Durante o século XIX, fazendeiros do condado de Sioux, no estado americano do Nebraska, passaram a desenterrar estranhas estruturas em espiral de um material rochoso endurecido que saía verticalmente do solo. As espirais eram tão grossas quanto um braço humano e algumas delas chegavam a ser mais altas que um homem adulto. Sem saber o que de fato era aquilo, os fazendeiros começaram a chamá-las de “saca-rolhas do diabo”.
Essas estruturas intrigantes só foram analisadas pela comunidade científica no ano de 1891, através do geólogo Dr. EH Barbour. Ele havia sido chamado por um fazendeiro local que tinha descoberto uma dessas formações em suas terras. Barbour, então, descobriu que as espirais eram na verdade tubos cheios de areia com as paredes externas feitas de algum material fibroso. O geólogo sabia que eles eram fósseis, mas não tinha total certeza do quê. Ele resolveu nomeá-los Daemonelix, que significava “saca-rolhas do diabo” em latim.
No ano seguinte à descoberta, Barbour começou a esboçar as suas primeiras hipóteses. Inicialmente, ele acreditava que Daemonelix deveria ser a raiz de uma gigantesca esponja de água doce que vivia em imensos lagos de água doce que antes existiam por aquela região. Por um tempo, a teoria até prevaleceu, mas a descoberta posterior da presença de ossos de roedores dentro dos saca-rolhas do diabo colocou um ponto de interrogação na comunidade científica.
Outras pesquisas também revelaram que as rochas que cercavam os fósseis Daemonelix tinham mais características em comum com pastagens semi-áridas do que com lagos, levando Barbour a sugerir que as espirais se tratavam de um novo tipo de plantas gigantes, mas a hipótese das plantas veio a ser abandonada depois da descoberta de marcas de arranhões no interior das espirais, indicando a ação de um animal.
Em 1905, os animais responsáveis pela criação dos saca-rolhas do diabo foram identificados como uma espécie de castores chamados Palaeocastor, que viveu na região há milhões de anos e que hoje está extinto.
O Palaeocastor era do mesmo tamanho das marmotas. Eles tinham rabos curtos, orelhas e olhos pequenos, mas longas garras e dentes frontais resistentes o bastante para neutralizar o desgaste resultante da escavação. A natureza espiral da toca poderia ter provido proteção contra os predadores, que não conseguiriam descer tão facilmente como em uma toca reta. A estrutura em espiral também poderia ter facilitado o trabalho do Palaeocastor em empurrar a terra escavada para cima.
Acredita-se que os Palaeocastores morreram durante a era geológica do Oligoceno, quando o ecossistema do planeta mudou de um clima úmido para um mundo tropical mais seco e dominado por pastagens. Todos os fósseis encontrados na região estão expostos no Museu de História Natural do Estado de Nebraska e podem ser vistos pelo público.
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