão em calótipo colorida à mão. O artista da imagem é desconhecido, mas estima-se que essa imagem foi criada durante a era Meiji-Taisho (início do século XX).
Os fabricantes desses calçados sempre usaram uma variedade de madeiras diferentes para criar seus sapatos meticulosamente trabalhados, no entanto, uma das madeiras mais comuns que eles sempre usaram foi a madeira de cedro, que não só parece bonita e natural, mas também permite um trabalho preciso com acabamentos muito bem detalhados. A fabricação desses chinelos de madeira atingiu o seu ápice durante o século 19, mas a sua fabricação permanece até hoje.
Os calçados geta são geralmente feitos a partir de um pedaço de madeira maciça, que forma a sola, juntamente com dois blocos de madeira embaixo. Esses blocos também podem ter uma placa de metal na seção que toca o chão para prolongar a vida útil do geta. Os dentes de qualquer geta podem ter uma madeira mais dura perfurada no fundo para evitar rachaduras, sem falar que as solas dos dentes podem ter pedaços de borracha coladas sobre elas.
As gueixas, mulheres japonesas que entretêm o público apresentando antigas tradições de arte, dança e canto, costumam usar um geta alto e distinto chamado okobo, que é semelhante aos chopines usados em Veneza durante o Renascimento. Este tipo específico não têm “dentes”, sendo formado apenas por um único pedaço de madeira.
A parte do meio dos calçados desse tipo é talhada por baixo e a frente é inclinada para acomodar a pé. Eles também são geralmente usados para combinar com um quimono muito bem elaborado.
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