Apesar de ter sido um iceberg o que afundou o Titanic e muitos outros navios ao longo dos anos, não podemos negar que os icebergs são recursos imensamente valiosos para os seres humanos, pelo menos em termos de água. Consequentemente, isso levanta uma questão interessante: com todo o debate atual sobre a escassez de água em muitas partes do mundo, será que não podemos simplesmente usar a água dos icebergs para atender às necessidades da crescente população do planeta?
Ao longo desse artigo, nós vamos explorar a viabilidade de uma hipotética extração de água potável dos icebergs e os possíveis problemas que poderiam surgir a partir disso.
Podemos usar os icebergs como fonte de água?
Bem, em tese, podemos dizer que sim. Um iceberg é, basicamente, um enorme pedaço de gelo que contém água doce (água não salina) e que geralmente flutua na superfície da água dos oceanos. No geral, o peso dos icebergs costuma variar de 100.000 a 200.000 toneladas.
Para tornar isso um pouco mais fácil de conceituar, imagine que um iceberg desse tamanho pode conter quase 20 bilhões de galões de água doce. Muita água, não é mesmo? De fato, essa grande quantidade do líquido mais precioso do nosso planeta poderia atender às necessidades diárias de 1 milhão de pessoas por 5 anos. Ou seja, essa é uma quantidade incrivelmente grande de água doce!
Dada a quantidade de água que os icebergs retêm, eles poderiam servir como fontes muito importantes de água potável para atender às necessidades da população em crescimento, não é mesmo? Basicamente, tudo o que alguém precisaria fazer seria amarrar um iceberg com cordas extremamente fortes e levá-lo para casa com alguns rebocadores de alta potência, certo? Obviamente, esse processo até pode parecer simples, mas do ponto de vista prático, não é algo tão fácil de executar, como veremos a seguir.
Os problemas que surgiriam ao tentar “rebocar” um iceberg
Em suma, um iceberg até pode ser rebocado para a costa, mas há duas questões principais que precisam ser abordadas. A primeira é bastante óbvia: um iceberg é um objeto grande demais para ser “rebocado”. De fato, a expressão “ponta do iceberg” vem do fato de que apenas uma porção muito pequena de todo o iceberg é visível acima da superfície da água. Ou seja, uma porção muito maior do iceberg permanece submersa debaixo d’água.
Sendo assim, com esse tamanho enorme, seria difícil movê-lo para qualquer lugar próximo à terra. É por isso que você precisaria coletar a água do invólucro do iceberg e bombeá-la para a terra para usá-la. Além disso, o outro problema que essa operação traria seria o derretimento do iceberg. À media que essa rocha gigante de gelo fosse movida para a costa, ela poderia derreter ao ser arrastada pela água do mar.
Mesmo que a água do mar estivesse muito fria, ela forneceria calor suficiente para derreter parte do iceberg. Para entender isso melhor, pense no que acontece quando você coloca um cubo de gelo em água corrente. Em uma situação como essa, a água faz com que o cubo derreta rapidamente, não importa o quão fria ela possa estar.
Portanto, seria necessário um tipo especial de “embalagem” que pudesse reter a água enquanto o iceberg derretesse. Provavelmente, isso exigiria muito tecido, talvez Kevlar ou algo igualmente durável. No entanto, mesmo esse material resistente ainda seria propenso a apresentar falhas por conta das temperaturas adversas encontradas ao longo da jornada.
Um método alternativo que poderia reter a água dos icebergs
Apesar de todos os percalços apresentados, a extração de água dos icebergs pode ser feita por um método alternativo que poucas pessoas já consideraram: a mineração. No geral, os icebergs (muitos dos quais podem ser encontrados no Ártico) podem ser extraídos do oceano sem a necessidade de rebocá-los de qualquer lugar, ao mesmo tempo em que as lascas de gelo podem ser armazenadas em navios superpetroleiros.
Em resumo, esses navios-tanque têm capacidade para armazenar quase 100 milhões de galões. O único problema é que, embora essa quantidade possa aparentar ser muito, esse montante ainda é bastante pequeno se comparado à capacidade gigantesca de um iceberg.
Ainda assim, o fato é que os navios-tanque podem ser usados efetivamente para extrair água doce de icebergs, pois evitam os dois principais problemas mencionados anteriormente. Além disso, como a tecnologia nessa área provavelmente melhorará no futuro, como sempre acontece, superpetroleiros maiores e de maior volume poderão ser desenvolvidos para realizar essa tarefa.
Independente de tudo isso, a questão é que o mundo precisará de muita água doce nos próximos anos para saciar a sede de nossa crescente população. Desse modo, precisamos descobrir maneiras mais criativas e eficazes de enfrentar esse desafio iminente.
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