James Bond é indiscutivelmente um dos agentes especiais mais populares da cultura pop. Desde a publicação inicial do primeiro romance de Ian Fleming em 1953 e o lançamento do filme oficial de estreia em 1962, Bond tornou-se um ícone mundial em termos de estilo de vida, equipamentos e sofisticação. Mas você sabia que ele foi inspirado em uma pessoa real que sequer nasceu na Grã-Bretanha?
Ao longo desse artigo, nós vamos explorar a história de Dusko Popov, o agente secreto que serviu como inspiração para a criação do personagem James Bond.
A inspiração para a criação de James Bond
Durante a Segunda Guerra Mundial, Ian Fleming foi o assistente especial da Direção de Inteligência Naval da Grã-Bretanha e, como tal, participou de várias missões de espionagem. Nascido em uma família rica, durante sua juventude, Fleming havia tentado várias profissões diferentes antes de se tornar escritor.
Os romances de espionagem com James Bond foram escritos após a guerra. No entanto, Fleming admitiu posteriormente ter levado em conta suas experiências pessoais e as pessoas que conheceu durante a guerra para construir as histórias e características do personagem James Bond. Um desses encontros, que obviamente deixou uma ótima impressão em Fleming, ocorreu no Casino Estoril, em Portugal, em 1941. Na ocasião, um espião sérvio chamado Dusko Popov chamou a atenção de Fleming.
A biografia de Popov, escrita por Larry Loftis, descreve o momento em que Fleming observou em primeira mão o estilo do agente duplo. Foi em uma mesa de bacará, onde Popov apostou contra um adversário rico que havia fugido da Alemanha nazista. O evento ocorreu no Casino Estoril, que no romance de Fleming foi transformado no cenário impressionante retratado no Casino Royale.
Como oficial de inteligência, Fleming foi designado para acompanhar discretamente Popov como uma escolta do MI6, a agência britânica de inteligência. Popov carregava US $ 40.000 que pertenciam ao governo naquela noite. Posteriormente, Popov enfrentou seu oponente na mesa e provocativamente colocou os US $ 40.000 em cima da mesa, cerca de 10 vezes mais do que os ganhos anuais das pessoas no início dos anos 40. O cassino inteiro ficou em silêncio e o oponente de Popov se retirou do jogo, mostrando toda a perspicácia do apostador.
A intrigante vida de espião de Dusko Popov
Em síntese, o histórico de Popov explica como ele conseguia se sair em qualquer tipo de situação embaraçosa. Dusan, “Dusko” Popov nasceu na Iugoslávia (hoje Sérvia) em uma família abastada que lhe concedeu muitos privilégios. Ele recebeu uma educação de prestígio, se formou em direito e mais tarde fundou sua própria empresa. Além disso, ele falava fluentemente alemão e tinha várias conexões de alto nível na Alemanha, todas com um desprezo secreto pelos nazistas.
No início da Segunda Guerra Mundial, levando em conta a ideia de que a melhor maneira de derrotar seu inimigo é ficando perto dele, Popov, então oficial da inteligência da Iugoslávia, conseguiu emprego na Organização Alemã de Inteligência, Abwehr, como espião nazista. Desse modo, ao supor que ele era digno de confiança, a Abwehr o incluiu no treinamento de espionagem e deu a ele o codinome Ivan.
Então, quando o treinamento de Popov terminou e ele foi liberado para missões pelos nazistas, Popov foi para Londres e manifestou interesse em ajudar a Grã-Bretanha a derrotar as potências do Eixo. A princípio, as autoridades britânicas estavam bastante céticas, mas decidiram aceitar a proposta de Popov quando ele provou sua confiabilidade. Posteriormente, o agente recebeu o codinome “Tricycle”.
No fim, esse jogo duplo de Popov provou ser importante na derrota dos nazistas. Os alemães lhe forneciam pedidos para obter informações dos ingleses. Então, os ingleses davam a Popov informações erradas para relatar à Alemanha, o suficiente para manter os nazistas certos de que estavam comandando um espião bem-sucedido, mas sem noção das verdadeiras operações-chave dos Aliados.
O legado do “James Bond da vida real”
No geral, a maior contribuição de Popov para a guerra foi convencer os alemães de que a invasão aliada da Europa não ocorreria na Normandia, mas em Calais. Em suma, isso causou um desvio de muitas das forças de Hitler para longe das praias onde as tropas britânicas e americanas desembarcariam mais tarde. De fato, o cara era tão bom que os alemães nunca duvidaram da confiabilidade de Popov, embora ele estivesse constantemente sabotando suas ações.
No entanto, havia uma nação com a qual Dusko Popov parecia não ganhar a confiança: os EUA. Em 1941, a Abwher enviou Popov à América para coletar informações e estabelecer uma rede de espiões. Em solo americano, Popov visitou o FBI e alertou seus agentes sobre o interesse do inimigo em suas defesas. Porém, ao contrário das expectativas de Popov, o diretor do FBI se recusou a acreditar nessas informações, pois tinha o costume de desconfiar de estrangeiros.
Depois de um tempo, Dusko Popov percebeu que o FBI não iria cooperar com ele. Mas isso não o impediu o “verdadeiro James Bond” de usar o dinheiro dado pelos nazistas para festejar com celebridades e esquiar em resorts.
No fim, a maior ironia do charmoso e implacável espião foi o fato de Popov se tornar o único indivíduo do pós-guerra a receber tanto a Ordem do Império Britânico quanto a Cruz de Ferro alemã. Popov morreu em 1981, após problemas relacionados ao consumo excessivo de álcool e cigarros. Curiosamente, Ian Fleming o havia predestinado anos antes, morrendo de ataque cardíaco em 1964.
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