Estamos no fim de 2019 e é possível notar a existência de vários problemas que assolam o planeta de muitas formas diferentes. Por exemplo, secas e fome, aquecimento global e poluição excessiva, desmatamento e perda de habitat, crises de extinção de espécies, desemprego generalizado e enfraquecimento econômico são alguns dos problemas mais recorrentes. No entanto, o que pouca gente não percebe é que existe um denominador comum que une todos esses problemas: a explosão da população humana.
Por causa disso, alguns especialistas acreditam que a redução da população global poderia resolver muitas dessas questões. No entanto, o fato é que o crescimento exponencial da população é natural para qualquer espécie do planeta. Em outras palavras, tudo evolui para se propagar, de modo que a maioria dos sistemas naturais é voltada para a reprodução e o aumento das espécies. Então, afinal de contas, será que a população mundial vai parar de crescer algum dia?
Como podemos analisar o crescimento da população humana?
Seja na forma de predadores ou através de recursos limitados, sempre existe um mecanismo para conter a superpopulação através do equilíbrio da proporção de nascimentos e mortes. No entanto, os humanos têm uma taxa de nascimento/morte altamente distorcida, girando na casa dos 2,5 nascimentos para cada morte na taxa atual. As estatísticas estimam que todos os dias ocorrem cerca de 400.000 nascimentos e 150.000 mortes, o que se traduz em um aumento da população de cerca de 250.000 pessoas por dia, ou 90 milhões por ano!
Nosso acesso à saúde é um dos principais fatores (além da evolução, cognição e ética) que ditam essa tendência. Os cuidados com a saúde fizeram com que as nossas vidas passassem a ser mais longas e saudáveis. Portanto, nossa curva de crescimento é mais íngreme (ou mais rápida) do que a curva encontrada na maioria dos outros sistemas naturais. No entanto, nossa curva se endireitará em breve? Existe um limite capaz de definir até quanto podemos crescer?
Segundo muitos especialistas, é possível notar que a população humana tende a crescer a uma taxa cada vez menor. Ao longo da história, as explosões populacionais nunca duraram para sempre e isso também pode ser aplicado no contexto da sociedade humana. Na década de 1700, as taxas de crescimento eram estáveis e o tamanho da população era baixo. Naquela época, havia uma alta proporção de bebês que morriam logo após o nascimento ou no início de sua infância, sem falar que a expectativa de vida era de míseros 35 anos na Inglaterra vitoriana.
No entanto, à medida que a saúde e a agricultura se desenvolveram, mais crianças passaram a crescer e a chegar na idade reprodutiva, fazendo com que o boom da população começasse a marcar presença no início dos anos 1900, atingindo o pico na década de 1960. Com as taxas de fertilidade caindo nos últimos anos, a boa notícia é que o nosso crescimento já diminuiu de 2% na década de 1960 para cerca de 1,14% em 2014 e 1,08% em 2019-20.
O que significa na prática essa tal “redução da taxa de fertilidade”?
A taxa de fertilidade se refere ao número médio de filhos que uma mulher tem na vida, o que é diferente da taxa de nascimento. Desse modo, uma diminuição na taxa de fertilidade indica que, em todo o mundo, as mulheres geralmente têm tido menos filhos.
Três fatores principais contribuem para essa tendência nos dias de hoje: em primeiro lugar, menos mortes infantis levam as mulheres a ter menos bebês ao longo da vida; em segundo, há um maior acesso a métodos contraceptivos nos dias de hoje, o que por sua vez reduz o número de concepções acidentais. Por fim, há também o fato de que mais mulheres estão inseridas no mercado de trabalho, sendo que muitas delas afirmam não encontrar tempo disponível para dedicar a uma gestação.
Além disso, ter uma vida útil mais longa se traduziu no envelhecimento do mundo. Hoje, a faixa etária que mais cresce é a de 65 anos ou mais. Segundo um estudo da ONU divulgado em 2018, o número de pessoas com 65 anos ou mais excedeu o número de crianças com menos de 5 anos em todo o mundo pela primeira vez na história! Eles também esperam que o grupo as pessoas com 80 anos ou mais triplique em 2050. Com uma população mais velha, a proporção de adultos em idade reprodutiva também tende a cair, impactando na taxa de fertilidade.
Como o planeta possui recursos limitados, ele não pode sustentar números além de um certo limite, mas os cientistas ainda não conseguem estipular esse limite. Isso se deve à discrepância no uso de recursos por diferentes populações e a muitos cenários possíveis de mudanças no estilo de vida e o uso de tecnologias sustentáveis ao longo do tempo.
Tá, mas a população mundial vai parar de crescer algum dia ou não?
Com tudo o que vimos aqui, é possível dizer que a população mundial tende a crescer a um ritmo cada vez mais lento, mas ainda é praticamente impossível pensar que ela vai parar de crescer algum dia. Também é importante levarmos em conta o fato de que a distribuição de todos esses fatores é altamente desigual, diferindo bastante entre centros urbanos em países de baixa renda com os centros urbanos em países mais ricos e as áreas rurais. Por fim, alterar a taxa de crescimento populacional é um processo gradual.
Essa tendência de crescimento está tão arraigada no momento que, mesmo que o mundo inteiro empregasse uma política de filho único, como a China fez no século passado, ou se 2 bilhões de pessoas morressem amanhã, até 2100 ainda haveria tantas ou mais pessoas no planeta quanto hoje! Portanto, uma mudança gradual no estilo de vida mundial pode garantir uma melhor chance de sobrevivência para a raça humana do que necessariamente a interrupção do seu crescimento.
Mesmo com as taxas de crescimento decrescentes, espera-se que a população global atinja a marca dos 11 bilhões de pessoas até 2050, que por sua vez é muito superior à marca dos 7,7 bilhões atuais. Por isso, devemos ter cuidado com o modo como administramos nossas vidas, pois se todos nós passarmos a viver estilos de vida mais sustentáveis e com menos recursos, mais pessoas na Terra poderão viver com uma qualidade de vida melhor.
Além disso, é importante destacar que não somos as únicas espécies do planeta, portanto, a biodiversidade da Terra também depende de um delicado equilíbrio entre recursos e interações com outros seres vivos.
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