Todos conhecemos a história de Candance, a adolescente esquizofrênica cujo maior desejo era de que alguém acreditasse nela. Esta não é a história por trás do desenho, mas sim de um produtor insano que deu vida a um episódio piloto cruel. Até hoje não se sabe se este episódio teve autorização para ser produzido ou se foi um tipo de criação independente, porém o mesmo foi veiculado no site oficial da Disney. Eu sei porque fui testemunha, eu o assisti quando tinha apenas 13 anos.
Me chamo Jonas, hoje tenho 25 anos e pela primeira vez tenho coragem de relatar o que vi. Quando pequeno, era completamente viciado na animação Phineas e Ferb, assistia a todos os episódios que passavam na televisão, tinha todos os produtos em meu quarto e passa meus dias imerso nos três meses de férias que passam de presa e curtir é a prioridade. Meus pais inclusive não aguentavam mais essa música, 2007 foi um ano difícil para eles.
Quando não estava brincando com minhas pelúcias de Phineas e Ferb ou assistindo televisão, estava no site da Disney em busca de novos conteúdos especiais e foi num desses momentos que, infelizmente, um tipo de pop-under apareceu na tela. Daqueles bastante chamativos, lembro que dizia: clique aqui para mais conteúdo exclusivo, assista o episódio piloto nunca antes divulgado!
Com cede de novidade, é obvio que cliquei sem nem pensar duas vezes. Então, fui direcionado para uma página escura, muito escura. Ao centro, havia um player e a seguinte mensagem: Se iniciar, não há como parar. Não levei a sério, estava ansioso demais para assistir ao dito episódio piloto jamais antes divulgado. É claro que dei play sem nem pensar duas vezes. Então a música começou, mas desta vez era diferente.
A trilha de abertura estava diferente, era o mesmo ritmo, porém não dava para compreender o que o cantor dizia. É claro que eu sabia a letra decorada, porém parecia distorcido. A animação também estava diferente. Ninguém sorria ou parecia feliz, isso além de estar em preto e branco. Passando a abertura, a cena mostra Candace sentada em um canto num quarto branco, não há nada nas paredes ou no teto além de uma superfície que parecia acolchoada. Ela estava de branco e tudo era muito estranho.
O rosto dela não aparecia e tudo o que se ouvia eram soluços. Então a cena muda para Phineas e Ferb sentados do lado de fora de uma porta, também branca, como se estivessem aguardando por Candace do lado de dentro. Foi quando os pais chegam, com expressão triste e cabisbaixa. Eles se abaixam para ficar próximos dos filhos e os abraçam. Agora, podemos ver que Phineas está com o rosto totalmente machucado, cheio de arranhões e roxos, enquanto Ferb está com um dos braços quebrados.
Durante o abraço, o som de choro surge forte, então entendemos que todos estão chorando, com profundo pesar e tristeza. Então, aparece o malvado Doofenshmirtz com um tipo de injeção. Ele diz com o olhar maléfico, como se estivesse muito satisfeito pelo que em breve proferiria: Vocês não têm opção, precisam pensar no que é melhor para os seus filhos menores. Ela é uma ameaça e ameaças precisam ser extintas.
A mãe então concorda, afinal precisa proteger a maioria de seus filhos. É o lógico a se fazer, diz o pai. Todos entram na sala. Ela não irá sentir nada, diz Doofenshmirtz que venda a pobre Candace, então injeta a substância misteriosa que a faz gritar e urrar de dor. Então começa a tremer até que finalmente aquele show de horrores termina. Todos ficam chocados, afinal, aquela deveria ser uma eutanásia indolor, humana, e foi totalmente o inverso.
Incrédulos e congelados, todos olham para o doutor apavorados. Então chega Perry, o Ornitorrinco com inscrições que revelavam o maquiavélico plano de Doofenshmirtz no qual ele medicava e simulava a esquizofrenia de Candace para destruir a família de Perry, o Ornitorrinco. A porta da sala se tranca e Perry começa uma luta com o doutor pela vida de seus amados familiares. Phineas e Ferb estão no canto gritando e tremendo de medo enquanto seus pais tentam protege-lo.
Doofenshmirtz surge com um tipo de faca de um compartimento secreto e a câmera sai da sala, deixando apenas a visão de uma pequena janela de vidro na porta de entrada. A última coisa que vi foi uma gigantesca mancha de sangue, isso além de ouvir uma série de gritos aos quais não fui capaz de identificar. Nunca soube quem morreu ou quem matou. O episódio simplesmente terminou e meu computador foi reiniciado.
Naquele momento eu tremia, fiquei gelado como pedra, sem saber para onde ir. Fui até meu quarto e juntei tudo o que pude da animação, coloquei em um saco e pedi que minha mãe doasse para a caridade. Nunca mais quis nem saber do desenho, tudo o que eu tive foi pesadelo ano após ano até finalmente esquecer daquela densa atmosfera, daquele episódio macabro, daquele personagem terrível.