Qualquer pessoa, em qualquer idade, em qualquer ocasião, adora comer chocolate. De fato, o chocolate não é apenas um alimento universal, mas também um objeto de desejo mundial. Mas você já se perguntou por que nós, seres humanos, simplesmente não conseguimos ficar longe de um pedaço de chocolate? Por que será que esse alimento nos deixa tão dependentes do seu sabor?
Obviamente, o seu gosto delicioso pode ser uma resposta simples, mas certamente deve haver algo mais do que apenas uma séria falta de autocontrole que nos mantêm em uma constante busca pela barra favorita, não é mesmo? Pois bem, ao longo desse post, nós vamos explorar a composição do chocolate para tentar entender por que ele é tão viciante.
O curioso apelo sensorial dos chocolates
Praticamente todos os chocolates apresentam um certo apelo quimiossensorial. Sendo assim, desde os compostos químicos presentes na sua composição até os detalhes impressos na embalagem do produto, fazem com que o chocolate seja um pacote completo de características capazes de aumentar o desejo dos consumidores. De fato, esse alimento usa uma combinação absolutamente perfeita quando o assunto é atrair qualquer indivíduo: açúcar e gorduras.
Vale destacar que o chocolate também contém manteiga de cacau (em maiores quantidades no chocolate branco), o que proporciona uma agradável sensação oral, pois derrete à temperatura ambiente. Desse modo, a sensação de satisfação que sentimos quando damos uma mordida no chocolate e experimentamos ele derreter imediatamente na boca é um prazer aparentemente universal. A textura do chocolate, juntamente com o seu aroma, faz com que seja uma escolha muito “fácil” para a ingestão.
Compreendendo as propriedades químicas do chocolate
Um pedaço de chocolate nunca é suficiente, então qualquer pessoa logo se vê devorando a barra inteira. Na prática, isso acontece porque o chocolate contém xantina e teobromina, que possuem propriedades viciantes. Para se ter uma ideia, uma barra típica contém cerca de 92 mg de teobromina (197 mg/100 g). A teobromina também é encontrada em alguns chás e no café, mas o chocolate é a sua fonte mais abundante.
O chocolate também contém tiramina e feniletilamina, que são aminas biogênicas que causam excitação e um aumento dos níveis de glicose e pressão sanguínea, consequentemente aumentando as sensações de prazer e satisfação do indivíduo. A feniletilamina também é referida como uma “droga do amor”, pois tem a capacidade de acelerar a pulsação, promovendo uma sensação semelhante à de se apaixonar. De fato, essa também é a razão pela qual os chocolates são usados como presentes, especialmente no dia dos namorados.
O chocolate também contém magnésio, que pode ser um outro indutor de desejos, pois o corpo humano sempre deseja compensar a deficiência desse mineral. No fim das contas, o fato é que o chocolate contém aproximadamente 380 produtos químicos conhecidos, de modo que é espantosa a quantidade desses compostos que podem desencadear nossos neurotransmissores mais complexos.
Tá, mas o que realmente torna os chocolates viciantes?
Assim como drogas como o ópio, que nos faz sentir euforia, os chocolates desencadeiam a produção de opiáceos naturais no cérebro. Esses opiáceos naturais nos dão uma sensação de bem-estar e nos colocam em um certo “estado de transe”. De fato, o pesquisador Adam Drewnowski, da Universidade de Michigan, descobriu que, se a parte do nosso cérebro que desencadeia a liberação de opiáceos naturais fosse bloqueada, nós diminuiríamos consideravelmente a ingestão de chocolate.
Outros pesquisadores também chegaram a encontrar certas “imitações de canabinoides” no chocolate. Canabinoides são substâncias que agem como a maconha. De fato, a maconha contém um composto químico ativo chamado THC (tetra-hidrocanabinol) que se liga aos receptores no cérebro, fazendo com que o indivíduo se sinta bem “tranquilão”. Os produtos químicos do chocolate agem de forma semelhante ao THC, ajudando na produção do “hormônio da felicidade e do bem-estar” no cérebro, chamado dopamina, um neurotransmissor.
O chocolate também contém um composto já produzido em nosso cérebro chamado anandamida. Como a anandamida já é produzida naturalmente em nosso cérebro, a anandamida presente no chocolate prolonga ainda mais a sensação de felicidade, contribuindo ainda mais para o nosso vício em chocolates.
Curiosamente, as mulheres tendem a gostar mais de chocolate do que os homens
Uma correlação entre o ciclo menstrual e o aumento dos desejos pelo chocolate pode ser amplamente observada nas mulheres. Como todas as mulheres devem concordar, é mais provável que elas anseiem por chocolates durante o período pré-menstrual do mês. Pesquisadores acreditam que isso acontece porque as mulheres experimentam hipoglicemia (baixos níveis de açúcar) quando se aproximam da menstruação, fazendo com que o corpo entenda que os chocolates podem ajudar a equilibrar esses níveis de açúcar.
Curiosamente, tais desejos das mulheres por esse alimento também podem ser algo culturalmente condicionado. A tendência do desejo das mulheres por chocolates é mais comum nos EUA, o que pode resultar do fato de que o chocolate é amplamente comercializado para as mulheres americanas como uma maneira de lidar com as emoções negativas ou para simplesmente “fugir de todas as preocupações”. Tanto é que você já deve ter visto em algum filme uma cena em que uma mulher devora grandes quantidades de chocolate após uma desilusão amorosa, por exemplo.
De fato, um estudo de 2004 descobriu que os desejos pré-menstruais variavam de acordo com a cultura, tanto é que foi constatado que, embora o chocolate fosse o alimento mais desejado nos EUA para os “momentos difíceis”, as mulheres japonesas desejavam nas mesmas circunstâncias coisas mais tradicionais do seu país, como arroz e o sushi.
Uma palavra final
Para finalizar, vale destacar que essa delícia também pode trazer benefícios para a nossa saúde. Os chocolates (especialmente os do tipo amargo) contêm flavonoides, que são substâncias de origem vegetal que têm efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios. Esses compostos podem ajudar a diminuir o colesterol não saudável (LDL), melhorar o fluxo sanguíneo e até diminuir a resistência à insulina.
Além disso, um estudo realizado na Itália constatou que o cacau possui propriedades protetoras do cérebro, pois ajudou pacientes com menor comprometimento cognitivo a ter um melhor desempenho em suas funções mentais. Isso não significa que o cacau ajuda diretamente na prevenção da demência, por exemplo, mas mostra uma forte correlação que o coloca como um suposto combatente de problemas mentais.
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