Quando levamos em consideração o fato de que o mundo está cada vez mais globalizado, fica difícil acreditar que alguns times de futebol ainda mantêm políticas restritivas voltadas à proibição da contratação de jogadores que não possuem vínculo com o seu país ou região. No entanto, isso realmente acontece na prática!
Existem várias razões pelas quais esses clubes resolveram adotar uma política de seleção tão arraigada, o que inclui a reafirmação da identidade local ou nacional, a geração de senso de pertencimento entre os torcedores e até mesmo a construção de seu próprio símbolo esportivo e cultural. Nesse sentido, vale a pena perguntar: quais são essas equipes e como elas gerenciaram essa política inusitada?
Ao longo desse artigo, nós vamos explorar os três maiores times de futebol que adotam essa regra. Você vai ver que, para algumas equipes, valores identitários e patriotismo são mais importantes do que a construção de um time repleto de craques internacionais.
Athletic Club Bilbao (Espanha)
O Athletic Club de Bilbao é um clube de futebol da cidade de Bilbao, localizada na região do País Basco, Espanha. A equipe foi fundada em 1898 através de moradores da Inglaterra. A fundação do clube ocorreu por volta da década de 1890, graças ao fato de que alguns marinheiros ingleses que trabalhavam nos portos da região costumavam jogar futebol em seu tempo livre.
Ao lado do FC Barcelona e do Real Madrid Football Club, esses são os únicos clubes que disputaram todas as edições da Primeira Divisão da Espanha desde o início em 1928. O “Athletic” possui 33 títulos oficiais, incluindo 8 títulos da liga. É também o quarto clube com mais troféus depois do Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid.
O Athletic Bilbao tem como política contratar apenas jogadores que nasceram dentro dos territórios do País Basco ou jogadores filhos de pais bascos. Embora não seja necessariamente um país, mas uma comunidade autônoma, o País Basco possui uma população que leva muito a sério as suas tradições culturais, o que ajuda a explicar a vigência dessa política de contratação restritiva até os dias de hoje.
O clube entende como “o País Basco” a área que possui a presença majoritária do povo basco entre a Espanha e a França. Alguns jogadores notáveis que já vestiram a camisa do clube incluem Telmo Zarra, Rafael Moreno Aranzadi “Pichichi”, José Ángel Iribar, Fernando Amorebieta, Fernando Llorente, entre outros.
Club Deportivo Guadalajara (México)
Um comerciante de origem belga chamado Edgar Everaert fundou essa equipe em 8 de maio de 1906, sendo originalmente chamada “Chivas do México”. No início, a maioria dos jogadores do clube era formada por franceses, mas anos mais tarde, o clube passou a adotar a ideia de ter apenas jogadores nascidos no México. Por esse motivo, o “Rebaño Sagrado”, como é carinhosamente chamado, é historicamente reconhecido por trabalhar no treinamento de jovens jogadores com o objetivo de construir as bases da seleção mexicana.
O Guadalajara e seu maior rival, o Club de Fútbol América, são os únicos clubes mexicanos que jogaram todas as edições da liga nacional desde o início. Com o passar dos anos, o Guadalajara se tornou uma das equipes mais vencedoras da história do México. A equipe venceu 12 campeonatos nacionais, 4 Copas do México, 7 Copas dos Campeões (competição entre os vencedores do torneio apertura e clausura) e 1 Supercopa do México.
Internacionalmente, o Guadalajara é a melhor equipe de futebol mexicana a competir na Copa Libertadores da América, tendo alcançado as semifinais duas vezes (2005 e 2006) e sendo a equipe vice-campeã na edição de 2010. Também vale destacar que o Guadalajara tem a maior torcida do país, contando com o apoio de 44,2% do total de torcedores do México
Ao longo de sua história, o Chivas treinou jogadores de renome mundial, como Eduardo De la Torre, Carlos Salcido, Francisco Javier Maza Rodriguez, Carlos Vela e Javier “Chicharito” Hernandez.
Club Deportivo El Nacional (Equador)
O El Nacional iniciou suas operações em 1960 como uma equipe de futebol chamada Club Mariscal Sucre. Em 1º de junho de 1964, foi oficialmente refundado como Club Deportivo El Nacional. “A Máquina Cinza”, como é conhecida, é caracterizada por ter parceiros que são na sua maioria membros militares ativos ou aposentados do Equador.
De fato, o El Nacional foi administrado pelas Forças Armadas do Equador desde a sua fundação até 2013, quando o clube comemorou as suas primeiras eleições democráticas. Mas mesmo com as mudanças recentes, o time mantém há muito tempo a tradição de contratar apenas jogadores equatorianos, uma prática que lhe rendeu o apelido de “Los Puros Criollos”, que pode ser traduzido como “Os Nativos Puros”.
O mais interessante disso tudo é que, embora o El Nacional seja uma das poucas equipes de futebol do continente que ainda respeitam a regra de nunca contratar um estrangeiro, o colombiano Rinson Lopez tentou burlar essa tradição ao falsificar seus documentos de identificação. De certo modo, ele até conseguiu jogar 30 partidas e fazer um gol pelo time, mas ao saber do escândalo, o El Nacional prontamente afastou Rinson López do clube.
“Os criollos puros” conquistaram 13 campeonatos nacionais, sendo um dos times com mais títulos em todo o país. Alguns dos jogadores mais notáveis que já passaram pelo clube incluem nomes como Antonio Valencia, Felix Borja e Christian “Chucho” Benitez.
Quem diria que alguns clubes de futebol possuem políticas de contratação tão restritivas, não é mesmo? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!