Você já deve ter ouvido falar no Muro de Berlim, que por sua vez dividiu a Alemanha em duas após o fim da Segunda Guerra Mundial. Essa divisão era uma parte significativa de algo ainda maior chamado Guerra Fria, que foi um conflito de 40 anos entre Estados Unidos e União Soviética que terminou em 1991, logo após a queda do Muro e o fim da União Soviética.
O termo “fria” é comumente usado para descrever esse período porque não houve combates em larga escala diretamente associados entre as duas superpotências, embora cada uma delas tenha apoiado grandes conflitos regionais em partes estratégicas do mundo. Mas, afinal de contas, por que esse conflito teve início?
Ao longo desse artigo, nós vamos analisar resumidamente a história da Guerra Fria e por que ela foi uma parte tão significativa da história moderna.
A tensa relação entre Estados Unidos e União Soviética
Durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética lutaram juntos como aliados contra as potências do Eixo. No entanto, o relacionamento entre as duas nações sempre foi tenso. Os americanos há muito tempo desconfiavam do comunismo soviético e se preocupavam com o domínio tirânico do líder Joseph Stalin.
Por sua parte, os soviéticos não gostavam da recusa de décadas dos americanos em tratar a URSS como uma parte legítima da comunidade internacional, bem como de sua entrada tardia na Segunda Guerra Mundial, que resultou na morte de dezenas de milhões de soviéticos. Depois que a guerra terminou, essas queixas não demoraram muito para se transformar em um sentimento avassalador de desconfiança e inimizade mútuas.
O expansionismo soviético do pós-guerra na Europa Oriental alimentou o medo de muitos americanos de haver um plano russo de controlar o mundo. Enquanto isso, a URSS passou a ressentir-se do fato de que eles consideravam a retórica belicosa das autoridades americanas e a abordagem intervencionista das relações internacionais como medidas perigosas. Em uma atmosfera tão hostil, surgiu a Guerra Fria, um período de tensão geopolítica que alguns historiadores acreditam que era algo totalmente inevitável.
Os soviéticos operavam um estado comunista (de 1922 a 1991), enquanto países ocidentais, como os EUA, eram majoritariamente capitalistas. Durante a Guerra Fria, nações comunistas e capitalistas tentaram se superar, competindo entre si para desenvolver as melhores tecnologias e armas.
A Era Atômica
Em meados do fim da década de 1940, os Estados Unidos passaram a considerar a força militar como a principal arma para conter o expansionismo comunista em qualquer lugar que ele pudesse estar ocorrendo. Para esse fim, o governo pediu ao congresso um aumento de quatro vezes nos gastos com a defesa. Em particular, as autoridades americanas incentivaram o desenvolvimento de armas atômicas como as que haviam encerrado a Segunda Guerra Mundial.
Assim, teve início uma grande “corrida armamentista”. Em 1949, os soviéticos testaram uma bomba atômica própria. Em resposta, o presidente Truman anunciou que os Estados Unidos construiriam uma arma atômica ainda mais destrutiva: a bomba de hidrogênio, ou “superbomba”. Stalin seguiu o exemplo, desenvolvendo armas com potencial de destruição similar.
Como resultado, os riscos da Guerra Fria passaram a ser perigosamente altos. O primeiro teste da bomba H, no Atol de Eniwetok, nas Ilhas Marshall, mostrou o quão assustadora a era nuclear poderia ser. Para se ter uma ideia, uma bola de fogo vaporizou uma ilha das ilhas, abriu um enorme buraco no fundo do oceano e tinha o poder de destruir metade de Manhattan, o distrito mais densamente povoado de Nova York. Posteriormente, outros testes americanos e soviéticos subsequentes lançaram resíduos radioativos na atmosfera.
A sempre presente ameaça de aniquilação nuclear também teve um grande impacto na vida doméstica americana, de modo que as pessoas passaram a construir abrigos em seus quintais. Além disso, as décadas de 1950 e 1960 viram o surgimento de uma grande quantidade de filmes que assustavam os espectadores com retratos de devastação nuclear e criaturas mutantes. Nessas e outras formas, a Guerra Fria passou a ser uma presença constante na vida cotidiana dos americanos e soviéticos.
