Quando se fala nos Estados Unidos, coisas como as movimentadas avenidas de Nova York e as ensolaradas praias de Miami surgem constantemente em nossas mentes. No entanto, assim como qualquer outro país no mundo, os Estados Unidos também contam com regiões bastante empobrecidas. Mas você já se perguntou qual é o estado mais pobre dos EUA?
Bem, se levarmos em conta os indicadores sociais e econômicos emitidos pelo próprio governo americano, podemos facilmente chegar à conclusão que o Mississippi é o estado mais pobre dos EUA. Para se ter uma ideia, analisado dados de 2017, o estado americano mais rico era Maryland. Em suma, a renda familiar média nesse estado era de US $ 78.916 por ano. Por outro lado, no Mississippi, o estado mais empobrecido, a renda média anual não passava de US $ 42.009.
Mas, afinal de contas, por que o Mississippi é tão pobre para os padrões dos Estados Unidos? Quais foram os fatores que lhe provocaram tanto atraso se comparado aos outros estados americanos? São essas as questões que vamos abordar ao longo desse artigo!
Por mais incrível que pareça, o Mississippi já foi um estado muito rico. No entanto, a sua riqueza começou a desmoronar quando o estado se separou dos Estados Unidos em 1861, juntando-se aos Estados Confederados da América. Como dependia massivamente da agricultura na época, o Mississippi era contra a abolição da mão de obra escrava. Porém, ele acabou sendo um dos estados mais afetados pela Guerra Civil Americana, que arruinou sua economia e provocou efeitos que podem ser vistos até aos dias atuais.
De certo modo, a maioria dos estados mais pobres dos Estados Unidos está no sul do país. No geral, eles sofrem economicamente porque historicamente sempre foram altamente dependentes da agricultura, especialmente algodão e tabaco. Desde 1998, o número de fazendas de algodão caiu pela metade, pois a demanda por esses produtos caiu à medida que os consumidores se voltaram para os sintéticos. Além disso, o uso de tabaco caiu devido a declínios nas taxas de fumantes, resultando em grandes percas econômicas.
Sendo assim, a agricultura no estado não gera dinheiro como antes. É claro que alguns agricultores podem ganhar um bom dinheiro, mas os funcionários que eles contratam não podem dizer o mesmo. Em resumo, o fato é que esses agricultores tendem a contratar imigrantes indocumentados porque estes cobram taxas baratas pelo trabalho. Da mesma forma, desde que a agricultura se tornou mecanizada e automatizada, as melhores oportunidades de emprego na área passaram a ser cada vez mais escassas.
Além disso, o Mississippi não tem muita manufatura, o que implica diretamente na sua fraca economia. De fato, os empregos de manufatura (especialmente os relacionados a grandes empresas de tecnologia) são alguns dos mais bem pagos nos Estados Unidos. Sendo assim, o estado sulista fica restrito à sua agricultura, que como já foi citado, não anda muito bem há anos.
Da mesma forma, a educação é outro fator a considerar. No geral, a educação no Mississippi é bem ruim, se comparada a dos outros estados americanos. Para piorar a situação, muitos dos seus melhores estudantes partem para as universidades de outros estados, o que contribui para um problema comumente denominado “fuga de cérebros”. Na prática, isso acontece porque existem poucos empregos considerados “bons” para pessoas com altos níveis de educação no estado.
Consequentemente, à medida que pessoas com ótimos currículos deixam o estado, passa a haver um grande vazio no desenvolvimento local. Em síntese, são necessárias pessoas instruídas e expostas para investir dinheiro, iniciar negócios ou tornar-se profissionais licenciados. Porém, nesse quesito, o Mississippi não encontra meios para atrair essas mentes. Até mesmo em termos regionais o Mississippi sofre por estar entre estados com oportunidades muito mais atraentes como Texas e Geórgia.
O racismo é outro assunto a ser discutido. No geral, o racismo é mais evidente no Mississipi do que em outros lugares, o que acaba por dificultar o progresso dos negros pobres. Ao longo da história, os negros do Mississippi enfrentaram muita violência sob a forma de linchamento, tiroteios e perseguições. Eventos envolvendo membros da Ku Klux Klan e seus simpatizantes contra ativistas negros pioraram ainda mais a situação, tornando o Mississippi um lugar de grande desigualdade racial.
Por último, vale destacar que o Mississippi também sofre seriamente de insegurança alimentar. Nos últimos oito anos, o estado tem sido o estado mais faminto dos EUA. Atualmente, cerca de 20% da população do estado apresenta problemas alimentares, incluindo 1 em cada 4 crianças. Curiosamente, o estado também possui alguns dos maiores índices de obesidade per capita do país, o que pode ser explicado pelo fato de que sua população recorre aos fast-foods (comida barata e nada saudável) para saciar a fome.
Embora os índices socioeconômicos conspirem contra, o Mississippi ainda tem como se recuperar. De fato, boa parte dos problemas do estado correspondem a uma região específica conhecida como Delta. Se você excluir o Delta, o Mississippi pode ser estatisticamente semelhante aos outros estados do sul dos EUA. O Delta serviu como a sede da escravidão americana e, consequentemente, virou palco de muita desigualdade e instabilidade política e econômica.
Apesar de ainda permanecer em desvantagem econômica com relação ao resto do país, o Mississippi tem visto uma certa melhora no emprego e remuneração nos últimos anos. Algumas das grandes fazendas do estado passaram a concentrar seus esforços em animais e produtos lácteos, abandonando o ultrapassado modelo de negócios focado em algodão e tabaco que consagraram o Mississippi como o estado mais pobre dos EUA.
Da mesma forma, algumas empresas também passaram a olhar para o Mississippi com bons olhos, ainda que esse processo seja relativamente lento. O setor industrial vem sendo um importante colaborador do produto bruto do estado e uma importante fonte de emprego. Hoje, as principais indústrias do Mississippi incluem fábricas de móveis estofados, peças automotivas, produtos relacionados à madeira e empresas de alimentos processados (especialmente frutos do mar das águas costeiras).
Em suma, ser o estado com a maior taxa de pobreza do país têm causado sérios problemas para o Mississippi. No entanto, a situação local pode estar melhorando, ainda que a passos mais lentos que o esperado. De certo modo, a chegada de novas corporações e uma nova abordagem com relação à agricultura podem resultar em melhorias significativas. Ainda assim, parece haver um longo caminho à frente para o Mississippi abandonar o melancólico título de estado mais pobre dos EUA.
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