O pôster que você pode ver na imagem acima fazia parte de uma grande campanha do governo da China no final da década de 1950 que buscava erradicar as pragas responsáveis pela transmissão de pestes e doenças. Quatro pragas foram escolhidas para a erradicação: mosquitos, ratos, moscas e pardais, sendo que o combate massivo contra essa ultima criatura foi considerado o grande responsável por causar uma escassez de alimentos que deixou cerca de 50 milhões de pessoas mortas em apenas três anos.
A “Grande Campanha dos Pardais”, como ficou conhecida, era parte de um programa ainda maior chamado de “Grande Salto Adiante”, iniciado por Mao Tsé-Tung em 1958 para transformar a nação muito agrária em uma sociedade próspera através da industrialização rápida e a coletivização. Mas a propagação de doenças não era a única coisa que motivou o governo chinês a tentar extinguir essa espécie. Naquela época, os fazendeiros chineses reclamavam constantemente que os pardais viviam se alimentando dos grãos usados no plantio. Os conselheiros de Mao chegaram a calcular que um único pardal comia cerca de 4 quilos de grãos a cada ano, sendo que para cada 1 milhão de pardais mortos, haveria comida suficiente para 60 mil pessoas.
Com isso em mente, o governo chinês resolveu promover o massacre de pardais. Todos os métodos possíveis que existiam para matar esses pássaros foram empregados. Alguns eram baleados no céu e outros tinham seus ninhos destruídos, tendo os seus ovos jogados no lixo todos os dias. Outros pardais eram apanhados em redes e aqueles que conseguiam voar para longe acabavam sendo envenenados com comida e água contaminada.
Milhões de pessoas participavam ativamente do massacre dos pardais. Uma edição de um jornal de Shanghai na época informava que mais de 190 mil pardais chegaram a ser mortos em um único dia! Para incentivar as pessoas a participar da matança, foram realizados concursos entre funcionários do governo e crianças em idade escolar, de modo que alguns prêmios eram concedidos para aqueles que entregavam o maior número de pardais mortos. O movimento tornou-se uma espécie de esporte, pelo menos para as crianças, que participavam com grande entusiasmo. Acredita-se que nos três anos seguintes aproximadamente um bilhão de pardais foram mortos.
O problema é que toda essa matança de pardais acabou afetando o equilíbrio natural do ecossistema. Com o seu predador primário praticamente extinto na região, os insetos acabaram se multiplicando cada vez mais, destruindo as colheitas e consequentemente fazendo o rendimento do arroz diminuir drasticamente. Sem arroz suficiente, a população chinesa sofreu um enorme colapso alimentício. Para se ter uma ideia, entre 20 a 50 milhões de pessoas morreram de fome nesse período.
A ilusão de que o homem poderia mandar na natureza era uma das filosofias mais desafiadoras de Mao, o que no final das contas deixou um legado devastador na China. Esse fatídico episódio serve como uma lição para a humanidade até hoje, mostrando o que pode acontecer quando mudanças desleixadas são feitas em um ecossistema.
Um triste episódio, não é mesmo? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!