A Era Espacial
A exploração espacial serviu como outra arena de batalha para a competição da Guerra Fria. Em 4 de outubro de 1957, o míssil balístico soviético R-7 lançou o Sputnik, o primeiro satélite artificial do mundo e o primeiro objeto artificial a ser colocado na órbita da Terra. O lançamento do Sputnik foi uma surpresa (não agradável, obviamente) para a maioria dos americanos, pois nos Estados Unidos, o espaço era visto como a próxima fronteira a ser ultrapassada pelos americanos.
Com isso, os Estados Unidos intensificaram os esforços relacionados aos avanços espaciais, mas ainda assim, os soviéticos estavam um passo à frente, lançando o primeiro homem ao espaço em abril de 1961. Com isso, o então presidente americano, John F. Kennedy, fez a ousada alegação pública de que os americanos pisariam na lua até o final da década. Sua previsão se tornou realidade em 20 de julho de 1969, quando Neil Armstrong, da missão Apollo 11 da NASA, tornou-se o primeiro homem a pisar no solo lunar.
Os efeitos da Guerra Fria em outros países
Em junho de 1950, a primeira ação militar da Guerra Fria começou quando o Exército Popular da Coreia do Norte, apoiado pelos soviéticos, invadiu seu vizinho pró-ocidente ao sul. Muitas autoridades americanas temiam que esse fosse o primeiro passo de uma campanha comunista para dominar o mundo e consideravam que a não-intervenção não era uma opção. Assim, o presidente Truman enviou os militares americanos para a Coreia, mas a Guerra da Coréia se arrastou para um impasse e só terminou em 1953.
Em 1955, os Estados Unidos e outros membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) fizeram da Alemanha Ocidental um membro da OTAN e permitiram sua remilitarização. Os soviéticos responderam com o Pacto de Varsóvia, uma organização de defesa mútua entre União Soviética, Albânia, Polônia, Romênia, Hungria, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia e Bulgária, o que estabeleceu um comando militar unificado sob o marechal Ivan S. Konev da União Soviética.
Outras disputas internacionais se seguiram. No início da década de 1960, o Presidente Kennedy enfrentou uma série de situações preocupantes em seu próprio hemisfério. A invasão da Baía dos Porcos em 1961 e a crise dos mísseis cubanos no ano seguinte pareciam provar que a suposta ameaça comunista estava no seu auge.
Em nenhum lugar isso foi tão evidente quanto no Vietnã, onde o colapso do regime colonial francês levou a uma luta entre o nacionalista pró-Estados Unidos Ngo Dinh Diem, do sul, e o nacionalista comunista Ho Chi Minh, do norte. No início da década de 1960, parecia claro para os líderes americanos que, se eles quisessem “conter” o expansionismo comunista com sucesso, teriam que intervir mais ativamente em nome de Diem.
No entanto, o que pretendia ser uma breve ação militar se transformou em um conflito de 10 anos que culminou na vitória do Vietnã do Norte (comunista)
O fim da Guerra Fria
Na década de 1980, os problemas políticos e econômicos enfrentados pela União Soviética provaram ser grandes demais para a nação suportar. Em resposta aos graves problemas econômicos e à crescente instabilidade política na URSS, o primeiro-ministro Mikhail Gorbachev assumiu o cargo em 1985 e introduziu duas políticas que redefiniram o relacionamento da Rússia com o resto do mundo: “glasnost”, focada na abertura política, e “perestroika”, com foco na reforma econômica.
Consequentemente, a influência soviética na Europa Oriental diminuiu. Em 1989, vários estados comunistas da região passaram a adotar medidas mais voltadas ao capitalismo. Em novembro daquele ano, o Muro de Berlim, o símbolo mais notável da Guerra Fria, foi finalmente destruído.
Em 1991, a União Soviética chegou ao fim, colocando um ponto final na longa e conturbada história da Guerra Fria.
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