O prédio que abriga a Assembleia Legislativa da Bolívia na Plaza Murillo, no centro de La Paz, possui um relógio tão peculiar que parece estar sendo refletido em uma imagem espelhada. Isso porque as posições dos numerais na face do relógio são invertidas e o próprio relógio é executado no sentido anti-horário. O edifício, que foi erguido durante a década de 1920 e originalmente destinado a servir como sede do banco central da Bolívia, apresentava um relógio normal até 2014, quando acabou sendo “invertido”. Mas afinal, por que o governo boliviano resolveu inverter a ordem do ponteiro desse relógio?
Segundo David Choquehuanca, ministro das Relações Exteriores da Bolívia, a mudança foi feita para que os bolivianos “valorizassem a sua herança e ajudassem as massas a se identificar mais de perto com as suas raízes indígenas”. Os dois principais grupos indígenas do povo boliviano, os aimarás e os quéchuas, são os únicos no mundo ao ver o passado à sua frente e o futuro por trás deles.
De fato, a direção do movimento dos ponteiros dos relógios como conhecemos não foi escolhida arbitrariamente, mas sim como uma forma de se basear no relógio de sol. No hemisfério norte, a sombra de um relógio de sol corre no sentido horário, enquanto no hemisfério sul ela se move no sentido anti-horário, tornando o relógio da La Paz uma representação do movimento natural das sombras no hemisfério sul. O relógio que usamos no nosso dia a dia foi criado no hemisfério norte, por isso ele segue o padrão do que chamamos de “sentido horário”.
Quando o novo relógio foi instalado, muitos moradores de La Paz acharam que aquilo seria um erro. Outros, no entanto, comemoraram a mudança. Vale destacar que desde que o Evo Morales se tornou presidente do país em 2006, várias medidas voltadas ao incentivo da herança cultural indígena da Bolívia foram tomadas, de modo que o relógio que gira no sentido anti-horário é uma delas.
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