Em uma área que já serviu como base militar na cidade de Landi Kotal, no atual Paquistão, uma árvore é mantida acorrentada ao solo, como se estivesse sendo impedida de “escapar” daquele lugar. Existe até uma placa pendurada em seus galhos que cita os dizeres “estou presa”. Mas afinal, por que alguém acorrentaria uma árvore desse jeito?
A história conta que, em 1898, um oficial do exército britânico chamado James Squid estava sob os efeitos do álcool e pensou que a árvore estivesse balançando na direção dele. Sentindo-se “ameaçado” pela árvore, o oficial ordenou ao sargento que a prendesse. Curiosamente, o sargento seguiu as ordens do oficial e acorrentou a árvore, sendo que mesmo depois de mais de cem anos, ela permanece na mesma situação.
No entanto, acredita-se que existe um simbolismo ainda maior por trás dessa ação bizarra. Através deste ato, os britânicos que colonizavam o país na época basicamente informaram os membros da região de que, se eles ousassem agir contra a ocupação colonialista, eles também seriam punidos de uma maneira similar. Os próprios moradores locais sugerem que a árvore presa representa leis severas da chamada Regulamentação de Crimes de Fronteira (FCR), um conjunto de leis promulgadas pelos britânicos durante a era colonial com o objetivo de contrapor a oposição pashtun ao domínio britânico. Na prática, a lei permitia que o governo punisse coletivamente as famílias da região por crimes cometidos individualmente.
Surpreendentemente, as leis FCR ainda estão em vigor na subdivisão do noroeste do Paquistão conhecida como “Território Federal das Áreas Tribais”. A lei nega aos residentes locais o direito a um julgamento justo, contestando seus direitos a contrapor certas decisões, o direito à representação legal e o direito de apresentar provas fundamentadas. A lei ainda estabelece que os moradores podem ser presos sem especificar o crime e o governo federal tem o direito de confiscar a propriedade privada do acusado. Em outras palavras, o FCR é uma violação grosseira dos direitos humanos.
Em 2008, o então primeiro-ministro do Paquistão expressou o desejo de revogar o FCR, mas nenhum grande progresso foi feito. Quanto à árvore, ela permanece acorrentada da mesma forma até os dias atuais.
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