Basta uma rápida pesquisa para percebermos que o carvão na Terra, responsável por boa parte das necessidades de energia do planeta, está acabando a um ritmo considerável. Por isso, não é preciso ser nenhum gênio para concluir que devemos encontrar um substituto o mais rápido possível. Certamente, ainda temos diesel, gasolina e gás natural, mas esses recursos também não são infinitos, o que consequentemente levanta várias questões envolvendo fontes renováveis de energia.
Nas últimas duas décadas, várias pessoas têm tentado usar fontes de energia renováveis como nossos principais fornecedores de energia. Por exemplo, o sol está disponível diariamente em quase todos os lugares da Terra e atualmente é uma das opções mais atraentes quando o assunto é a geração de energia. De fato, é bastante surpreendente o fato de que conhecemos a energia solar há milênios, mas só recentemente passamos a aproveitar essa energia de alguma forma.
Sendo assim, por que não aproveitamos essa fonte de energia limpa, segura e barata em nossos carros? Por que a energia solar ainda não se popularizou entre os nossos veículos? Ao longo desse post, você vai ver que existem certos empecilhos que ainda devem ser superados para a popularização massiva da energia solar no mundo automotivo.
Analisando o potencial da energia solar
Jan Ingenhousz, um físico holandês, foi a primeira pessoa a descobrir a fotossíntese nas plantas. Ele concluiu que as plantas tinham clorofila, um tipo de pigmento que absorvia a luz solar e usava essa energia luminosa, juntamente com o CO2 atmosférico, para preparar o alimento dos vegetais. Embora tenha sido uma descoberta incrível para a botânica da época, o fato é que Ingenhousz mal sabia que os seus estudos também iriam pavimentar o caminho para a utilização da energia solar anos mais tarde.
Em 1839, Edmond Becquerel, um cientista francês, observou que certos materiais produziam eletricidade quando eram expostos à luz. No entanto, sua descoberta só foi colocada à prova após quase 100 anos, quando Russell Ohl criou a primeira célula solar em 1941. Inicialmente, a célula solar tinha uma eficiência muito baixa e não era considerada uma fonte viável de geração de eletricidade, mas nos anos recentes a coisa toda tem mudado consideravelmente.
Para efeito estatístico, o módulo solar mais eficiente atualmente converte cerca de 21,5% da energia solar recebida em eletricidade, o que já é um grande avanço. Só que, mesmo assim, a coleta de energia solar ainda está em um estágio inicial de desenvolvimento. De fato, ainda temos muito mais a aprender e a experimentar neste campo, embora já haja um consenso no meio científico de que essa fonte natural tem um tremendo potencial.
Para se ter uma ideia, o sol nos atinge com quase 173.000 terawatts de energia a qualquer momento, o que corresponde a quase 10.000 vezes a necessidade total de energia da Terra! Apesar de toda a perda envolvida no processo, o fato é que se uma única hora de radiação solar pudesse ser totalmente aproveitada, isso já seria suficiente para energizar o mundo todo por um ano inteiro! Ou seja, a energia solar tem potencial de sobra.
Se existe tanto potencial na energia solar, por que não a utilizamos em nossos carros?
Cientistas de todo o mundo estão muito animados com a perspectiva de usar a energia solar e uma infinidade de aplicações que foram projetadas para funcionar através painéis solares. Muitos até já usam a energia solar para alimentar lâmpadas, relógios, carregadores de celular e inúmeros outros produtos, mas nenhum deles obteve sucesso o suficiente para ser comercializado e substituir amplamente os produtos já existentes.
Basicamente, a questão é que, por mais que exista um grande desejo de incorporar essa fonte de energia em nossas vidas diárias, o fato é que existem limitações ao seu uso, especialmente quando isso envolve a produção de carros. Primeiramente, existem basicamente três tipos de painéis, dos quais os painéis solares monocristalinos são os mais eficientes, mas também são os mais caros. Por outro lado, os painéis de filme fino são os mais baratos, porém são bem menos eficientes. Assim, dependendo do tipo de painel solar usado, a quantidade de eletricidade gerada variará significativamente.
Outro problema é que os painéis solares ocupam uma grande quantidade de espaço. Para se ter uma ideia, um carro comum tem uma área de 6 m² no teto, que por sua vez pode gerar entre 50 e 150 W, o que é suficiente para acender apenas uma lâmpada! Além disso, as células fotovoltaicas não são permanentes. Elas se degradam a uma taxa de 0,5% após o primeiro ano de uso. Sendo assim, ainda existe muita controvérsia sobre o que pode acontecer se as células solares se degradarem bastante com a ação do tempo.
Um fator que também merece destaque é que, diferentemente do que muita gente pensa, a temperatura moderada do sol é a ideal, pois temperaturas extremamente altas podem reduzir a eficiência dos painéis solares. O problema aqui é que os carros devem funcionar em todas as condições climáticas possíveis. Portanto, se um painel solar limitar a funcionalidade do carro, a sua utilização se tornará praticamente inútil.
Ou seja…
Basicamente, os carros movidos a energia solar ainda não são totalmente viáveis porque gerar eletricidade a partir de painéis solares não é uma tarefa tão fácil quanto parece. Considerando a eficiência dos painéis para atender às necessidades dos carros, não é preciso pensar muito para perceber que precisaríamos de painéis muito mais eficientes do que os disponíveis no mercado atualmente.
Além dos problemas de design que nos impedem de usar eficientemente os tetos solares em carros, também há a questão dos custos dos painéis, juntamente com a complexidade dos eletrônicos que os carros podem exigir. Os painéis solares requerem uma quantidade considerável de área para produzir energia significativa e também são caros, sem falar que contam com uma eficiência de no máximo 46%. Portanto, ainda não são a opção mais popular para alimentar o motor de um carro.
Obviamente, os veículos movidos a energia solar certamente serão o futuro, mas esse futuro pode não estar tão próximo assim. Obviamente, à medida que o custo dos painéis solares cai e sua eficiência aumenta, as coisas poderão parecer muito “mais brilhantes” para esta opção alternativa e sustentável. Mas isso só deverá acontecer a médio e longo prazo.
Interessante, não é mesmo? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!