Ao longo da história, os seres humanos aprenderam a conviver com a gravidade, apesar de seus vários inconvenientes, e a aceitá-la como um fato físico irreversível do universo. Mas não pra Roger Babson. Esse empresário e economista americano de sucesso passou a sua vida inteira tratando a gravidade como sua inimiga.
Roger Babson nasceu em 1875 em Gloucester, Massachusetts. Ele frequentou o MIT e logo depois de se formar em engenharia, fundou uma empresa de análise de segurança e gestão de investimentos. Uma década depois e Babson já havia se tornado milionário. Através de uma série de investimentos lucrativos, Babson multiplicou sua fortuna e tornou-se um dos principais economistas de seu tempo. Ele também foi autor de mais de 40 livros sobre problemas econômicos e sociais e centenas de artigos de revistas e colunas de jornais. Provavelmente você está se perguntando nesse momento: “Tá, mas por que ele odiava a gravidade?”
Bem, agora que já conhecemos a figura, vamos falar sobre a obsessão do nosso amigo Roger. Suas desavenças com a gravidade começaram na infância. Em uma redação sua, intitulada “Gravidade – Nossa Inimiga Número Um” em tradução livre, Babson relembrava o afogamento de sua irmã, um acidente que ele culpava diretamente a gravidade. “Ela foi incapaz de lutar contra a gravidade que veio e a pegou como um dragão e a trouxe para o fundo. Lá ela sufocou e morreu por falta de oxigênio”, escreveu o empresário.
“Aos poucos, descobri que a gravidade não é apenas diretamente responsável por milhões de mortes a cada ano, mas também por milhões de acidentes”, continuava em seu texto. “Quadris fraturados e outros ossos quebrados, assim como inúmeros problemas circulatórios, intestinais e outros problemas internos estão diretamente ligados à incapacidade das pessoas em contrariar a gravidade em um momento crítico”.
Seu rancor com a força fundamental do universo aumentou ainda mais com a morte de seu neto em 1947, também por afogamento. Em um ano, Roger Babson fundou a Gravity Research Foundation para buscar ideias de como controlar a gravidade e até mesmo derrotá-la. Naquela época, a Teoria da Gravidade era, em grande parte, uma área negligenciada de pesquisa, e Babson queria estimular o interesse pelo estudo. Até prêmios monetários foram dados para as melhores ideias apresentadas em sua instituição.
Com medo de uma reação negativa da comunidade científica, o colaborador mais próximo de Babson, George M. Rideout, o aconselhou a reformular suas declarações de modo que parecesse que a fundação não estivesse tentando combater a gravidade, mas sim, entendê-la. Como a fundação estipulou que as doações seriam usadas somente para pesquisa antigravitacional, o dinheiro não foi utilizado por décadas, porque muitas instituições não conseguiam descobrir como gastá-las.
Roger Babson viria a falecer em 1967, obviamente sem sucesso na sua obsessão de derrotar a gravidade. Convenhamos que, por mais absurdo que possa parecer lutar contra agravidade, é de se admirar o fascínio de Babson em tentar mudar algo que te “incomodava”. Como você pode ver na imagem acima, monumentos entregues pela sua fundação foram espalhados por algumas universidades dos Estados Unidos. E sim, a Gravity Research Foundation existe até hoje! Porém, a entidade destina-se totalmente a pesquisas para melhor compreensão da gravidade, e não à sua condenação.
Isso tudo mostra como as coisas mais comuns do nosso cotidiano podem mexer profundamente com as cabeças das pessoas mais bem sucedidas. De certo modo, o ódio pela gravidade de Roger era nada mais, nada menos do que a dor de ver as vidas de seus entes queridos serem levadas pelas forças indomáveis desse mundo caótico, sem que ele pudesse fazer nada. E no final das contas ele não conseguiu bem o que queria, mas ajudou a construir a instituição que a comunidade científica da época precisava.
Interessante, não? Comente! 😀