À medida que as temperaturas caem e o outono passa a dar lugar às neves aparentemente inesgotáveis do inverno, alguns animais nativos das regiões mais frias do planeta costumam trocar a sua pelagem ou plumagem característica do verão para uma mais branca e propícia ao tempo frio. Ao contrário de muitos animais brancos associados ao norte, como ursos polares e corujas brancas, que são brancos o ano todo, essas criaturas específicas mudam de cor apenas durante os meses de inverno.
Por que isso acontece? Bem, ainda não está totalmente claro, embora muitos especialistas acreditem que tal camuflagem seja um fator evolutivo selecionado para um “branqueamento sazonal” que pode trazer algumas vantagens durante esse período mais frio. A teoria mais aceita diz que uma pelagem mais pálida pode ter melhores propriedades isolantes, o que ajuda bastante em ambientes hostis como a região do ártico.
Na lista que você vai conferir a seguir, apresentamos alguns animais que adotam uma coloração branca apenas durante os meses de inverno. Confira!
6. Lebre
A pelagem de várias espécies de lebres, incluindo a lebre-do-ártico (Lepus arcticus), a lebre-da-Eurásia (Lepus timidus) e a lebre-americana (Lepus americanus), passam do marrom ou acinzentado para a cor branca no inverno. Acredita-se que a mudança de cor esteja pelo menos parcialmente ligada ao fotoperíodo, ou seja, aos níveis de quantidade de luz recebida durante o dia. À medida que os dias diminuem, como acontece no inverno, os receptores na retina transmitem essas informações ao cérebro da lebre, estimulando a substituição de cabelos castanhos para brancos, começando pelas extremidades.
Vale destacar que alguns especialistas acreditam que o aquecimento global pode ser uma grande ameaça à sobrevivência desses animais, pois ao reduzir a cobertura de neve, esse fenômeno climático ocasiona alterações no habitat desses animais, deixando-os mais vulneráveis aos ataques de possíveis predadores.
5. Doninha
Três espécies de doninhas são capazes de trocar suas pelagens marrons características dos dias quentes de verão por uma coloração branca para os dias gelados do inverno. Essas espécies incluem a doninha-anã (Mustela nivalis), a doninha de cauda longa (Mustela frenata) e a doninha de cauda curta (Mustela erminea). Esta última espécie é mais conhecida como “arminho”, e chama a atenção pelo fato de que, embora o seu pelo fique todo branco no inverno, a ponta da sua cauda permanece preta.
Vale destacar que algumas doninhas que vivem em regiões mais ao sul geralmente não mudam de cor, embora seus parentes mais ao norte o façam. Outra curiosidade interessante é que, especialmente nas zonas de transição, algumas doninhas mudam de cor apenas parcialmente, resultando em um pelo branco e marrom ao mesmo tempo. Curiosamente, já foi demonstrado que as doninhas que mudam de cor também são capazes de alterar a pelagem independentemente da temperatura ou localização.
4. Caribu de Peary
Subespécie de caribu nativa do Alto Ártico do Canadá e da Groenlândia, o caribu de Peary (Rangifer tarandus pearyi) troca seus casacos prateados característicos do verão por uma pelagem branca com a chegada do inverno. De fato, eles são as únicas subespécies de caribu que passam por esse tipo de processo.
É importante destacar que outras subespécies permanecem marrons ou cinzas o ano todo, embora algumas partes aleatórias até possam possam clarear um pouco mais a partir do crescimento de seus casacos de inverno. O caribu de Peary é a menor subespécie de caribu e, por causa de suas diferenças morfológicas, já foi considerado uma espécie separada.
3. Lemingue
Os lemingues do gênero Dicrostonyx, que compreende um número indeterminado de espécies, costumam trocar a pelagem marrom ou cinza nos meses mais quentes para um branco bem alvo quando as neves chegam. Vale destacar que esses animais pertencem a um gênero diferente dos lemingues mais comuns, que por sua vez permanecem com os pelos marrons durante todo o ano.
Curiosamente, os lemingues do gênero Dicrostonyx passam a maior parte do tempo escavando sob a neve, o que parece tornar desnecessária a camuflagem. Eles até cultivam garras especiais durante os meses de inverno, que consequentemente servem como extensões das pontas dos pés muito úteis quando se faz necessário cavar através dos montes para criar ninhos e alcançar os caules dos salgueiros do Ártico que servem de alimento para essas criaturas. Também vale mencionar que as peles desses animais foram usadas por pelos povos esquimós como enfeites de roupas por muitos anos.
2. Lagópode
Todas as espécies de lagópodes (um gênero de pássaros relacionados a galos silvestres, galinhas e faisões) costumam trocar a sua plumagem marrom por penas brancas durante os meses de inverno. O lagópode-de-cauda-branca (Lagopus leucura) fica totalmente branco, enquanto o lagópode-escocês (Lagopus lagopus) e o lagópode-branco (Lagopus muta) retêm algum penas pretas em suas caudas.
Também vale destacar que os lagópodes desenvolvem certas “botas brancas” para combinar com o seu visual de inverno, de modo que a cobertura dos seus pés felpudos também os ajudam a caminhar sobre a neve com mais agilidade e estabilidade. Outra característica anatômica interessante são as bolhas de ar em suas plumagens de inverno que podem ajudar no isolamento térmico, pois dispersam a luz e fazem com que pareçam mais brancas do que outros pássaros brancos.
1. Raposa-do-ártico
As raposas-do-ártico (Vulpes lagopus) apresentam uma coloração tipicamente cinza no meses de verão, mas totalmente branca durante o inverno. Estranhamente, as populações costeiras do Alasca e do Canadá possuem uma cor cinza ardósia e clarificam apenas um pouco dos seus pelos durante o inverno. Além disso, algumas delas foram introduzidas nas Ilhas Aleutas artificialmente por caçadores de peles, que podiam cobrar mais dinheiro por seus casacos de cores incomuns.
Outro fato curioso sobre esse animal é que, entre os seus principais predadores, está a sua própria “prima”, a raposa-vermelha (Vulpes vulpes). Acredita-se que as mudanças climáticas no planeta tenham sido as principais responsáveis por isso, pois elas permitiram que a raposa-vermelha se movesse de forma mais agressiva para o domínio gelado da raposa-do-ártico, superando-a na busca por comida e tornando-se uma grande predadora da sua parente.
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