Imagine que você está caminhando tranquilamente em um parque, quando de repente, você vê um pequeno carrapato preso na sua perna. Obviamente, você logo remove o carrapato do seu corpo e continua percorrendo o seu trajeto, acreditando que nada demais vai acontecer. Dias depois, você sai para jantar e resolve comer uma boa linguiça de porco. Naquela mesma noite, você acorda enjoado, atordoado, cheio de pequenos caroços pelo corpo que coçam continuamente e percebe que seu corpo não está nada bem. História bizarra, não é mesmo? Pois bem, foi exatamente isso o que aconteceu com uma corretora de imóveis americana chamada Laura Stirling ao ser mordida por um carrapato estrela solitária (Amblyomma cajennense).
Por mais surreal que pareça, casos como o de Laura estão acontecendo com mais frequência nos últimos anos. Uma única mordida deste minúsculo carrapato pode causar graves reações à carne de vaca, porco e cordeiro. O fenômeno foi notado pela primeira vez pelo alergologista Scott Commins cerca de 10 anos atrás. Em 2014, ele chegou a publicar um dos primeiros trabalhos acadêmicos sobre alergias à carne vermelha causadas por mordidas de carrapatos. Quando os primeiros casos surgiram, havia apenas cerca de uma dúzia de pessoas que sofriam dos efeitos. Mas hoje, existem mais de 5.000 casos apenas nos Estados Unidos. Mais casos foram observados na Suécia, Alemanha e Austrália, só que nos casos desses países europeus a alergia é provavelmente causada por outras espécies de carrapatos.
A alergia pode ser atribuída a um açúcar conhecido como alfa-galactose. Esse açúcar pode ser encontrado na carne vermelha, sendo que na grande maioria dos casos ela é digerida pelo organismo humano sem maiores problemas. O problema é que a mordida do tal carrapato produz uma resposta do sistema imunológico que faz com com que o corpo veja a quantidade de açúcar transmitida para a corrente sanguínea como uma substância estranha, produzindo anticorpos para combater essa atividade incomum. Isso faz com que a vítima desenvolva uma alergia a qualquer alimento que tenha esse açúcar, como as carnes vermelhas.
A “boa notícia” é que a alergia não costuma ser permanente. Por isso, basta que a vítima da mordida coma apenas frango, frutos do mar ou adote uma dieta vegetariana por dois ou três anos, que é o tempo necessário para que o corpo “volte ao que era antes”.
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