Quando você pensa no Antigo Egito ou nos nativos desta região, qual é a primeira coisa que vem à sua mente? As pirâmides? Pinturas antigas? A esfinge? Hieróglifos? Bem, todas essas coisas são incríveis, é claro, mas se você observar com atenção, verá que uma das coisas mais curiosas a respeito do Antigo Egito é o fascínio que essa sociedade tinha pelos gatos.
De certo modo, os antigos egípcios respeitavam inúmeras criaturas que compartilhavam o espaço com eles. No entanto, os gatos, em particular, ocupavam um lugar muito especial nos lares e corações de muitos habitantes daquela região antiga. Embora eles adorassem vários outros animais, eles preferiam os gatos.
Os antigos egípcios levaram o amor por gatos a níveis incrivelmente altos, tanto que muitas vezes colocavam a segurança de seus felinos acima das suas. Por exemplo, quando o gato de estimação morria, a família raspava as sobrancelhas para lamentar e continuava lamentando até que as sobrancelhas voltassem a crescer.
Consequentemente, podemos fazer uma pequena pausa e nos perguntar: afinal de contas, por que os egípcios amavam tanto seus gatos? Bem, basicamente, os antigos egípcios valorizavam seus gatos por duas razões principais: primeiramente, esses animais protegiam a agricultura dos roedores; segundo, eles sempre estiveram profundamente arraigados nos sistemas de fé e crença do Antigo Egito.
Os gatos protetores de alimentos
Acredita-se que os gatos começaram a ser domesticados pela primeira vez no Egito a cerca de 10.000 anos atrás, depois que alguns felinos se perderam em fazendas agrícolas. As sociedades egípcias antigas eram primariamente agrárias e enfrentavam grandes problemas em termos de manter seus produtos longe de invasores, como ratos e cobras. Por isso, numa época em que os alimentos não eram encontrados em abundância, os gatos desempenhavam um papel crucial na garantia da segurança alimentar.
Os antigos egípcios aprenderam desde cedo que os gatos selvagens poderiam salvar as suas colheitas, alimentando-se dos animais que eram considerados grandes pragas. Logo, muitas famílias começaram a deixar comida para os gatos como uma forma de fazê-los visitar suas casas mais regularmente. A certa altura, quase todas as famílias egípcias passaram a criar gatos, o que ajudava a manter roedores e outras ameaças à distância.
Esse relacionamento passou a ser considerado como um relacionamento simbiótico ou mútuo, onde tanto os gatos quanto os egípcios se beneficiavam com tal parceria. Basicamente, os gatos gostavam de viver com os seres humanos porque isso significava que eles teriam acesso à comida (vermes e alimentos deixados por eles), sem falar que também podiam evitar ameaças como grandes predadores. Por outro lado, os egípcios passaram a contar com um sistema de controle de pragas totalmente grátis!
Desse modo, não demorou muito para que agricultores migrantes, camponeses, marinheiros e comerciantes (ou seja, praticamente todo mundo) levassem gatos domésticos para onde quer que fossem. E foi assim que os gatos foram introduzidos em vários lugares do Egito.
O papel das crenças e mitos na popularização dos felinos
Além de sua habilidade de conter os avanços de roedores, os gatos também eram conhecidos por serem importantes do ponto de vista espiritual. Por exemplo, muitos egípcios acreditavam que se um gato aparecesse em seus sonhos, seria um forte sinal de que a boa sorte estava a caminho.
Os gatos também eram constantemente relacionados a muitas religiões durante os tempos do Antigo Egito. Por exemplo, a deusa Mafdet, que lembrava um guepardo, foi uma das primeiras divindades do Egito. Ela era fortemente adorada por aqueles que buscavam proteção contra criaturas venenosas, como cobras, sem falar que ela também era considerada a representante da justiça.
No entanto, Bastet era a mais famosa entre todas as deusas com aparência de felino. Bastet, que era meio felino e meio mulher, era conhecida como a guardiã das casas, pois lutava contra o mal e as doenças. As pessoas a adoravam amplamente, pois ela também estava associada à feminilidade e à fertilidade. Ela era tão popular que um festival em homenagem a ela era realizado regularmente, tornando-se uma das maiores celebrações do Antigo Egito.
Curiosamente, os sacerdotes dos templos mantinham grandes cemitérios onde as pessoas podiam enterrar seus gatos mumificados. Vale destacar que, embora houvesse muitas outras deusas egípcias felinas (como Mafdet e Sekhmet), Bastet era a única que representava o gato doméstico.
O tamanho da devoção dos antigos egípcios aos gatos
A maior prova da devoção dos antigos egípcios com relação aos gatos foi vista na Batalha de Pelúsio (525 a.C.), quando o rei Cambises II da Pérsia conquistou o Egito. Dizia-se que Cambises sabia do amor dos antigos egípcios por gatos, tanto que ele resolveu aproveitar essa devoção para benefício próprio durante a guerra. Na ocasião, ele pediu a seus homens que reunissem o maior número possível de gatos e que também pintassem imagens de gatos em seus escudos de batalha.
Quando os soldados persas começaram a marchar em direção à cidade de Pelúsio, vários gatos foram lançados contra os egípcios, enquanto os demais foram mantidos nos braços de soldados persas. Os egípcios estavam tão relutantes em se envolver na batalha (devido ao medo de machucar os gatos) que se renderam à derrota e deixaram o reino egípcio ser conquistado pelos persas.
O mais interessante disso tudo é que muitas leis estavam em vigor para proteger os gatos durante os tempos antigos. Por exemplo, se uma pessoa matasse um gato, mesmo que por acidente, a pena poderia ser a morte. Também era ilegal comercializar e exportar gatos para outros países. Além disso, quando os gatos morriam, eles deviam ser mumificados e seus donos deixavam regularmente comida para eles. Às vezes, os gatos eram enterrados junto com seus donos para mostrar o tamanho do amor entre ambos.
Agora que você sabe por que os egípcios amavam tanto seus gatos, da próxima vez que se deparar com um na rua, você poderá tratá-lo com um pouco mais de respeito, assim como as civilizações antigas faziam milhares de anos atrás.
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