A história da humanidade é marcada por inovações e descobertas que desempenharam um papel crucial em nossa evolução ao longo dos milênios. Recentemente, uma evidência notável surgiu no Mediterrâneo Oriental: a revelação da primeira tinta vermelha feita a partir de plantas. Esta descoberta foi possível através da análise de contas de conchas e outros artefatos antigos, revelando um uso inovador de plantas na produção de pigmentos vermelhos.
As contas de conchas, datadas de 15 mil anos, foram encontradas na caverna Kebara, situada no Monte Carmelo, em Israel. Utilizando técnicas avançadas de espectroscopia de alta tecnologia, os arqueólogos conseguiram identificar que o pigmento vermelho presente nas contas provinha das raízes das plantas pertencentes à família Rubiaceae, também conhecidas como garanças.
Os criadores dessa tinta vermelha eram membros da cultura natufiana, um grupo de caçadores-coletores que habitavam a região do Levante, que incluía territórios como Israel, Jordânia, Líbano, Síria e os territórios palestinos. Os natufianos foram pioneiros na adoção de estilos de vida mais sedentários e já demonstravam o uso de plantas para diversos fins, incluindo a produção de pigmentos.
Embora o significado exato do uso da tinta vermelha na cultura natufiana tenha se perdido ao longo do tempo, a descoberta sugere que havia uma crescente necessidade de expressão criativa à medida que as sociedades humanas evoluíam. O uso ornamental desses corantes orgânicos pode ter marcado uma transição na maneira como as culturas natufianas se expressavam artisticamente.
Até esta descoberta, os primeiros exemplos conhecidos de pigmento vermelho de origem vegetal remontavam a cerca de 6 mil anos atrás. No entanto, os seres humanos têm uma longa história de utilização da cor vermelha em suas expressões artísticas, muitas vezes empregando pigmentos obtidos de minerais e plantas. A escolha da garança como fonte de pigmento vermelho pelos natufianos perpetuou-se ao longo da história, sendo encontrada em locais notáveis, como o túmulo do rei Tutankamon e obras de artistas famosos, como Vincent van Gogh.
A descoberta da primeira tinta vermelha feita de plantas por caçadores-coletores da cultura natufiana no Mediterrâneo Oriental há 15 mil anos é um testemunho da criatividade e da capacidade humana de inovação ao longo da história. Ela destaca a importância das tintas naturais na expressão artística e cultural das sociedades antigas. Além disso, essa descoberta nos lembra que, apesar das dificuldades e desafios que essas culturas enfrentaram, o passado era, de fato, mais colorido e diversificado do que muitas vezes imaginamos.